Capítulo 25

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Dor e vergonha amarguravam em intensidade seu coração fragilizado, ajoelhada no tapete fofo e os braços acomodados na cama luxuosa e real, digna de uma princesa, entretanto, já não possuía tal dignidade.

Gemeu de leve quando a lâmina do canivete perfurou suas costas nuas, em um corte certeiro e doloroso. Um recipiente foi posto logo abaixo e o canivete afundou ainda mais pele a dentro, enquanto a princesa comprimia os lábios para evitar gritar, enquanto a mão do pai segurava com firmeza sua cabeça de cabelos vermelhos.

A cada gota de sangue, esvai-se um litro de dignidade. O rosto choroso e avermelhado não havia resquícios de lágrimas, a situação se repetira tantas e tantas vezes que sua mente recusava chorar pelo mesmo motivo sempre e sempre. A vergonha viria a terminar quando uma erva ardeu sua pele; esta era usada para rápida cicatrização.

— Isso está prestes a acabar, minha filha — comenta a voz do pai. — Eu prometo.

Ouviu seus passos afastarem-se pelo quarto e abriu a porta pesada, logo a fechando, abandonando a princesa atormentava na própria vergonha.

Agora então foi a vez do rei encontrar com o filho primogênito, o qual estava no corredor da torre, conversando com os novos guardas de sua irmã. Ao perceber a aparição do pai, o vê novamente escondendo uma mão por entre a capa vermelha da realeza.

Sarcasticamente, o príncipe caminha em passos lentos, ficando a pouco menos de dois metros do rei.

— Por onde o sumido andou? — questiona o pai, levantando o queixo.

— Estive investigando alguns casos — fixa seus olhos intensamente nos da majestade. 

— Parece produtivo. E devo me perguntar se possuem alguma relação com o assassinato misterioso envolvendo os antigos guardas? — o tom é irônico. — Era o único próximo da cena do crime quando ocorreu, imagino que possua informações que outros não possuam.

— Claro, eu jamais deixaria passar batido algo assim... principalmente quando ocorre ao lado do quarto da minha irmã — desce o olhar para a mão escondida do rei, a qual é ainda mais omitida com esse ato. — Vejo que o senhor tem muitos assuntos a discutir com a princesa.

— Acredito que posso dizer o mesmo de você, afinal, é a segunda vez que te vejo por aqui — abre um sorriso falso. — Pois não, caso me permita, irei resolver alguns assuntos, sim?

Tratando de esconder com precisão o recipiente, o rei passa pelo filho e caminha na direção de ir embora, mas não antes de provocar uma última vez.

— Fiquem atentos a quem entra no quarto de minha família — debocha a majestade.

— Creio que vá entrar em contato com o Leão Branco — ignora as provocações.

— É, sim, farei. Precisamos de luz nesse momento — um sorriso ainda mais falso surge no rosto do senhor.

Sem maiores preocupações, o rei desce as escadas da torre sob o olhar semicerrado de Pakeos. É simplesmente inaceitável que ele tenha feito isso inúmeras vezes e guarda algum não tenha desconfiado. Claro... ninguém questionaria os propósitos e q autoridade da majestade.

Contudo, o príncipe não temia a ida e as pretensões do pai, pois estava crente que o fato de Klous ter desvirginado a princesa irá estragar o sangue que Holter usa para se manter jovem. Isso o induz a abrir um sorriso largo e maléfico, daqueles que indicam que o plano deu mais que certo.

Sabia que encontraria a irmã em péssimas condições naquele quarto, por isso bateu à porta antes de entrar. Esperou alguns segundos pacientemente, ouvindo sussurros vindos lá de dentro, por isso deixou de hesitar e girou a maçaneta. Desentendido, encarou as duas mãos que tocaram sutilmente seu braço direito.

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