Capítulo Quinze - Passado: Parte Dois

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— Você era o que, afinal? — perguntou Christian, de boca aberta.

— Eu era o Executor e Estrategista da Alcateia, Chris. — Pablo estava afundado na poltrona, olhando para o teto, tendo uma barra de chocolate nas mãos — Não sou mais Executor, mas ainda tenho meu posto de estrategista, por conta dos meus poderes, eu tenho mais facilidade de prever se um plano dará ou não certo. Mas, às vezes, eu atuo como Executor, como foi na noite em que o Victor te encontrou e vocês quase foram mortos.

— Humm... — o outro ficou pensativo — Mas o que um Executor de Alcateia realmente faz? É o que eu estou pensando? Pois sei que vocês eliminaram pelo menos duas equipes naquela noite...

— Matar. É isso que um executor faz. Ele é o Assassino, aquele encarregado de eliminar alguém. Era isso que eu fazia. Por ser o melhor atirador na época, sempre que haviam trabalhos que envolvessem mortes eu estava neles. Minha marca registrada é um tiro no meio da testa. Geralmente era a forma como Victor e até o Diego me identificam.

Chris não encarou Pablo. Não escondia a surpresa, pois estava chocado. Sabia que o rapaz não deveria ser subestimado pelo seu tamanho ou aparência "frágil", pois ele não era nada disso, e já havia deixado bem claro quando o resgatou. Mas não passou pela sua cabeça que Pablo poderia ter sido um assassino no passado. Não tinha como classificá-lo assim, olhando para seu sorriso fácil e olhos dóceis.

Poderia ser esse o equívoco de seus inimigos. Evitando comentar o que o rapaz lhe havia respondido, ele seguiu para a próxima questão.

— Diego e Victor te salvaram?

Pablo acenou.

— Quando eu era ainda muito pequeno, mataram minha família e colocaram fogo na casa em que vivíamos. Victor havia recebido um pedido de ajuda do meu pai, mas chegou muito tarde. Diego estava com alguns homens dele próximo ao local em que vivia com minha família. O Tigre enviou alguns homens para ele e me resgataram antes de morrer carbonizado.

— Nossa! — exclamou Chris — Mas...

— História para outro momento, Chris. — cortou Pablo, fazendo ele sorrir e acenar — Pode perguntar o que quer saber.

— Você judiou de Diego. — comentou.

Pablo soltou uma risada baixa, como se ainda se deliciasse com aquela memória.

— Ele mereceu. Nessa época, Diego era muito mais quadrado do que agora, você não faz ideia. Todo certinho. Pelo menos algo bom eu consegui na minha vida. Eu mudei a forma dele ver a vida... — Pablo abriu um pacote de bolacha e começou a comer — E não. — antes de Christian formular a pergunta, o menor já respondia — Eu não passei a noite com a garota do jogo de sinuca. Diego deixou claro na época que não queria um companheiro, eu apenas saí com a moça, bebemos e a levei até sua casa em segurança. Eu não ia deixar que minha noite acabasse mal. Pelo menos ele saiu de lá pensando que eu estava fodendo com alguém.

Christian riu, pois estava com dó de Diego. Pablo era vingativo.

— Por que Diego mudou de nome, Pablo?

O Lobo Branco olhou para fora, enquanto devorava o pacote de bolacha.

— Ele nunca quis me contar sobre o motivo de ter mudado de nome... E o Tigre sabe bloquear a mente para que eu não descubra as coisas. Então nunca consegui entender, apesar de desconfiar...

— Hummm. — Christian achou isso estranho. Um lembrete mental de perguntar ao Victor sobre o assunto. Nisso, ele percebeu algo. Encarando Pablo, indagou — Que idade vocês têm? Porque Victor parece ter uns trinta anos, mas percebo que tem muito mais...

REESCRITA - O Alvorecer dos Lobos - Matilha VillanuevaOnde histórias criam vida. Descubra agora