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Naquela noite, Enid não sonhou como nos
outros dias. Longe disso.
A loira lembra de estar em sua forma de lobo completa.Os dentes afiados rosnavam e uma pequena saliva escapava pelos vãos de sua boca.
Os pelos escuros eriçados e os olhos ainda brilhantes, mas pela dor.
A garota se lembra do desespero ao ver uma sombra correr entre as árvores que lhe cercava. Seu cabelo era trançado, mas seu rosto nem sequer aparecia, como se não houvesse algum traço ali.Enid gritava pela menina, pedindo para que ela ficasse. O sentimento do coração batendo contra a caixa de seu peito era desesperadora e dolorosa. De alguma forma, seu interior sabia que aquela era sua companheira, e ela estava a deixando.
Em algum momento que ela não soube dizer qual, seu corpo doeu fortemente. No segundo em que a lua cheia se cobriu, era a hora de voltar a sua fase humana, todavia, todas as juntas de seu corpo ardiam.
Enid apenas caiu no chão e em um piscar de olhos, desligou-se da realidade.Ela ainda possuía um fio de consciência, mas já havia compreendido que se tornou um lobo sem amor e nem alma. Conforme os segundos passavam, mais se perdia entre a humanidade e seu animal interior. Sua mente oscilava e lutava para ver qual iria lhe dominar.
Sua companheira fugiu ao ver sua forma animalesca, deixando-a sozinha para enfrentar o seu pior pesadelo; a vida de um lobo sem alma.
Os olhos azuis cristalinos abriram em desespero. Sua respiração estava descompassada e parecia queimar suas vias respiratórias;
A testa brilhava em um suor recente e escorregadio.Enid olhou para o outro lado do quarto, vendo uma pequena fumaça sumir.
Parecia uma forma humana, mas por desaparecer assim que a Sinclair lhe percebeu, preferiu pensar que era apenas a poeira que o vento deixou entrar com a janela aberta.Seu corpo queimava pelo sentimento doloroso do recente pesadelo e a loba apressou os movimentos para tirar seu cobertor felpudo. Era macio, mas agora a esquentava profundamente.
A loira levantou calmamente e caminhou pelo quarto até estar em frente ao espelho de corpo inteiro. A traseira de seu cabelo eriçado em uma bagunça, mostrando o quanto ela se moveu pela noite;
Os olhos inchados e a aparência cansada.Mas, nada que um pente e uma maquiagem não resolvam.
Enid abriu um sorriso acolhedor no rosto e voltou para procurar pelas roupas do colégio.
Ela precisava parecer bem; ela estava bem.Antes de sair de seu dormitório, sua curiosidade apertou-lhe o peito em cheio. A loira abriu a pequena caixinha grudada a parede do cômodo. Uma fina abertura deixava que o mensageiro deslizasse os papéis por ali. Era dia de receber uma mensagem dos pais.
As mãos tremendo em ansiedade abriram a caixa de correspondência em excitação. O sorriso largo abaixou um pouco ao ver apenas uma.
O nome Lincoln Sinclair estava em letras brilhantes no envelope. Pelo menos seu pai lembrou.
O homem não era bom com palavras e expressar sentimentos, mas ele assim tentava.Enid foi aceita ao colégio quando possuía 11 anos. Ela ainda estava na época da transformação, então as cartas de sua mãe eram frequentes.
Claro, sempre perguntando sobre garotos e sua transformação.
Ao passar dos 13 e começar a ser comentado seu atraso pela matilha, as cartas foram sumindo pouco a pouco.
A última que se lembra era das palavras de Esther dizendo o quão decepcionada estava.Oh, claro, ela enviou uma depois!
Ao receberem a correspondência de Enid contando que havia se transformado, Esther enviou uma de volta perguntando se pelo menos um companheiro ela havia encontrado no tempo certo.
Ela não recebeu uma resposta ao dizer que não.
Voltando para as palavras de seu pai, ele havia sido mais atencioso dessa vez.
Confessou inclusive que pediu ajuda à um dos pais da matilha mais carinhosos que conheciam; assim, ele conseguiu expressar o que queria.Lincoln parabenizou a filha pelas notas no semestre (cujo Enid havia lhe enviado o boletim dias antes) e escreveu que sempre teria orgulho de sua pessoa.
P.S: sei que sua mãe pode ser complicada as vezes, mas ela também te ama.
Foi como ele terminou a carta. Sinclair não teve tanta certeza do último fato.
Ao ouvir o sino tocar, a loira guardou sua carta rapidamente na bolsa e correu pelos corredores.
Sua primeira aula seria de botânica."Chegou bem na hora, quase que Divina senta aqui!" Yoko sussurrou para a amiga assim que ela sentou ao seu lado. Enid colocou a pequena estufa -- que recebera na última aula -- sobre a mesa e encarou a amiga asiática.
"Não era o que queria? Divina se juntar a você seria ótimo!" Tanaka bateu os dedos na mesa enquanto ouvia a amiga lhe responder.
"Eu não estou preparada para conversar com ela está manhã!" Tanaka possuía um encanto diferente pela garota do grupo das sereias.
"Oh..." A loira resmungou, antes de deixar uma risada escapar pelos lábios rosados e brilhantes pelo gloss.
Senhora Thornhill entrou na sala com seu salto alto barulhento, sendo acompanhada por uma pessoa logo atrás.
O corpo era pequeno, mas a franja lhe cobria boa parte do rosto."Alunos, antes da aula de hoje eu quero fazer uma apresentação..." A ruiva tingida começou. Suas mãos foram aos ombros da garota desconhecida. "Sejam receptivos com nossa nova aluna Wednesday!"
Ao dizer o nome, a aluna pálida subiu o olhar. Os olhos eram grandes e pareciam duas jabuticabas.
O cabelo foi arrumado por um movimento calmo da garota; o dedo indicador deslizou pela testa, retirando um fio de sua franja.Nenhuma palavra saiu de seus lábios, em nenhum um momento sequer.
Os olhos curiosos de Enid encaravam a menina tão semelhante ao ser de seu sonho.
O corpo curvou-se levemente para cima da mesa, tentando ver mais da garota. Em sua mão, o lápis rodava entre os dedos em distração.Wednesday era curiosa e Sinclair não lembra de tê-la visto antes; precisamos dizer que Jericho era minúscula.
Ela com certeza não era da região.─━━━━━━「⊱𝓢 ⊰」━━━━━━─
já tinha esse capítulo pronto,
por isso não demorou tanto.Bom, vamos la: estou ciente das
atitudes do ator Percy (Xavier) e peço
para que diferenciem este homem do
personagem que ele carrega (chato pkrl tb).
Xavier em minha história (Charleston) é um bom garoto e de forma alguma eu apoio as atitudes nojentas! Até que seja provado o contrário eu ACREDITO na vítima sempre! É um senso comum e o mínimo.
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SANDMAN, wenclair.
FanfictionCom medo de passar o resto de sua vida sem um companheiro e acabar se tornando um lobo selvagem e sem alma, Enid Sinclair dorme todas as noites chorando sobre o travesseiro pedindo um amor verdadeiro. Ela só não sabia que sua vida mudaria completame...