CAPÍTULO 10

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Todas as salas da mansão estavam ocupadas depois do jantar. Alguns convidados jogavam cartas, outros se reuniam ao redor do piano da sala de música e cantavam. Mas o maior grupo sem dúvida estava na sala de estar para um jogo de adivinhações. Seus gritos e risadas ecoavam pelos corredores.

Jimin assistiu às adivinhações por um tempo, apreciando o empenho das equipes que faziam mímicas de palavras ou frases, enquanto outras tentavam adivinhar. Ele notou que Jungkook e Jieun estavam sentados juntos, sorrindo e trocando piadas particulares. Eram um casal que combinava extraordinariamente bem, os dois tão morenos, os dois jovens e atraentes. Olhar para eles deixava Jimin mal-humorado.

Sentiu-se aliviado quando o relógio do canto marcou quinze para as oito. Deixando a sala discretamente, foi para o corredor. Era um alívio tão grande sair daquele cômodo lotado, e não ter mais de sorrir quando não sentia vontade, que soltou um enorme suspiro e se recostou contra a parede de olhos fechados.

– Senhor Park?

Os olhos de Jimin logo se abriram. Era Jisso, lady Westcliff, que o seguira até ali.

– Está meio cheio lá dentro, não é? – perguntou a condessa com simpatia.

Jimin assentiu.

– Não gosto de reuniões muito cheias.

– Nem eu – confidenciou Jisso. – Meu maior prazer é relaxar em pequenos grupos com meus amigos, ou, melhor ainda, ficar sozinho com minha mulher e minha filha. Você está indo à biblioteca ler para as crianças, não é?

– Sim, milady.

– É muito gentil da sua parte. Ouvi falar que as crianças gostaram muito da sua leitura na noite passada. Posso ir com você até a biblioteca?

– Sim, milady, eu adoraria.

Jisso o surpreendeu entrelaçando os braços com o dele, como se fossem irmãos ou amigos íntimos. E seguiram lentamente pelo corredor.

– Senhor Park, eu... ah, deixemos disso, odeio essas formalidades. Podemos usar o primeiro nome?

– Eu me sentiria honrado se me chamasse pelo primeiro nome, minha senhora. Mas não posso fazer o mesmo. Não seria apropriado.

Jisso lançou-lhe um olhar pesaroso.

– Tudo bem, então. Jimin. Eu queria falar com você a noite toda... há algo muito particular sobre o qual quero conversar com você, mas que não deve sair daqui. E eu provavelmente não devia dizer nada, mas preciso. Ou não conseguiria dormir esta noite.

Jimin estava atônito. Além de extremamente curioso.

– O quê, minha senhora?

– A prenda que você pediu ao meu irmão hoje...

Jimin empalideceu um pouco.

– Foi errado? Sinto muito. Eu nunca teria...

– Não, não é isso. Você não fez nada de errado. Foi o que meu irmão lhe deu que achei tão... bem, surpreendente.

– O soldadinho de brinquedo? – sussurrou Jimin. – Por que isso a surpreendeu?

Ele não achara assim tão incomum. Muitos alfas carregavam pequenos objetos, como mechas de cabelo de entes queridos, amuletos ou talismãs da sorte, como uma moeda ou medalha.

– Esse soldado veio de um conjunto que Jungkook tinha quando era criança. Agora que conheceu meu pai, não ficará surpreso em saber que ele era muito rigoroso com os filhos. Pelo menos quando ele estava por perto, o que, graças a Deus, não era frequente. Mas meu pai sempre teve expectativas muito pouco razoáveis com relação aos meus irmãos, sobretudo quanto ao Jungkook, que é o mais velho. Papai queria que ele tivesse sucesso em tudo, então o castigava severamente sempre que ele ficava em segundo lugar em qualquer coisa. Mas, ao mesmo tempo, meu pai não queria ser ofuscado, então ele aproveitava todas as oportunidades que tinha para envergonhar ou humilhar o meu irmão quando Jungkook de fato era o melhor.

UM AMOR PARA AS NOITES DE LONDRESOnde histórias criam vida. Descubra agora