II

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Passaram-se duas semanas e nem sinal de Lúcia. Nunca vi ninguém que num dia me protege e no outro desaparece sem dizer pelo menos o que faz da vida. Decidi ligar-lhe, mas está com o telefone desligado, então vou ao endereço que me deixou no papel.


Tudo ia dar a uma casa antiga ao lado de um armazém ainda mais antigo que a moradia. A porta está aberta, por isso vou entrando, pode ser que a encontre no interior, ou simplesmente não está em casa. Ao entrar a porta fecha-se atrás de mim e um frio estranho corre-me pela 'espinha', a casa tem tantos quartos que não sei por onde começar.

Um lugar em especial está a chamar-me a atenção, na porta tem um nome que não me é desconhecido, "Elisabeth Charles", é exatamente igual ao nome da minha namorada que morreu à uns anos atrás num acidente de avião, onde ninguém sobreviveu.

Ao entrar no quarto, as lágrimas escorreram-me feito um rio, as fotos, as roupas, as malas, os sapatos, até um urso de peluche que lhe tinha oferecido, estavam ali, as coisas da Elisabeth, à minha frente. Foi uma volta ao passado tão brusca que nem me tinha apercebido de que Lucia tinha chegado.


-Agora é só entrar na casa das pessoas, sem bater, chamar ou avisar?


-Elis... Lucia o que significa isto? Pensei que todas as coisas da 'Ely' tinham ficado perdidas no mar!


Lucia não era a pessoa que eu pensava, não era aquela desconhecida que me tinha salvo, nem aquela que me dera banho no hospital, mas sim a mulher que um dia estive para pedir em casamento, no exato dia em que o avião se despenhou. Estive, durante 5 anos a chorar por uma pessoa que pensava estar morta, mas no entanto estava mesmo ao lado da minha empresa.

Num momento estava a chorar, noutro já estou amarrado num edifício que me remetia ao passado, com uma mulher que um dia fora amada por mim.


-Afinal, não és tão 'duro' como fazias parecer! Durante anos que te vejo a perseguir outros rabos de saias, a gozar o bom dinheiro que ganhas todos os meses, mas nenhum desses dias foste procurar pela pessoa que supostamente amavas.


-Como é que podes dizer isso? Durante 4 anos seguidos fui à tua campa, lutei para que fosse exumada para que tivesse a certeza de que não tinhas sobrevivido, mas apenas será aberta para o ano que vem e pelos visto não vou encontrar nada lá dentro. Naquele dia eu estava no aeroporto à tua espera para te pedir em casamento e mesmo sabendo do acidente fiquei à tua espera nos hospitais mais perto na esperança de que estivesses viva!!


Elisabeth simplesmente cai em choro na minha frente, um sentimento nostálgico apareceu naquele momento. Fui desamarrado e abraçado como nunca tinha sido antes, pedidos de desculpa saltavam da sua boca, mas a minha continuava calada assim como os meus olhos, um dia jurei para mim mesmo, de que nunca iria ter mais nenhuma relação com nenhuma mulher até que a campa de Elisabeth fosse aberta, e agora ela aparece-me a dizer que andava atrás de rabos de saias?

É por causa disso que fiquei conhecido por 'Sr. Impossível', isso e o meu passado que me atormenta até hoje, mas tudo vai melhorar a partir de agora, pois encontrei-me com a mulher da minha vida novamente!




O Sr. ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora