"Não tem nada,
porque nada deseja."⎯⎯⎯ Filosofando,
Alexandre Nero.•
Giovanna cogitou a possibilidade de abranger o assunto, questionando-lhe sobre como as coisas haviam calhado e como eles fariam para seguir dali em diante. Contudo, enquanto Inã — de dois anos e alguns meses — fosse o único a lhe dominar a mente, nenhuma palavra seria apta a escapar de sua boca.
Encontrava-se na mais pura e verídica inércia,
a garganta estava seca e sensível.Sabia o que viria pela frente,
mas optou por se manter omissa.Enquanto não falasse,
não seria verdade.Sentia-se uma menina perdida no mundo,
encostada na parede fria de lugar nenhum.⎯⎯⎯ Giovanna? - Alexandre começou (do outro lado da linha) ao receber um largo período de quietude.
Silêncio não era do feitio dela.
⎯⎯⎯ Chego em cerca de dez minutos. - A voz ágil, pouco inaudível e embargada (pelo choro que já vinha a se anunciar) soou.
⎯⎯⎯ Tudo bem. - Respondeu apenas (e nada mais acrescentou), mantendo-se na linha pelos dois próximos minutos.
Escutava a respiração agoniada da outra,
envolta de dor e soluços inconformados.Quando pôde notar que ela se acalmava e a recém e desprezada angústia se reprimia no peito inquieto, finalizou a chamada e se concentrou unicamente no pequeno menino que lhe encarava com os grandes e encantadores olhos claros.
⎯⎯⎯ Ica? — Questionou ele ao indicar o aparelho com o dedo gorducho e pálido (sinalizando que precisava de um banho de sol o quanto antes), havia captado a entonação da madrinha por meio da altura de sua voz (potencializada pelo aparelho celular); desencontrada há bons dias e noites.
⎯⎯⎯ Sim. — Nero se limitou a responder com um suave ar de riso, achava graça como Inã era obcecado por Giovanna; enquanto ela ainda tinha receios de como trazê-lo a sua vida. ⎯⎯⎯ Ela vai nos encontrar daqui a pouco. — O ar choroso se manifestou por meio de lágrimas teimosas e Alexandre estava prestes a verter o rosto para anulá-las, a fim de esconder a angústia do menino que parecia ter sido ligado na maior das voltagens.
⎯⎯⎯ Por que que você 'tá cholando? — A voz infantil, apesar de embolada e envolta do reconhecível (a quilômetros) sotaque carioca, soava compreensiva aos olhos do mais velho.
⎯⎯⎯ São apenas coisas de adulto, campeão. — Forçou o canto dos lábios finos em um sorriso mínimo, estranhando quando o garoto impulsionou o corpo para cima e capturou uma das redomas densas.
⎯⎯⎯ Mamã disse que é para matar o que for tiste, Lê. — Murmurou calmamente (a fim de reproduzir os ditos com maior fidelidade aos originais) e apertou a bolha, gargalhando ao ter a quantia minúscula de água escorrendo por entre os seus dedinhos. ⎯⎯⎯ 'Cabou!
Alexandre se admirou com o ato provindo do menino, o qual classificou como quase poético, acariciando-lhe as bochechas com leveza em meio a um agradecimento silencioso. Estenderia-se ali enquanto a atmosfera permanecesse doce.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Ilécebras. (Edição)
FanfictionGioNero | Você seria capaz de se encantar por uma realidade que nunca lhe foi cogitada? Famosos pelo compartilhamento de uma relação turbulenta e quase problemática, Giovanna e Alexandre adentram a caótica energia de Ilécebras quando se enxergam na...