III

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Anoiteceu. O sono chegou e eu adormeço rapidamente no sofá da minha casa. Os meus pesadelos voltam sempre que durmo, e desta vez não foi exceção.

Desta vez, estou a correr num prado de mãos dadas com a minha mãe, o céu está azul, com poucas nuvens, até que caio num buraco, grito a pedir ajuda, mas ninguém aparece, de repente a minha mãe espreita, acena-me e começa a rir, deixando-me friamente para trás. Depois um homem aparece e leva-me para um sitio cheio de miúdos da minha idade e somos obrigados a fazer trabalhos árduos para podermos comer.


Já é de manhã e o meu iphone toca, é a Elisabeth, eu atendo e ela só me diz para ir ter ao parque na baixa da cidade, depois desliga-me o telefone na cara.

No parque as minhas memórias eram ainda mais vivas do que na casa de Elisabeth, mas infelizmente não são muito boas.

Ely leva-me até um sitio em especial, era me aterrorizantemente familiar, perto do lago havia uma parte abandonada do parque por ser bastante escura e perigosa, principalmente ao pé dos baloiços. Ely começa a correr e automaticamente obriga-me a correr também, do nada Ely já não estava à minha frente, tinha caído num buraco fundo e gritava por ajuda. Entrei em estado choque, sentei-me ao pé do buraco a chorar, não sei, não conseguia controlar o meu corpo, as memórias que me vinham à cabeça eram as de quando era criança, e de uma certa forma um dejá vu.

Um homem aproximou-se de mim a gritar, a me chamar de otário por não ajudá-la, mas não lhe dei ouvidos, ele puxou-a para cima e ela juntou-se aos insultos. Ambos insultavam-me agressivamente até que Ely reparou que eu não estava bem, estava mais branco que papel, meu corpo tremia e minhas lágrimas escorriam sem parar, molhando tudo à minha volta.

Logo fui rodeado pelos braços de Ely, que era a única pessoa que sabia de um pouco do meu passado, ela pedia-me desculpa, mas eu continuava vidrado no chão, o meu corpo chegou a um ponto tão trágico que desmaiei.



Mais uma vez estou numa cama de hospital com Ely ao meu lado. O médico apenas dissera que tinha entrado em estado choque, talvez por causa de alguma coisa que me tivesse acontecido, e tanto eu como Ely sabemos bem o que é.

Em criança, os meus pais eram muito pobres e não podiam me sustentar, então fui tornado numa espécie de moeda de troca, a minha mãe colocou-me no buraco daquele parque e trocou-me por um milhão de euros, fui levado para uma casa de prostitutas para ajudar na limpeza em troca de comida. Um dia, o pai de Ely, que era um polícia, salvou todas as mulheres e crianças, incluindo eu. E Ely apaixonou-se por mim, assim como eu por ela.



Mas pensando bem ainda falta saber sobre uma pessoa nesta história, Ely está viva mas não era a única pessoa que eu conhecia naquele avião...




:D

O Sr. ImpossívelOnde histórias criam vida. Descubra agora