S. | 01

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Sandman pode ser orgulhoso e rancoroso muitas vezes. Ele pune aqueles que o contrariam ou não aceitam suas vontades.
Nós, do mundo real, podemos não sofrer com sua ira, mas os seus que habitam o mundo dos sonhos, sim.

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Sonho não agia sozinho quando se tratava das forças naturais.
Filhos do Tempo e da Noite, sonho, destino, morte, destruição, desejo, desespero e delírio, cada um possuía seu próprio reino com segredos e símbolos característicos.

Mas, Morpheus não poderia governar o reino dos sonhos sem o pesadelo.
Oposto à felicidade, os pesadelos levariam as pessoas à melancolia, tristeza, desespero e todas as emoções negativas que o corpo poderia apresentar.

Ninguém queria ser o pesadelo.

Por mais prazeroso que pudesse ser o poder de controlar as emoções ruins em alguém, ninguém queria exercer essa função. Nem mesmo os seres "excluídos" da corporação das forças naturais.

Então, Sandman não teve outra escolha a não ser criar seu próprio pesadelo; feito apenas para continuar mantendo sua boa imagem de alguém superior.

Esse era um dos motivos pelos 3 irmãos mais novos não gostarem do Sonho; o ser sentia-se superior aos demais, por causar tanto prazer às pessoas (junto ao delírio).

No início, a garota criada não se importava em exercer seu trabalho.

A mais bela criação de Sonho era seu orgulho em massa; a que mais lhe obedecia e ajudava em algumas missões necessárias.

A menina possuía a pele pálida (assim como o restante dos sentimentos) por habitar um plano tão frio e sem sol algum; os fios de seu cabelo eram escuros como a noite e escorrido com pequenas ondulações ao meio.
Suas roupas sempre possuíam o tom escuro e pesado, representando o sentimento que ela carregava por onde passava.

O problema começou quando ela tomou consciência do que causava nas pessoas. Vendo o seu criador ser tão aplaudido e amado lhe causou o terrível sentimento do desejar. Ela ansiava pela devoção da mesma forma.

Assim então, a garota pediu à Morpheus para tornar-se responsável pelo sonho também.
O ser apenas riu, em deboche. Ninguém estaria no mesmo palanque que ele.

Os anos passaram e a pálida continuou com o desejo em seu peito.
Em uma noite, Wendy, como era chamada pela companhia, tentou roubar os pertences de Morpheus: o elmo, a algibeira de areia e o rubi.

Ao sentir a presença da invasora, Sandman impressionou-se com o pequeno roubo.

A ira cresceu em seu peito; o rancor criou raízes pelo coração e o orgulho escorreu pelos lábios tão cruéis quando queriam.

Sentindo-se traído, Morpheus mandou sua criação para a prisão do reino, onde a deixou aprisionada por milênios.
O tempo para a garota não demorou tanto a passar, no entanto, já que o calabouço habitava um plano ausente de tempo.

Por mais traiçoeira que o pesadelo tivesse sido, Sandman ainda a tinha como sua criação e o sentimento não sumiu de seu peito.
Os anos passaram e enfim, o homem teria um trabalho para a garota.

Precisamos citar que, assim que presa, o pesadelo continuou exercendo seu trabalho, mas sem um fim; todas as noites algum humano teria sua visita.
Ah, e claro, a criação não desceu mais ao plano real como Morpheus descia para causar um sonho.

"Você continua igual a última vez, meu pesadelo." A voz do ser soou pelo corredor do calabouço. O local era escuro, com apenas a luz vinda de uma janela pela lua, já que nunca amanhecia; era sempre noite na região.

"O que eu fiz para receber sua majestosa visita, Morpheus?" Em um tom arisco, pesadelo aproximou-se das grades de sua prisão. "Finalmente tenho seu perdão?"

"O que você fez é imperdoável, pesadelo." O Sonho respondeu de uma vez. O tom irônico e rancoroso escorria pelas palavras.

"Então o que faz aqui? Eu prefiro o silêncio de quando não recebo visitas."

"Lhe darei a chance de sair desta cela, pesadelo." Sandman murmurou, saindo das sombras do calabouço.

"Sentiu saudades de quando trabalhávamos juntos?" Um sorriso irônico crescia no rosto cansado e pálido da prisioneira.

"Antes de me trair e tentar roubar meu poder? Definitivamente, não." O ser cuspiu as palavras. "Mas, se estiver disposta a sair deste lugar, eu lhe tenho um trabalho."

"Eu recuso a sua oferta encantadora, Sandman."

"Você acha que possui posição de opinar o que deseja, nightmare?" Sonho respondeu novamente. "Criaste uma dívida eterna comigo quando ousou cobiçar minha posição no reino." Prosseguiu com seu discurso.

"Quer que eu te ajude a realizar o desejo de alguém, para assim prosseguir com seu mantra de boas sensações?" O pesadelo sorriu.

"Como é esperta a minha criação..." Murmurou em um tom irônico. "Você descerá para a terra em busca de uma garota...-"

"Eu já disse que recusei a oferta, Morpheus!"

"...Seu sonho é ser amada incondicionalmente," Ignorou o que lhe foi dito. "E você será a responsável por isso..."

"Enlouqueceu? Eu não vou amar alguém porque você mandou! Eu não preciso disso! Sentimentos humanos são inúteis para mim, esqueceu? Nem o prazer do medo me satisfez!" Talvez o pesadelo fosse um pouco ambicioso.

"Inútil? Acha que eu não sei sobre sua paixão pela melancolia?" As sobrancelhas finas da prisioneira subiram, curiosas. "Eu sou seu criador, pesadelo, eu sei o que você pensa e saberei se você me trair lá embaixo novamente!"

"Eu..."

"Você perderá a consciência quando eu lhe mandar para lá, entendeu?" Morpheus tornou a dizer. "Um prazo será posto quando vocês se conhecerem. Se eu souber que não fez o que eu lhe ordenei, eu lhe descriarei no mesmo instante!"

"Como eu posso me obrigar a amar alguém? Isso é um absurdo!" Pesadelo bateu as mãos contra a grade.

"Eu não preciso lhe explicar mais nada, minha criação." Sandman respondeu friamente. "Você esquecerá tudo o que lhe seguiu antes, todos os milênios de vida sumirão." O corpo alto e magro caminhou para mais perto da cela. "Se você não for capaz de amar tal garota, saberei que não possui esperança alguma." Suas mãos subiram lentamente. "Um amor sem esperança não possui outro destino a não ser a morte" Morpheus colocou a ponta de seu dedo indicador na testa pálida; os olhos de sua criação ainda possuíam a ira que lhe abrigou por anos.

"Prepare-se, Sonho, eu não irei amar esta garota e, assim que me mandar para a terra, não terá controle algum sobre minhas ações..." A prisioneira murmurou.

"Eu controlo tudo o que eu quero, meu pesadelo." E então, a ponta de seu dedo brilhou. "Tic, tac, tic... tac!" Sua criação caiu no solo da cela, sumindo em brasas segundos depois.

Morpheus bateu as palmas de sua mão, limpando o pó do resto de sua magia. Se pesadelo fosse capaz de amar um ser tão puro na terra, então não será uma causa perdida e sem esperança alguma.

Caso contrário, sumiria da existência no mesmo instante. O relógio estava contando cada segundo.

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Não viverei em vão, se puder
Salvar de partir-se um coração, ...
...Não viverei em vão.
- Emily Dickinson.

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as atualizações serão
lentas, que eu quero
trazer um bom resultado
para vocês. Isso exige um
pouco de tempo para pensar e
escolher as palavras.

SANDMAN, wenclair.Onde histórias criam vida. Descubra agora