Prólogo

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( AVISO: Este prólogo pode causar gatilhos e desconfortos )

- Por favor... não, eu não quero mais isso, por favor me ajuda...

- Do que é que você está falando? Anda, levante-se.

- Não não! Por favor, eu faço qualquer coisa, só não me obrigue mais!

Passando as mãos pelos negros cabelos enquanto olhava para o espelho grudado na parede amadeirada, era perceptível que aquela mulher mais velha tinha um ar de elegância e desapego, com seus olhos azuis e sem brilho, um rosto sem ternura e piedade, sua atenção nem se direcionava direito a menina que estava ao seu lado, segurando seu braço aos prantos, com lágrimas escorrendo em seus olhos castanhos.

Um respiro longo de impaciência era dado pela mesma, afinal, não parecia se importar nem um pouco com a garota ao seu lado, que a olhava com os olhos esperançosos enquanto estava sentada ao chão do quarto.

- Eu já te disse, levante-se, já está na hora de você aceitar e crescer de uma vez por todas!

Puxando o braço de uma vez só, a garota se desiquilibra e cai ao chão, com seus cabelos longos e escuros cobrindo seu rosto. Naquele momento a indignação, ódio, injustiça e dor eram as emoções mais presentes para ela, lágrimas derramadas com pura dor eram descontroladamente despejados, a pequena levanta seu olhar, agora mais intenso e vermelho, o que faria a mulher mais velha arregalar um poucos os olhos.

- Você é um monstro! Eu te odeio! Nunca mais te chamarei de mãe! Você vai se arrepender!

A olhava por alguns segundos sem dizer uma palavra, o que causava na menina arrepios; conhecia sua mãe e sabia que aquele não era um bom sinal, como se tivesse acertado em algum detalhe ainda sensível para ela. Com a força da raiva, a mulher desfere um tapa ao rosto da menina, o que a faz deixar a marca em seu rosto, a segurando firmemente e olhando em seus olhos que já estariam inchados de tanto chorar, podendo sentir o hálito em suas narinas ao ouvir o que sua mãe dizia.

- Você não fará nada porque não pode fazer nada... irá me obedecer e fazer o que eu mandar, é a única coisa que fará.

Então é possível ouvir o sino tocar ao som de uma porta a abrir, um sinal de que alguém teria chego naquele momento; o que para a mais velha era música para seus ouvidos. Se levantando e largando o rosto da garota, ela olha para trás e com a boca vermelha dá um sorriso de canto, se agradava ao ter aquele momento que julgava irrelevante interrompido, voltando ao que fazia todos os dias, ao seu trabalho.

Olhando de volta para a menina que estava caída no chão, diz:

- A sua sorte é que esse gosta de uma marquinha no corpo, quem diria que se tornaria um brinde da casa..._ soltava um riso de sarcasmo e concluía_ agora faça o que tem que fazer de uma vez por todas e sem mais um piu.

Saindo do quarto com um sorriso no rosto, a mulher se depara com mais um dos seus clientes, dessa vez um homem barbudo e alto, aparentava está na casa dos 50 e pouco, as linhas de expressão em sua teste e seus olhos deixava isso evidente; aparentava um esporte-fino e cigarro entre seus dedos.

- Boa noite, senhor Jobs... um agrado vê-lo por aqui.

- Boa noite, senhorita Clavins... E então?

- Já está ao seu aguardo senhor, é o primeiro quarto a direita.

O homem então se direciona até o local determinado pela mulher, seus passos eram diretos e constantes; aparentava uma postura meio recaída pela idade, mas era possível perceber que era uma pessoa arrogante. Assim que abriu a porta jogou o cigarro no chão e pisou nele, olhando para a menina em seguida, a mesma se encontrava encostada na cama de cabeça baixa, olhando para frente e chorando novamente enquanto dizia:

- Por favor, não... Não!

A mulher logo se enfurecia, aquela cena poderia desagradar o cliente e perdê-lo, o que seria inadmissível para ela e para seus negócios; afinal, sua mãe sempre foi rígida em relação ao seu trabalho.

- Ora sua-

Então seus passos eram interrompidos com a mão do homem que se levantava, sinalizando para ela parar de falar e andar, pois em seguida dizia:

- Não se preocupe, irei cuidar muito bem de você essa noite...

Olhava de canto para a mulher e ela entendia o recado, sorrindo e saindo do quarto enquanto olhava uma última vez para a garota, a qual se encontrava com mais dor em seu olhar. A porta era fechada sem mais nem menos e ao passar de alguns minutos, era possível ouvir os sons da cama velha se mexendo, junto com gritos agudos e risos masculinos.

Sombras do Destino- O Despertar dos ReinosOnde histórias criam vida. Descubra agora