capitulo 5 chegando no Brasil

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Ao chegarmos em São Paulo, descemos do avião, e já vi meu pai se preparando para falar.

"Crianças, vamos tomar um café para podermos conversar," disse ele, com aquele tom de quem está prestes a nos dar uma nova notícia.

Suspirei e murmurei baixinho, mas o suficiente para todos ouvirem: "Chega de má notícia por essa semana, papai."

Natasha, surpreendentemente, concordou. "É difícil admitir, mas a Kelly está certa, pai. Para de má notícias."

Minha mãe, sempre otimista, tentou aliviar a situação. "Mas a notícia não é ruim, querida."

"Bom," ela continuou, "decidimos que o castigo da Kelly, por ter chamado sua tia Inês de velha e pobre, será passar esta semana toda com ela. O Apollo e a Natasha podem voltar com a gente no domingo, se quiserem."

Meu pai entrou na conversa, reforçando a decisão. "Mas você, Kelly, vai passar a semana com sua tia Inês e com Luana, a filha de um amigo da família que vai estar na fazenda também."

"O quê? Eu não vou ficar com essa menina, que deve ser cafona e parece que não tem casa, nem com minha tia velha e pobretona," rebati, cruzando os braços com uma atitude de desafio.

Meu pai, claramente desapontado, suspirou fundo. "Kelly, esses são modos? Meu amigo Bruno tem razão, você e  Luana são iguais: mimadas e mal-educadas. Estive com ele na minha última vinda ao Brasil, e ela é bem parecida com você."

Apollo, meu irmão mais velho, não perdeu a chance de me provocar. "Bem feito, vai ficar sem internet por uma semana."

Revirei os olhos e gritei de volta: "Eu não estou nem aí para internet, seu nerd! Só quero minha vida de volta!"

Natasha, sempre pronta para uma briga, riu de mim. "Bem feito para você, otária!"

Meu pai bateu na mesa com força, o que fez todos nós ficarmos em silêncio. "Chega! Estão todos de castigo!"

Ao sairmos do aeroporto, fui recebida por uma visão nada animadora: uma caminhonete velha e desgastada. Olhei para aquilo com puro desprezo.

"Stop. Eu não entro nessa tranqueira," declarei, dando um passo para trás.

Natasha, sempre do contra, exclamou com entusiasmo: "Pô, cara, que caminhonete maneira!"

Uma mulher jovem, na faixa dos 20 anos, desceu da caminhonete. Ela usava um chapéu de palha e tinha um jeito bem caipira.

"Oi, pessoal! Vocês estão bem?" perguntou ela, sorrindo calorosamente.

Olhei em volta, confusa. "Estou no Texas?" murmurei, sem acreditar no que estava vendo.

A mulher riu e estendeu a mão para mim. "Prazer, você deve ser a Kelly. Me falaram muito de você. Meu nome é Ana, eu ajudo sua tia em algumas coisas."

Arqueei uma sobrancelha e perguntei, sem esconder meu desdém: "Ah, você é a motorista?"

Meu pai, percebendo o tom da minha voz, corrigiu-me rapidamente. "Kelly, ela é ajudante."

"Tá bom, ok," resmunguei, sem muita vontade de continuar a conversa.

Ana então olhou para a caminhonete e disse: "Essa tranqueira aqui só tem cinco lugares. Como você desfez dela, o melhor é o Bernardo vir te buscar."

Meu pai assentiu, confirmando. "Kelly, o Bernardo é uma pessoa de confiança. Aguarde aqui, ele está chegando."

Revirei os olhos novamente, já cansada dessa situação. "Quem é Bernardo?" perguntei, desinteressada.

"Meu irmão," respondeu Ana, antes de todos entrarem na caminhonete e me deixarem ali, sozinha e super irritada. Era como um pesadelo horrível, um que parecia não ter fim.

Uma patricinha no Rio de janeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora