Uma patricinha no Rio de janeiro

Capitulo 7 Kelly X Luana

Ao sair da caminhonete, afundei meus saltos no pasto, que parecia coberto de algo que eu preferia não identificar. Que nojo. Bernardo riu, o que só aumentou minha irritação.

A casa de tia Inês era exatamente o que eu imaginava: móveis antigos e um cheiro de coisa velha pairando no ar. O ambiente estava carregado com a poeira do tempo.

Quando entrei na sala, dei de cara com Luana, uma moça com uma roupa razoavelmente apresentável, considerando o contexto. Ela me olhou com curiosidade.

— Então você é a Luana? — perguntei, tentando manter um tom neutro.

— Sim, sou eu. E você deve ser a Kelly, não é? — respondeu Luana, com um sorriso forçado.

— Você mora com a minha tia pobre? — perguntei, tentando alfinetar.

— Você sabe muito bem que não moro nesse fim de mundo. Quero ir embora daqui! — Luana respondeu, demonstrando frustração.

— Pelo menos temos uma coisa em comum: eu também quero ir embora desse lugar — comentei, tentando encontrar algum consolo.

Apollo entrou na sala, visivelmente babando por Luana.

— Oi, Luana, como está linda! — disse ele, com um olhar admirador.

— Eu sei, obrigada! — respondeu Luana, com um tom de autossuficiência.

— Nossa, como você se acha. E meu irmão é cego ou só está encantado? — revirei os olhos, claramente incomodada.

— Você que é ridícula e está fedendo a bosta de boi! — Luana retrucou, sua paciência claramente se esgotando.

A raiva tomou conta de mim e comecei a ofender Luana, chamando-a de pobretona. Ela não ficou atrás e nossa discussão rapidamente se transformou em um bate-boca acirrado. O estresse do lugar horrível só parecia piorar a situação.

Meu irmão tentou apaziguar a briga, mas foi em vão. Nossa família chegou e considerou nossa briga um absurdo. Bernardo, visivelmente horrorizado, comentou que eu era infantil, o que me deixou ainda mais envergonhada e irritada.

Como castigo, fomos forçadas a dividir o mesmo quarto eu e Luana. Agora era oficial: eu odiava aquela fazenda. Não havia como piorar!