Terceiro

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A primeira semana de recrutamento termina com exaustão e dor. O treinamento prometeu e foi além, nem mesmo Mikasa com sua resistência formidável terminou o sábado sem parecer angustiada e desesperada, a pele pálida e as mãos trêmulas é uma ocorrência comum em cada esquadrão espalhado no refeitório naquela manhã.

Domingo deveria ser a folga deles, sem orações ou treinamentos, exceto que não tinham permissão para sair do batalhão, não antes do primeiro ano obrigatório, o que deu a Eren a visão exata do resultado de todo o intenso treinamento em cada recruta presente no refeitório. Desde o cento e quatro, esquadrão designado a Erwin, até os outros seis comandantes com seus respectivos recrutas.

Cada um dos sete ministros do rei tem um comandante correspondente no exército, Erwin Smith responde à Darius Zackly, enquanto Dot Pixis é comandante sob as ordens de Grisha Jaeger, cada comandante recebe todos os anos uma porção dos recrutas de dezessete anos após o alistamento obrigatório.

Foi apenas coincidência que Eren acabou sob o mesmo comando que seu irmão esteve anos atrás, independente da mudança de comandante, ambos serviram sob as ordens do ministro Darius.

Zeke, que quase nunca está presente, reprimido pelas proteções espalhadas por todo quartel, deixando Eren com uma sensação imponente de solidão, sozinho para lidar com o fato de que seu irmão está morto.

Além do treinamento pesado, Eren ainda tem seu próprio inferno particular com o capitão Levi, ou Ackerman, se a informação não fosse um segredo – um que Eren ainda não sabe o que fazer com ele – durante os treinamentos extras, antes do café da manhã, quando o sol ainda não nasceu.

Ele e Levi não conversam muito durante as poucas horas sozinhos, nada além das ordens ditadoras de Levi é dito, e Eren prefere assim, os dois não tem nada em comum além do ódio que parece piorar a cada dia, mesmo que Levi de alguma forma pareça se divertir com a irritação do Jaeger, ele nunca pegou leve.

A rotina é pesada, e talvez Eren até lidaria com a merda se não fosse por seus próprios colegas de farda perseguindo-o diariamente, a maioria deles sob ordens de outros comandantes.

Começou com Jean e suas bizarras tentativas de diminuir Eren para alcançar Mikasa, mas o idiota com cara de cavalo, sozinho, nunca assustou, o problema se tornou sério quando Eren e todo resto descobriu que, nesse ano, ele é o único Vazio entre as fileiras.

O problema se estendeu para o café da manhã, onde Eren foi atacado diversas vezes, e para evitar as interrupções de Erwin, Hanji ou Levi, os agressores muitas vezes se contentavam em apenas jogar a comida do Jaeger no chão, batendo em sua bandeja ou colocando o pé na frente para que caísse. 

Passar longas horas sem comer logo após treinamentos intensos e torturantes se mostrou uma prova de resistência com tempo contado, mas Eren foi teimoso e, da pior maneira, descobriu que a situação poderia piorar.

Dormir no mesmo quarto que os precursores do bullying não foi uma ideia muito inteligente, Eren admitiu logo no primeiro dia que acordou molhado de água barrenta, suas coisas pegando fogo em em um canto e sua cama alagada em outro, ele foi obrigado a pedir uma farda extra para o treinamento do dia seguinte e dormir no pátio nas duas horas que restavam antes do sol nascer.

Foi pura sorte ter acordado antes de Levi chegar para sua sessão de espancamento particular, ou que o capitão gosta de chamar de treinamento.

Besteira.

Durante o restante da semana Eren se alimentou com o que Mikasa e Armin conseguiram colocar em seus bolsos do refeitório, tomou banho em horários improváveis e dormiu em cantos escuros e aleatórios para não ser descoberto nem pelos perseguidores, nem por seus amigos excessivamente protetores.

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