Oitavo

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Levi olha para o céu com um suspiro cansado enquanto todos os outros observam curiosamente a casa térrea escondida bem atrás das colinas das favelas, mergulhada em uma pequena e fechada floresta de árvores gigantes. Bem na frente dela, há três figuras esperando-os, aparentemente.

Eles correram e pularam de um lado para o outro por um tempo, todos estão cansados, emocionalmente esgotados e principalmente confusos, mas não mais que Levi, não com a imagem cada vez mais clara das pessoas os esperando.

Ele não conhece duas delas, uma mulher e uma garota, e enquanto Eren corre para elas, agarrando-as ao mesmo tempo, seus olhos focam no terceiro integrante, um homem alto e loiro que é ignorado pelo resto.

Se Levi não tivesse espelhado a individualidade de Eren mais cedo – enquanto o idiota o ameaçava com uma faca – ele provavelmente teria perdido isso. 

Zeke Jaeger. Ele não poderia se esquecer do garoto que morreu quando Levi ainda era um rebelde, muitas pessoas o fizeram e por mais insignificante que Zeke fosse na época, Levi se lembra de cada detalhe daquele dia, desde quando acordou até o momento em que perdeu tudo. Talvez fosse apenas coincidência, mas Zeke estava lá e Levi se lembra.

Como não lembrar? Ele é impotente com as memórias, afogado na escuridão da falha repetidamente, deixado para lembrar do quanto ele se tornou fraco.

Eles se encaram e o reconhecimento aparentemente assusta Zeke. Levi não é seu assassino, mas ele estava ao lado dele quando aconteceu, viu quando os golpes foram trocados, ele os viu cair e a vida desvanecer de seus corpos…

– O que vocês estão fazendo aqui? Como souberam que eu estava vindo? – Eren pergunta para as duas mulheres, não notando o próprio irmão parado em suas costas, um fantasma, mas ainda seu irmão. 

– Alguém nos contou. – A ênfase no "alguém" deixa a situação clara para Levi, tanto Eren quanto a garota de cabelos castanhos e olhos dourados olham para Zeke rapidamente e é fácil descobrir que existem outros como o pirralho, então.

– Você tem muito o que explicar, mocinho. – A mais velha aperta as orelhas de Eren e Levi é rápido em notar as semelhanças. Ela é bonita com o rosto oval e olhos redondos, pele marrom e cabelos castanhos, nariz arrebitado com lábios grossos, esta com certeza é a mãe de Eren. – O que custa não se meter em problemas, filho?

– Podemos conversar lá dentro? Todos estão cansados. – As bochechas de Eren estão vermelhas, os ombros caídos e os olhos desviantes, é quase fofo ver o pirralho teimoso reconhecendo a autoridade de alguém, toda a luta determinada derretendo em razão de respeitar sua mãe. – Eu sei que eles não deveriam estar aqui.

Levi reconhece as palavras sussurradas por estar próximo o suficiente, ele também vê o momento que Carla observa cada soldado com cuidado, parando segundos a mais nele ao notar a atenção dos olhos cinzentos.

– Já sabemos que algo está acontecendo. – Novamente Levi atribui a informação a Zeke.

Acenando com a cabeça, Eren acompanha a mãe até a casa, sendo seguido então por todos os outros pirralhos, deixando Levi e Hanji na retaguarda.

– Algo está acontecendo? – Hanji pergunta baixo o suficiente para manter a conversa apenas entre os dois, Levi não olha em sua direção. – Você tem esse olhar…

– Há mais necromantes. – Revela, os olhos fixos nas costas de Eren. 

– Acha que é hereditário?

– Não, ela seria a esposa de Grisha Jaeger, não acredito que algo assim passaria por ele. – Seus punhos apertam com força, as unhas romperiam a pele das palmas das mãos se não fossem as luvas negras sobre elas. – É a outra garota.

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