CAPÍTULO 13

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"...e todos falavam que ele era um homem que preservava sempre o espírito de Natal, se é que algum homem sabe como fazer isso. Que o mesmo possa ser dito de todos nós! E, como dizia o pequeno Tim, que Deus nos abençoe a todos!"

Ao erguer os olhos quando terminou de ler Um conto de Natal, Jimin viu os rostos arrebatados das crianças, seus olhos brilhavam. Houve então um breve silêncio, o prazer compartilhado de uma história maravilhosa com um toque de pesar por ter chegado ao fim.

E em seguida todos foram se levantando, andando pela sala, os rostos melados de leite e migalhas de biscoito, as pequenas mãos batendo palmas com entusiasmo. Havia dois pestinhas em seu colo, e um abraçava seu pescoço por trás da cadeira. Jimin levantou a cabeça quando Jeon Jungkook se aproximou dele.

Seu coração disparou, e ele sabia que sua falta de ar não tinha nada a ver com os pequenos braços apertados ao redor do seu pescoço. Jungkook observou que ele tinha as roupas desarrumadas e o cabelo bagunçado.

- Muito bem - murmurou ele. - Você fez com que todos nós experimentássemos o sentimento de Natal.

- Obrigado - sussurrou Jimin, tentando não pensar nas mãos dele na sua pele, na sua boca...

- Preciso falar com você.

Jimin, então, tirou cuidadosamente as crianças do colo e soltou os braços que envolviam o seu pescoço. Levantando-se para falar com ele, tentou em vão endireitar os cabelos e alisar a calça. Ele respirou fundo, mas sua voz saiu com uma desalentadora falta de força.

- Eu... eu não vejo como algo bom poderia vir de uma conversa nossa.

O olhar de Jungkook era quente e direto.

- Mesmo assim, vou falar com você.

As palavras da carta dele passaram pela sua mente.

Quero beijar cada parte macia do seu corpo...

- Por favor, não agora - sussurrou Jimin, com o rosto vermelho e um nó cada vez maior na garganta. Ao perceber os sinais de sua angústia, Jungkook cedeu.

- Amanhã?

Preciso muito de você...

- S-sim - disse o ômega com dificuldade.

Então, compreendendo como sua presença o afetava, Jungkook acenou ligeiramente a cabeça; tinha o maxilar tenso. Havia dezenas de coisas a dizer, as palavras pairavam com impaciência nos seus lábios, mas algo - compaixão ou piedade, talvez - fez com que ele se controlasse.

- Amanhã - repetiu Jungkook calmamente, e o deixou.

[...]

As babás vieram recolher as crianças, e Jimin saiu para o corredor em um torpor de infelicidade.

Ninguém jamais lhe dissera que o amor poderia fazer todas as células do corpo doerem. Estava cada vez mais convencido de que não seria capaz de assistir ao casamento de Jungkook e Jieun, que todos os acontecimentos da vida conjugal dos dois - os nascimentos dos filhotes, as celebrações e os rituais - seriam demais para ele suportar. Ficaria consumido de ciúme, desespero e ressentimento até se desintegrar.

UM AMOR PARA AS NOITES DE LONDRESOnde histórias criam vida. Descubra agora