Sombras do Destino- O Despertar dos Reinos

Viva Gardênia!- II

 Irrelevância ao pensar e falar, tudo que poderia ver era somente o breu da vasta floresta e o céu escuro como as trevas; correr era o que me motivava a continuar naquele momento.

- Corre corre corre!_ dizia a mim mesma de uma maneira desesperada.

 Passava entre árvores esguias e grotescas, sons de bater de asas causavam-me arrepios e mais atenção ao que estava acontecendo no momento, não podia parar agora, precisava chegar, chegar em alguma coisa.

 Olhando para trás não conseguia ver o que estava vindo, mas sua presença já causava arrepios à espinha, o que não me dava nem um pouco de vontade em ficar pra ver o que era.

 Entre passos constantes e velozes, piso em falso em um galho, me fazendo cair em uma espécie de buraco, buraco esse que parecia ter sido cavado justamente para mim. Assim que caio em atrito com algo duro, porém ao mesmo tempo amortecedor, levanto meu olhar e vejo que é encima de um corpo; o que me faz ver diretamente o rosto de quem era, se deparando com meu próprio rosto completamente em decomposição.

 Grito o mais alto que posso, me levantando o mais rápido possível, mas sou surpreendida com a mesma abrindo os olhos e os dirigindo a mim.

 Com extremo pavor, dou um salto pra trás, encostando na parede do buraco e ficando sem saída; ao olhar novamente para a figura, me deparo com a mesma se levantando e saltando em minha direção.

 Segurava meus braços, o globo ocular de uma de suas órbitas teria soltado para fora e se pendurava por um dos nervos que ainda o segurava, mas não por muito tempo.

 O ser abria sua boca enquanto eu continuava a gritar e a me debater, nada era mais assustador e aterrorizador para mim naquele momento, só pensava em sair dali, pensava que iria morrer, sentia o pânico e desespero misturado com puro pavor. Com a boca se abrindo mais que o normal, era possível ver a pele de seu rosto se rasgando cada vez mais enquanto continuava abrindo a boca, uma espécie de jato preto e denso saindo de sua boca e espirrando em todo meu rosto, a sua quantidade era tão grande que me sufocava, não deixando espaço nenhum para respirar.

 Em uma fração de segundos, olho para cima e vejo uma criança completamente desfigurada, mas com um sorriso de literalmente orelha a orelha, cabelos longos e escuros que se estendiam até seus pés, com seus grandes olhos esbugalhados olhando aquela cena, pegando uma pá e jogando no buraco, começando a enterrar eu e aquele ser diabólico.

- Nã-o, pa-pare!-_Não conseguia dizer uma palavra sequer, não conseguia sequer respirar direito naquela hora.

 Minha vista se escurecia cada vez mais, principalmente com o enforcamento que também começava a sofrer, se escurecendo até ouvir.

-Aurora!

 E com um susto, abro meus olhos... Via Katy me olhando de uma maneira preocupada e com uma de suas mãos em meu ombro.

- Você está tendo mais um de seus pesadelos, Aurora...

- Sim... ainda bem que você me acordou Katy._ Digo em um tom de alívio enquanto me sento na cama.

- Parecia que se eu não acordasse você, iria ter um treco... aqui, beba._ Diz me entregando uma caneca de alumínio cheia de água, a pego e começo a beber._ Só fui na cozinha pegar um pouco de água e te encontrei se debatendo toda na cama, nem imagino o que tenha sonhado essa vez.

- Foi algo horrível Katy, mas não quero falar sobre isso...

- Tudo bem amiga, mas fico preocupada com esses pesadelos que você vem tendo ultimamente...

- Eu sei, é estranho e isso vem me preocupando bastante, mas são somente sonhos, isso irá passar.

 Katy me olhava um tanto desconfiada disso, afinal, já tinha uns 3 meses em que esses sonhos estariam acontecendo com mais frequência ainda.