Take me to church

Décimo segundo

É uma coisa boa que Mikasa não esteja com eles durante o ritual. Eren tem certeza que, por ser tão protetora, a Azumabito não permitiria que o amigo de infância corresse um risco tão grande.

Se isso não funcionar, se Erwin aparecer e conseguir impedir que o ato termine, então a situação vai chegar em um ponto sem volta, Eren não terá escolha.

Honestamente, Eren não quer ser aquele que se sacrifica e morre pelo mundo, ele quer que Paradis se foda, muito honestamente, ele quer que todos aqueles que contribuíram para que a injustiça corresse, direta ou indiretamente, sejam esmagados por suas próprias ações. 

Eren não é altruísta o suficiente para sentir dor por desconhecidos, suas ações são mais egoístas, ele teme por sua mãe, Armin, Mikasa, Gabi, Falco, Zofia, Udo e todas as outras crianças que estão para nascer na casa de Vazios, ele teme por aqueles que ele conhece, como Levi, que vivia no subsolo, longe da luz do sol e cercado de monstros enquanto o resto está protegido nas paredes.

A decisão parece simples, mas ele está com medo, e o medo faz com que até mesmo o mais forte dos homens tome atitudes impensadas.

Se oferecer como cobaia para o trio de necromantes não foi exatamente inteligente, Karl provavelmente está rindo disso em seu leito de morte, Mikasa surtaria se soubesse e Levi… ele chutaria sua bunda, e com força.

De qualquer jeito, alguém precisa fingir que é o herói, mesmo que não seja, as pessoas precisam de algo em que acreditar, algo para se apoiar e culpar, no final, é tudo a mesma merda.

•••

Levi percebe que algo está errado no momento em que Erwin pede que ele e Hanji esperem ali, ao invés de deixar que ambos seguissem suas próprias ordens, o loiro enviou um soldado aleatório para algum lugar enquanto espera em silêncio no escritório.

Hanji está nervosa, encarando-o com o canto dos olhos.

– Pedi para que outros cuidem dos ministros, infelizmente surgiram alguns… imprevistos. – Erwin quebra o silêncio depois de vários minutos tensos, as sobrancelhas loiras franzidas e as mãos juntas na frente do rosto. – E eu vou precisar de vocês para isso.

– E o que seria "isso"? – Hanji não disfarça a curiosidade, soando como a mesma de sempre, apesar do suor molhando sua nuca.

– Controle de pragas, aparentemente. – Ele suspira alto, quase preguiçoso. – Alguém invadiu o quartel pelos esgotos, soldados foram atacados e Carla Jaeger está desaparecida.

Levi automaticamente lembra de Kenny, exceto a parte dos esgotos, que ele não faz ideia de quem foi que invadiu, mas ele imagina que parte disso seja obra do tio.

– E o pirralho? – A pergunta é justificada, pois Erwin nem mesmo levanta o olhar.

– Vamos encontrá-lo, se algo está acontecendo, acredito que tenha ligação com ele. – Ele se levanta então, suspirando alto enquanto caminha até a porta, os dois soldados em suas costas, cada um de um lado. – Pixis também está indo para lá, será melhor assegurarmos que as coisas corram como o esperado.

– O que ele está fazendo, afinal? – Hanji novamente tenta perguntar, mas o Smith ignora a pergunta tranquilamente, andando pelos corredores em passos longos. – Para onde estamos indo?

– Masmorras. – Levi franze a testa enquanto olha em volta, seus instintos bagunçados com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, a influência de Erwin deixando-o confuso, apesar de suas convicções, é pura sorte que o loiro não esteja usando suas habilidades deliberadamente.

Enquanto eles avançam pelos corredores e então para as escadas, níveis abaixo de onde estavam, fileiras de soldados surgem, todos indo para o mesmo lugar, uma quantidade grande o suficiente para encher as masmorras e vencer Eren em números.