3. Speechless

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Eram sete da manhã quando Rachel chegou ao departamento da CIE e as funções já de cada perito estavam sendo delegadas para o caso. Jessica Lewis, Robert Turner e Samantha Anderson, ficaram responsáveis pela parte forense, desvendar pistas deixadas na cena do crime, no caso em Neverland, o gigantesco rancho onde MJ viveu por décadas. Eles também ficaram responsáveis por averiguar documentos, computadores, HDs e linhas telefônicas. Anthony Walker, para o desgosto de Rachel, que não confia no colega de trabalho, ficou com a parte química, analisando amostras colhidas das vítimas, do acusado e de todos os locais do crime. Ele seria o único a ter acesso ao laboratório e ter contato com as amostras coletadas, deixando Rachel preocupada, afinal, Anthony já expôs sua opinião sobre o caso e pra ela, ele faria de tudo para incriminar o astro.
— Dr. McWilliams, o senhor terá acesso aos matérias coletados e ao laboratório, não é? - perguntou Rachel.
— Irei supervisionar e auxiliar se for preciso. - respondeu o chefe.
— Poxa, Collins, isso tudo é medo de que tenham certeza de seu ídolo é um pedófilo? São muitas acusações, onde há fumaça, há fogo. -ironizou Anthony.
— Cala essa boca! - gritou Rachel, e questionou: — Ele é tão perigoso quanto eu, Dr. McWilliams, não acha? Esses comentários ácidos, deixando claro que não vai ser útil nas investigações.
— Eu já disse que não vou aceitar esse tipo de comportamento aqui, e para que confusões como essa não aconteçam, todos terão de assinar um contrato. Agora, parem, temos muito. E senhorita Collins, me acompanhe. - disse o perito.
— Por favor, Dr. McWilliams, o senhor ouviu os comentários dele, me desculpe, mas não considera isso errado? -indagou Rachel.
— Senhorita Collins, terei uma conversa séria com o senhor Walker, não vou deixar que nada saia do meu alcance. - respondeu.
— Assim espero. - disse a perita.
— Te chamei para te avisar que o senhor Jackson chegou, dirija-se por gentileza a sua sala e qualquer dúvida, me comunique. Já sabe o que fazer, não é? -perguntou McWilliams.
Rachel respondeu positivamente.
McWilliams desejou boa sorte a moça que caminhou para a sala treze.
Sem palavras...Michael entrou na sala, os dois ficariam sozinhos durante as sessões e os seguranças do lado de fora, mas a moça não sabia disso e então seu coração disparou.
— Boa tarde, senhor Jackson. Como vai?
— Boa tarde, Rachel...oh, me desculpe. - disse Michael sorrindo:— senhorita Collins.
Rachel contendo sua emoção, manteve- se firme e MJ sentiu naquele momento que Rachel estava nervosa e então perguntou: — Como vai a senhorita? - e sorriu olhando como quem diz: acalme-se, está tudo bem.
— Eu estou bem, podemos começar? - respondeu Rachel.
Michael balançou a cabeça positivamente. E a jovem prosseguiu:
— Qual sua relação com as crianças, senhor Jackson?
— "Uma das minhas coisas favoritas é passar tempo com as crianças, falar com elas e brincar com elas. As crianças conhecem muitos segredos sobre o mundo e é difícil enganá-las. Elas são simplesmente incríveis e minha inspiração criativa sempre vem quando estou com as criança, quando estou com elas, a música vem a mim tão facilmente quanto respirar.” -respondeu o astro.
Rachel fez sua primeira análise rapidamente e anotou em sua agenda.
— Senhor Jackson, essas acusações, são verdadeiras? -indagou Rachel.
— Não. -respondeu ele, completando: "isso é totalmente falso, antes de machucar uma criança, eu cortaria meus pulsos. Eu nunca machucaria uma criança, isso é totalmente falso e me machucou, eu jamais faria algo assim."
Segundos depois, Rachel continuou: — porque desenvolveu Neverland?
— "Porque eu queria ter um local onde eu pudesse ter tudo que não tive quando era criança. Tem passeios, animais e até cinema." - respondeu o cantor.
Rachel com os olhos cheios de lágrimas, conteu-se e prosseguiu:
— Você acha que as pessoas olham pra você e pensam que essas acusações são verídicas?
— "Se elas tiverem uma mente doentia, sim. Se acreditarem no lixo que vêem no jornal, sim. Lembre- se de uma coisa, só porque foi impresso, não quer dizer que é verdade."- explicou Michael.
Rachel respirou fundo, escreveu em sua agenda e pediu um breve intervalo e saiu da sala em direção ao corredor quando encontrou Jessica, que correu para abraçar a amiga.
— Jess, a magia é real. -disse Rachel chorando e tirando sua jaqueta. — eu não precisei nem de dez minutos de análise, pra ter certeza que que ele é inocente.
— Amiga, vai com calma, essa é a primeira sessão, temos meses de investigação pela frente. Admiro ele, mas prefiro me manter parcial. -explicou Jess.
— Tudo bem, eu entendo, talvez eu esteja eufórica demais. -disse Rachel. — E vocês já estão indo para Neverland?
— Sim, vamos passar o dia lá, não será fácil, teremos de vasculhar cada milímetro daquele lugar gigante. -disse Jess.
— Bom passeio, quero dizer, boa investigação. - respondeu Rachel com humor.
Após uns minutos, Rachel retornou a sala e sorriu timidamente para Michael que logo viu sua tatuagem no pulso.
— 1958? Bela data, algum significado? -indagou o astro.
Rachel franziu as sobrancelhas e arregalou seus olhos, lembrou que estava sem jaqueta, respondeu ansiosa:
— É...meu pai, ele nasceu em 58.
— Que legal. -disse MJ. — Então temos a mesma idade.
— É mesmo? Bacana. -disse Rachel, ansiosa.
— Qual nome dele? -indagou Michael.
— Ele se chamava Louis. -disse ela.
— Se chamava? Ele? Ah meu Deus, me desculpe pela indiscrição.
— Não tem problema. - respondeu Rachael. — Ele faleceu em 99, acidente de avião.
— Senhorita Collins, eu sinto muito. -disse Michael com semblante triste.
Rachel agradeceu e os dois voltaram a sessão, e o resto do dia os dois conversaram sobre as acusações, Rachel analisou minuciosamente todas as  expressões do cantor, mesmo sabendo estando convicta de sua inocência.
A noite, eles se despediram e Michael disse: —Obrigada, senhorita Collins.
— Obrigada? -disse a perita.
—Sim, -respondeu Jackson sorrindo- por muito tempo eu não me sentia tão confortável conversando com alguém.
Rachel sorriu e quando chegou em casa, virou a noite lendo e relendo todas as análises feitas naquele dia, chegando a uma inicial conclusão.

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