Luana me conduziu pelo corredor até o chalé onde ela estava hospedada, na área externa da casa principal. Quando entramos, ela me mostrou o pequeno quarto que eu dividiria com ela. As paredes de madeira antiga, desgastadas pelo tempo, conferiam ao ambiente um aspecto sombrio e opressivo.
— Olha, Kelly, eu fico aliviada por você estar aqui. Confesso que dormir sozinha nesse lugar me deixa meio assustada — Luana admitiu, tentando encontrar algum conforto na situação.
— Concordo com você, Luana. Esse lugar é simplesmente horrível — respondi, fazendo uma careta ao observar as rachaduras nas paredes. O ambiente não ajudava em nada a nossa sensação de desconforto.
De volta à casa principal, encontramos Inês parada no início da escada, com um olhar crítico, pronta para dar sua opinião sobre qualquer coisa.
— Nossa, ela precisa de um retoque urgente — murmurei baixinho para Luana, que riu e concordou.
Inês se aproximou, com um tom de voz carregado de reprovação e leve ironia.
— Como você cresceu, lindinha. E que feio vocês brigarem. Parecem duas crianças de cinco anos.
— Oi, Inês — respondemos, tentando esconder nosso desconforto.
— E você, gostou do chalé? Leve suas malas para lá, ainda estão no carro do Bernardo.
— Olha, tia, eu realmente não posso carregar minhas malas. Vai quebrar minhas unhas e já fiz muito esforço físico hoje — protestei, a frustração evidente na minha voz.
— Se você quiser, pode deixar as malas lá. Vou pedir ao Bernardo para levar para onde for necessário por exemplo um caminhão de lixo — respondeu Inês com um tom de desdém.
Irritada, peguei minhas malas e as levei para o chalé. Quando estava saindo do quarto, Bernardo apareceu na porta, me observando. Ficamos sozinhos em frente ao chalé, o ambiente carregado de uma tensão que eu não sabia como lidar.
— Você é linda, sabia? — Bernardo disse, com um tom que eu não esperava.
— Eu sei disso. Não é a primeira vez que ouço isso — respondi, tentando manter a calma.
— Ah, é? Então você se acha, né? — ele provocou, um sorriso no rosto.
— Para de me cercar, garoto. Eu não estou interessada — retruquei, começando a me irritar.
Bernardo se aproximou e, de repente, me puxou para mais perto. Antes que eu pudesse reagir, ele me beijou, com uma intensidade que me pegou totalmente de surpresa. O calor do seu corpo e o toque dos seus lábios fizeram meu coração disparar, enquanto uma confusão de sentimentos me dominava. Por um momento, quase cedi àquele beijo, mas logo o empurrei levemente, tentando recuperar o controle da situação.
— Pare, por favor — exigi, a voz trêmula.
Ele se afastou imediatamente, com um olhar de arrependimento. — Desculpe, Kelly. Eu não sei o que me deu.
Ainda tentando entender o que acabara de acontecer, senti minhas bochechas queimarem de vergonha. Foi então que a Inês apareceu.
— Que absurdo, Kelly! Já está aqui com um homem? Mal chegou e já está assim? — exclamou Inês, sua expressão era uma mistura de choque e desaprovação. Luana, Apolo e Natacha chegaram logo em seguida, todos com os olhos arregalados.
O constrangimento tomou conta de mim, e tentei me explicar, mas ninguém parecia disposto a ouvir.
— Eu não queria, eu juro — murmurei, minha voz quase falhando.
— Inventar desculpas não vai ajudar, Kelly — Natacha disse com frieza.
— Que vergonha, Kelly — Apolo completou, desapontado.
Inês voltou seu olhar severo para Bernardo. — Bernardo, você não tem vergonha? Você tem namorada e faz isso?
— Como assim, namorada? — perguntei, surpresa e ainda mais confusa.
— Sim, ele tem uma namorada, e é uma pessoa muito gentil, ao contrário de você — respondeu Inês, com uma frieza que cortava como uma lâmina.
— Saiam todos do meu quarto, quero ficar sozinha! — gritei, sentindo as lágrimas se formarem. Não podia acreditar que Bernardo tinha uma namorada.
— Do seu quarto? Aqui é diferente. O que você pensou, que viria aqui e se agarraria com o primeiro que aparecesse? — Inês retrucou, sua voz cheia de reprovação.
— Não é isso que você pensa — tentei me defender, mas suas palavras eram implacáveis.
— Bernardo, eu não vou contar para sua namorada. Sei que vocês têm um futuro lindo juntos. Homens são assim, se divertem com a primeira que aparece. Mas não se preocupe, o assunto termina aqui. Agora quero todos vocês prontos para o almoço, sem mais discussões — finalizou Inês, saindo com autoridade.
— Quer conversar, Kelly? — Apolo perguntou, tentando ser compreensivo.
— Não, Apolo, obrigada — respondi, ainda tremendo.
— Kelly, deixa eu explicar? — Bernardo tentou se aproximar, com um olhar arrependido.
— Bernardo, não quero explicações. Só quero que você saia da minha frente e não apareça mais — retruquei, minha voz carregada de amargura.
Enquanto ele se afastava, me senti esmagada pela vergonha e pelo desespero. O chalé, já sombrio, agora parecia uma prisão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma patricinha no Rio de janeiro
RomanceUma patricinha no Rio de Janeiro. ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||| Essa historia é de uma garota chamado Kelly que muda completamente de vida. Ela vive em um "mundinho pink". Tudo que ela quer e...