capitulo 9 A Lu é um maximo

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Fiquei super triste, nem queria mais sair do quarto. Me joguei na cama, abraçando o travesseiro, tentando afastar a sensação de humilhação. A porta do quarto bateu suavemente, e eu ouvi um leve "toc toc".

— Quem é? — perguntei, minha voz abafada pelo travesseiro.

— Sou eu, Luana — respondeu ela, do outro lado.

— Vai embora — respondi, sem ânimo.

— Você esqueceu que esse quarto também é meu? — Luana rebateu, com um toque de humor.

Suspirei, levantando-me para abrir a porta. Ela entrou, carregando uma bandeja de comida.

— Trouxe comida para você. Sabia que não iria almoçar conosco depois daquela situação chata com a Inês — disse, colocando a bandeja na mesa ao lado da cama.

— Obrigada, mas não quero. Deve ter veneno aí — respondi, meio séria, meio brincando.

— Se você quiser, eu provo primeiro. Não tem veneno nenhum, prometo — Luana insistiu, tentando aliviar o clima.

— Tá, me dá então... Estou morrendo de fome — cedi, pegando o prato. — Mas por que está sendo legal comigo?

— Porque precisamos nos unir, Kelly. Eu odeio esse lugar tanto quanto você — disse Luana, sentando-se ao meu lado.

— É... Você tem razão. E só para esclarecer, eu não fiz nada demais com o Bernardo. Ele me deu um beijo, e eu fiquei sem reação — confessei, sentindo as lágrimas começarem a brotar.

— Eu tinha acabado de sair de perto de vocês. Não deu tempo de acontecer nada demais. Eu até tentei explicar isso para a  Inês, mas ela nem quis me ouvir — Luana respondeu, tentando me confortar.

— Você não entende... Eu ainda sou virgem — falei, e as lágrimas finalmente caíram.

— Sério? Virgem ainda? Oh my God! — Luana exclamou, surpresa.

— Fui tão humilhada sem merecer — desabafei, tentando conter o choro.

— Tia Inês é muito injusta — Luana concordou, passando o braço pelos meus ombros.

Nesse momento, outro "toc toc" na porta. Dessa vez, uma voz que eu reconheci imediatamente.

— Quem é? — perguntei, já sabendo a resposta.

— Seu pai, filha — disse ele, com a voz firme, mas gentil.

— Xiii... Lá vem bronca — murmurei para Luana. — Pode entrar, papai.

Meu pai entrou, fechando a porta atrás de si. Seu olhar preocupado se suavizou quando me viu chorando.

— O que foi, meu anjo? Por que está chorando? — perguntou ele, sentando-se ao meu lado na cama.

— Tia Inês não te contou? — perguntei, tentando controlar as lágrimas.

— Não... O que você aprontou? — ele perguntou, mas antes que eu pudesse responder, Luana tomou a palavra.

— Ah, nada demais, Ricardo. Eu e a Kelly discutimos, mas já está tudo bem — Luana se apressou em explicar.

— Kelly, tenta se comportar. Mas por que você está almoçando aqui no quarto? — perguntou meu pai, olhando para a bandeja de comida.

— É que fiquei com vergonha de ir almoçar depois da discussão com a Luana. Então preferi ficar aqui, mas ela disse que está tudo bem agora — expliquei, tentando manter a calma.

— Filha, você veio com o Bernardo, não é? — ele perguntou, mudando o assunto de repente.

— Sim, papai — respondi, sentindo um frio na espinha ao lembrar do que aconteceu mais cedo.

Uma patricinha no Rio de janeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora