SANDMAN, wenclair.

S. | 17

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"Vo-vo-vo-" Wednesday sentia a língua travar dentro de sua boca sempre que tentava dizer algo. "Como...?!"

"Como eu sei? Era óbvio, sempre que algo te incomodava você chamava pelo Sandman!"

"Mas... não, Enid, você não devia saber e-"

"Por que não? Qual o problema?" A loira riu.

"Não estava pronta para contar ainda, oras! É algo que exige tempo para explicação... compreensão..." Addams virou-se de costas e passou a mão pelo cabelo solto.

"Por que eu preciso compreender sua obsessão pelo Deus do sono?" Enid coçou a nuca. "Todos nós somos obcecados por algo, ué? Eu sou obcecada pela Taylor Swift!"

"O que?" Pesadelo voltou a encarar a loba. "O que você acha que eu sou?"

"Fã da mitologia grega? Fã de Deuses? Eu sei que você curte essas paradas. Você se paga de sem coração, que não liga pra nada, mas no fundo curte uma bela história!"

"Oh..." Wednesday suspirou. Bom, então era só isso? Sinclair achava que ela era algum tipo de devota de Sandman? "É... claro, eu amo ele! Nossa!"

"Eu também amo! Amo tudo da mitologia em um geral!" A loira sorriu animada. "Sabe, eu sei muito sobre esses Deuses e sei relatos antigos de família! Eu posso te contar sobre mais tarde, o que acha?"

"Eu adoraria, Enid." A morena murmurou.

Seu peito subia e descia rapidamente, sentindo todo o peso sair de suas costas.
Se ela descobrisse tudo agora, seria o fim! Ela surtaria com toda certeza.

"Tudo bem! Quando eu voltar da transformação, eu lhe contarei tudo!"

"É lua cheia novamente? Nossa, parece que a última foi ontem!" Wednesday coçou a nuca; ela se referia a última vez que viu Sandman.

"Bem, sim, meio que foi a alguns dias atrás mesmo..." Enid encolheu os ombros. "Essa é a última da semana, eu imagino."

"Por que não se transformou nos outros dias?"

"Meu corpo não tinha força para isso após o último ataque. Eu senti muita dor nas últimas noites porque meu lobo tentava sair, mas não conseguia." A loira suspirou. "Mas eu me sinto melhor, então eu consigo dessa vez!"

"Hm..." Wednesday apenas movimentou a cabeça positivamente.

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As mãos gélidas acorrentadas há dias naquela pequena cápsula ardiam; os pulsos pálidos possuíam uma forte marca vermelha, mostrando o aperto que sentia.

Os fios negros do homem caíam sobre o rosto, deixando sua aparência ainda mais perdida.

"Não vai mesmo nos ajudar?" A voz que tanto odiava soou do outro lado do vidro. "Sabe que eu posso te tirar daí em um piscar de olhos, não sabe? Basta trazer meu pai de volta!"

Silêncio.

"Eu estou ficando sem paciência!" Tornou a dizer. "Tentamos há anos capturar você e agora que conseguimos, parece que continuamos na estaca zero!"

"Se me queriam, por que continuam atacando pessoas inocentes?" A voz rouca dentro da cápsula soou.

"Porque eu quero acabar com todos que um dia desprezaram meus antepassados! Se restaram apenas minha mãe e eu de minha linhagem, é culpa desses padrões que nos caçavam!"

"E por que os excluídos?" O homem mantinha a cabeça reta, sem fazer um mínimo movimento.

"Eles também contribuíram para a nossa exclusão na sociedade! Nos tratavam como lixo!"

Sandman não o respondeu desta vez.

Ele conseguia ouvir a respiração descompassada e irritada da pessoa ao lado de fora de sua nova casa.

Tudo ocorrera quando resolveu descer à terra para visitar Wednesday.
Era a lua de sangue, perfeita para todo tipo de bruxaria.

Em algum ponto da conversa com sua criação, o ser sentiu seu corpo ser puxado e perdeu a consciência por alguns instantes; quando abriu os olhos, já estava preso.

"Meu pai morreu por culpa dessas pessoas e eu não vou parar enquanto não acabar com cada um deles!" Seu sequestrador bateu mais uma vez no vidro. "Eu quero que você o traga de volta! Eu sei que consegue!" Sua voz era cheia de ódio, raiva, desprezo. Tudo e mais um pouco. "É só usar seus poderes idiotas!"

Silêncio.

A pessoa ao lado de fora apenas suspirou; suas mãos passaram pelos fios de seu cabelo antes de concordar minimamente com a cabeça, como se aceitasse o que estava acontecendo.

Seu braço esticou ao lado do corpo, deixando uma mão em seu bolso e a outra livre; as pernas caminhavam de um lado para o outro em frente à cápsula, tendo certeza de que Morpheus o veria ali.

"Tudo bem, tudo bem..." Murmurou. "Se não partirá de você, partirá de outro alguém." Seu braço subiu levemente, deixando os olhos observarem os ponteiros no relógio. "Está quase na hora dos lobos saírem essa noite para a transformação, o que significa que Wednesday ficará sozinha."

Os olhos do ser finalmente encararam a pessoa a sua frente. Sua atenção estava toda nela agora.

"Enid demora voltar, é tempo suficiente para capturar seu pesadelo." Sorriu estranho e encarou Sandman na cápsula. "Já que o papai dela não resolve meus problemas, talvez ela consiga, não acha?"

"Ela não pode. Não tem tanto poder assim."

"Não pode? Eu duvido que não!" Riu baixo. "Ela faz tudo o que quer quando pensa na loba estúpida, eu já percebi isso!" Encolheu os ombros. "Eu sei que a força dela está na garota, você é muito previsível, Sandman... tudo o que faz bem à Enid, ela consegue realizar. É só mexer dois palitinhos que eu consigo o que eu quero!"

"Ela não tem nada a ver com isso. A deixe de fora!"

"Ah, não tem?" O sequestrador sorriu antes de mexer a cabeça negativamente. "Quem não tem cão caça com gato... e ô gato, en? Wednesday é uma bela menina!"

Morpheus levantou-se abruptamente, fazendo com que sua pequena jaula transparente tremesse pelo peso. Suas mãos tocaram o vidro, tentando algum contato com a pessoa a sua frente.

"Não há o que você possa fazer, Sandman, você está fraco, há dias sem conseguir usufruir da energia de seu mundo! Sem seus pertences você não é nada!" O tom raivoso nunca saía. "E já que me negou tantas vezes, eu irei atrás de outra coisa! Foi sua escolha, a culpa é sua se agora ela pagará pelo seu desprezo. Você é um ser orgulhoso! Realiza tantos desejos mas o meu... o meu você não foi capaz e eu te odeio por isso! Após terminar tudo em Jericho, você terá minha total atenção, Morpheus."

Com um último olhar sombrio, Sandman viu seu "invocador" subir as escadas do local onde estava preso.

O ser finalmente estava temendo pelo que viria pela frente; ele não poderia fazer nada e nem ao menos conseguiria ajudar sua criação.

Os olhos escuros rodaram pelo local onde estava, observando cada pequena cela, onde os alunos estavam.
Grande maioria ali eram licantropos, já que sua forma animal era forte, ainda mais com tudo o que era injetado nessas pessoas.

Após uma pequena dose da seringa em suas veias em plena lua cheia, os lobos tomariam sua pior forma, ainda mais agressiva e sem remorso algum de destroçar alguns corpos.

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