“Vai, vai! Ela está vindo, apressem-se!” Minnie agitou os braços no ar, correndo até o interruptor da sala de visitas da casa de seus pais para apagar as luzes.
Miyeon, abaixando-se atrás de uma larga poltrona de couro, tentou acalmar as batidas de seu coração, expectativa preenchendo-a conforme o silêncio tomava conta do cômodo. Ela podia ouvir os passos abafados da garota que descia as escadas, as mãos que tateavam as paredes para não tropeçar e sair rolando até lá embaixo – Miyeon estremeceu com o mero pensamento desagradável –, e então, pouco depois, uma Shuhua desgrenhada e vestida em uma camiseta grande demais para seu corpo estava ali, amaldiçoando em voz alta quando algumas de suas pessoas favoritas saltaram de seus esconderijos para gritar:
“Surpresa!”
“Puta merda!” a jovem aniversariante xingou, quando uma rajada de confetes a atingiu em cheio. “Vocês estão tentando me provocar um infarto?”
“Shuhua!” Miyeon ralhou. “Não diga coisas assim na frente dos pais de Minnie.” Fazendo uma rápida reverência, ela se desculpou ao casal mais velho no canto da sala, em nome de sua dongsaeng. “Eu sinto muito por isso.”
Satisfeita em ver o rosto envergonhado de Shuhua ao notar seu erro, Miyeon silenciosamente assistiu a garota assimilar tudo o que acontecia ao redor, seus olhos passando do bolo confeitado equilibrado pelas mãos pequenas de Jeon Soyeon, para os tubos de confete estourados por Yuqi e um dos irmãos mais velhos de Minnie. Ela encontrou o olhar de Miyeon por último, suas bochechas em uma bagunça carmesim ao perceber que todos estavam ali por ela.
“Vocês esconderam isso de mim.” Shuhua rosnou em sua direção, como se toda a sua indignação devesse ser focalizada somente em uma pessoa, e essa pessoa era Miyeon.
Dando de ombros, ela se adiantou para envolver sua membro favorita em um abraço esmagador.
“Mas é claro que sim. É uma festa surpresa.” Miyeon murmurou no espaço que ligava seu ombro ao pescoço, aspirando o cheiro suave de seu banho recente. “Feliz aniversário, meu pequeno bebê...”
Empurrando-a rigidamente com um braço, Shuhua fez um som com a garganta ao ouvir o apelido, e Miyeon entendeu que era hora de se afastar e deixar a garota respirar.
“Temos que ter uma conversa sobre você me chamando assim.” ela avisou com os olhos formando pequenas fendas, antes de ser puxada para longe pelas mãos de Minnie.
Após receber os cumprimentos de todos com um sorriso tímido e um rubor permanente, Shuhua finalmente foi levada até o bolo para assoprar as velas.
“Faça um pedido, pirralha.” Yuqi provocou, ganhando um revirar de olhos da maknae. Miyeon se perguntou o que ela pediria naquele ano, uma meta a ser alcançada, ou talvez algumas semanas de férias em sua cidade natal. Mas quando todas as velas foram finalmente apagadas e a fumaça dispersada, foi para Miyeon que seu olhar vagou.
Ela engoliu em seco, de repente sentindo-se acuada sob a intensidade daqueles olhos escuros - olhos que a percorreram como os de uma avaliadora física em seus tempos de trainee. O que Shuhua havia...?
“Tá legal, hora de abrir os presentes!” Minnie anunciou de repente, fazendo Miyeon raspar o fundo da garganta e desviar o olhar para as próprias mãos.
Aceitando um a um os presentes de seus amigos, Shuhua passou boa parte da noite desembrulhando caixas e fuçando o interior de sacolas com emblemas de lojas famosas, mas Miyeon não perdeu o fato de que a garota estava deliberadamente ignorando aquele que ela havia lhe dado, o pequeno embrulho prateado sendo deixado de lado todo o tempo.
“O que acha?” Soyeon perguntou assim que Shuhua abriu o envelope branco e simples que a líder entregara em suas mãos. “É o bastante?”
“Unnie!” a garota gritou escandalizada, levantando-se de seu assento para ir até Soyeon e estender o presente de volta à ela. “Isso é muito dinheiro, não posso aceitar.”
