Capitulo 3 A pior despedida da minha vida!

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Kelly chegou em seu quarto, o coração pesado e o corpo cansado. A notícia da mudança para o Brasil parecia ter criado um peso invisível que esmagava seus ombros. Seu quarto, que sempre fora seu refúgio, agora parecia claustrofóbico e opressor. As paredes, antes acolhedoras, pareciam se fechar sobre ela.

Ela caiu na cama de forma desleixada, o colchão afundando sob seu peso. As lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto, quentes e salgadas, enquanto ela se perguntava, em meio ao turbilhão de pensamentos: "Como podem fazer isso comigo?" As memórias da sua vida confortável e dos amigos que deixaria para trás se misturavam com a dor da incerteza.

No Dia Seguinte

O sol começava a iluminar o quarto quando Amélia entrou, com seu jeito marcante e confiante. A luz da manhã realçava o brilho dos seus cabelos loiros e a firmeza em seu olhar. Ela se aproximou da cama com um sorriso gentil, mas seus olhos traíam a preocupação.

Amélia: "Filha, acorda. Hoje é seu último dia de aula. Ontem, você não deixou seu pai terminar de falar, mas a mudança vai ser imediata. Precisamos começar a arrumar suas coisas ainda hoje."

Kelly, ainda deitada, virou-se de costas e puxou o cobertor sobre a cabeça, como se pudesse se esconder da realidade. O colchão se afundou um pouco mais com o movimento.

Kelly: "Eu não tenho vida, não tenho amigos, não tenho nada!" – A voz dela estava embargada, e ela fez um esforço para manter a compostura.

Amélia: "Para de fazer drama, minha filha. Vai lá, dá uma última volta. Você é forte, igual a mim."

Kelly pensou bem e decidiu ir. Afinal, nada mais poderia piorar seu dia. Ela tomou um banho, se arrumou para estar deslumbrante, e desceu as escadas, onde os empregados estavam na correria para arrumar a mesa do café da manhã. Ela comeu ovos com bacon, sem prestar muita atenção nos detalhes ao redor.

Na saída, entrou na limusine com Chaves, o motorista, ao volante. Para sua infelicidade, Natacha e Apollo, seus irmãos, também entraram na limusine. Eles estudavam na mesma escola, e a ideia de tê-los por perto só tornava o momento mais incômodo.

Ao chegar no colégio, Kelly foi recebida como sempre, com todos correndo ao seu encontro. Era maravilhoso ser popular. Nick veio ao seu encontro, abraçando-a e se exibindo como seu namorado. Taty e Patty também se aproximaram.

Kelly os chamou para um canto, em um local mais reservado, e contou sobre sua mudança para o Brasil. Pediu segredo, pois queria anunciar a novidade para a escola e fazer uma saída triunfal. No entanto, as reações deles foram frias, quase como se não se importassem. O ambiente parecia frio e triste, e ela sentiu um misto de emoção, mas deu de ombros e foi para a aula.

Enquanto caminhava pelos corredores, percebeu alguns cochichos ao passar. Achou tudo muito estranho, mas não deu muita importância. Mais tarde, Taty e Patty pediram para que ela fosse ao auditório, dizendo que fariam uma comemoração de despedida.

Chegando ao auditório, Kelly sentiu uma estranha sensação de desconforto. O ambiente estava decorado de forma extravagante, mas havia algo inquietante no ar. Quando foi vendada e amarrada, Kelly inicialmente achou que era uma brincadeira. As risadas de Taty e Patty pareciam forçadas, e uma sensação de desconforto começou a se instalar.

Kelly: "O que está acontecendo? Me tirem daqui!"

Ao abrir os olhos, a cena era chocante. Uma faixa com a palavra "GAROTA BURRA" estava pendurada à sua frente, e fotos suas, marcadas com um X vermelho, estavam espalhadas pelas paredes. O riso cruel dos colegas de escola ecoava no ambiente.

Nick apareceu, com um sorriso agora revelando um desprezo frio. Ele estava cercado por uma multidão que observava com expectativa.

Nick: "Você gosta de humilhar, né, Kelly?"

Kelly: "Nick, o que está acontecendo?"

Nick: "Você é tão burra, Kelly, que não percebeu que eu estou com a Patty. Namoro com você, mas tenho um caso com ela há tempos."

Cada palavra de Nick parecia um golpe afiado. Kelly sentiu o chão sumir sob seus pés, e o desespero se transformou em uma onda de vergonha e tristeza. Taty e Patty, aquelas que ela considerava amigas, começaram a jogar ovos podres nela, enquanto uma fila de estudantes passava, descarregando suas frustrações e invejas.

Natacha, sua irmã gêmea, apareceu com Apollo, sua presença marcante e autoritária contrastando com a crueldade da cena. Eles rapidamente ligaram para a polícia e chamaram a diretora, e a ajuda chegou rapidamente.

No hospital, Kelly estava marcada não apenas pelos machucados físicos, mas pelas cicatrizes emocionais mais profundas. Seus pais, Mark e Amélia, estavam ao seu lado, com olhares que refletiam uma mistura de preocupação e tristeza.

Natacha: "Fui o mais rápido que consegui depois que soube."

Mark: "Kelly, talvez essa mudança para o Brasil seja o melhor para todos nós."

Kelly: "Talvez seja o melhor... Minha vida é uma ilusão, ninguém gosta de mim de verdade."

O médico garantiu que os machucados físicos se curariam em alguns dias, mas Kelly sabia que as cicatrizes emocionais levariam muito mais tempo para cicatrizar. Ela desligou o celular para evitar as mensagens cruéis que ainda chegavam e virou-se na cama do hospital, exausta. Finalmente, as lágrimas secaram, e o sono inquieto tomou conta dela, trazendo um descanso temporário para uma mente atormentada.

Uma patricinha no Rio de janeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora