O que aconteceu comigo? Tudo ficou completamente escuro, isento de cores, aromas e sons, ficando em completa escuridão. Sentia-me preso ao labirinto mais uma vez.
Todas as trevas lentamente eram destruídas por uma luz desconhecida, acompanhada por sons de pássaros e brisas com aroma de muitas flores.
Abri os meus olhos e me deparo com um grandioso jardim florido, indo até onde a minha vista pudesse alcançar. Contemplei o vento movendo aquele campo verdejante dotado de outras cores.
— Esse é o campo Elísios? — Perguntei a mim mesmo a respeito do lugar que me encontrava, era lindo demais para ser algum canto da terra dos mortais.
Tanta beleza parecia me fazer esquecer de todos os anos de solidão e dos sofrimentos que há pouco estava sentindo. Observo o meu corpo, procurando os ferimentos passados e não mais existiam.
Senti violentos tremores de terra, me deixando assustado e confuso, fazendo com que me levantasse do prado e olhar na direção que eles vinham.
Me deparo com uma linda mulher de proporções gigantescas, o seu corpo era feito de rochas, mas parecia ter sido esculpido pelas mãos mais habilidosas de toda a Grécia.
Haviam vegetações densas que se iniciavam na sua cabeça, formando cabelos, que se estendiam por suas costas, cobrindo os seus seios e virilha.
Um rio nascia no lado de sua cabeça, estendendo por seu pescoço, deslizando sobre o seu peitoral, passando por sua barriga e perna, acabando entre os seus dedos do pé.
Os seus olhos eram dotados de um misto de verde esmeralda com um marrom terroso equilibrado. Eles não pareciam assustadores e penetrantes, mas ternos e acalentadores.
— Levanta-te do prado, filho de Creta. Tu que nasceste da união mais nefasta desta terra. — A sua voz era calma e muito suave, não contrastando muito com as suas proporções físicas monstruosas.
— Quem é você, grande dama, e que lugar é este? — Questionei-a, ainda estava confuso com esse lugar que surgi num piscar de olhos.
— Eu sou Gaia, conhecida pelos mortais como a Mãe da Terra. Este lugar é apenas uma ilusão criada por mim para te encontrar. — Ela lentamente e de maneira cuidadosa me tirava do chão com uma de suas mãos, arrancando uma boa quantidade de terra. — Eu estive com você desde o começo, observei silenciosa a todas as suas dores e desventuras, mas já está na hora de acordar para a sua missão neste mundo.
— Que missão é essa, Gaia? Quem sou eu? — Novamente, questionei a grande entidade, que parecia me conhecer há muito tempo atrás. Poderia ser a oportunidade de ouro para sanar as dúvidas de minha mente.
— Você é o último filho de Tifão com a sua consorte Equidna, que há muito tempo atrás trouxeram horror aos Deuses e ao Olimpo. — Ela me deposita no solo florido, sentando-se também. — Você deve libertar os seus irmãos, para mais uma vez se opor aos Deuses do Olimpo.
Ouvi atenciosamente as palavras que fluíam de seus lábios rochosos. Tentei processar todas as coisas novas que me eram ditas.
— Não há mais tempo para conversar, tome isto como um presente da sua libertação. — Ela ergueu um de seus dedos e levou até a minha mente, liberando uma luz esverdeada.
Senti um oceano de pensamentos inundar a minha mente por completo, como se ela tivesse me dado informações sobre mim e todas as minhas capacidades.
Lentamente um sono profundo me envolve, fazendo com que eu apague instantâneamente, me lançando em um oceano de trevas.
Despertei tempos depois daquele sonho estranho, eu estava em uma caverna não muito grande, úmida e fedorenta. Estava confuso e completamente sozinho novamente.
— O que foi que aconteceu? — Me questionei sobre tudo o que tinha visto e ouvido naquele lugar. Dei de ombros como sempre fazia e me levantei, saindo da gruta.
Observei o lugar que me encontrava, era um gigantesco pântano repleto de árvores altíssimas que bloqueiam boa parte da luz solar.
O clima estava completamente estagnado, não apresentando vida animal ou vegetal que fossem as frondosas plantas.
Agora, eu sabia de onde eu vim e para onde teria que ir. Libertar os meus irmãos das amarras impostas pelos Deuses e novamente começar uma guerra contra estes.
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A lenda do Minotauro
FantasyQuando Cronos fora derrotado e aprisionado junto dos seus irmãos titãs, Gaia conspira contra Zeus e os demais deuses olímpicos, gerando com o Tártaros duas bestas malignas tão hediondas, Tifão e Equidna, o casal de monstro que geraria a prole mais n...