REESCRITA - O Alvorecer dos Lobos - Matilha Villanueva

Capítulo Cinco - Complicações

— Socorro... — Victor ouviu o sussurro do rapaz.

Era como se tudo estivesse em câmera lenta naquele momento. Victor podia ver todo seu futuro ao lado daquele homem, enquanto observava o rapaz aterrorizado, vendo a aproximação daqueles homens que estavam dispostos a destruir sua vida por uma confusão.

O Lobo não pensou duas vezes ao sair do seu esconderijo, pegando o homem pelo braço e escondendo-se novamente no mesmo lugar. Não permitiria que ferissem o rapaz, jamais! Ele era a sua vida agora!

E em momentos, o som dos disparos se tornaram insuportáveis.

Christian grudou-se contra o outro, gritando apavorado, quando a chuva de balas pairou sobre a cabeça dos dois. Permaneceu com o rosto contra o peito dele, tampando os ouvidos, até cessar o tiroteio.

Aquilo não parecia ter fim.

Quando finalmente o silêncio voltou a reinar, Victor deu uma espiada por cima da cabeça do rapaz. Eles estavam dando a volta, não iriam desistir tão facilmente, sabia disso. O Alfa deu uma olhada rapidamente no garoto, notando que tremia da cabeça aos pés e seu rosto estava molhado, provavelmente por lágrimas ou suor, pelo momento traumático vivido. Para o seu alívio, parecia estar apenas assustado, não tendo nenhum ferimento, pois o único cheiro de sangue que sentia naquele momento era o seu próprio.

Naquele momento se deu conta de que era a primeira vez que sentia o calor do corpo do amor de sua vida. Aquilo chegava ser cômico. Justo quando estava em apuros e, provavelmente estaria morto no fim daquela noite, pois faria tudo para protegê-lo, não teria a chance de conhecê-lo...

Ele o apertou com mais força contra seu corpo, trincando os dentes com aqueles pensamentos. Ainda era difícil de acreditar que estava com o seu companheiro em seus braços. Passou a vida desejando encontrá-lo e esta não era a forma que tinha imaginado achá-lo.

— Você está bem? — perguntou bruscamente. Sua raiva era direcionada aos que tentavam ceifar suas vidas. Porém, não conseguia conter a fúria que sentia naquele momento por ser tão azarado.

Mas o rapaz não respondeu. O homem abaixou os olhos, vendo o olhar parado do rapaz. O tateou, cheirando o ar, em busca de algum ferimento que tivesse passado batido por ele.

Mas não, ele estava intacto.

Pela tremedeira que começara a aumentar e a sua palidez com o suor gelado que escorria de seu rosto, o rapaz estava entrando em choque.

— Rapaz? — ele deu uma leve sacudida no menor em seus braços, para tentar trazê-lo de volta à realidade, pois estava ficando seriamente preocupado com a sua sanidade — Você está ferido?

— Não... Acho... Acho que não...

Precisava tirá-lo daquele lugar o mais rápido possível, ele não parecia nada bem.

— Você mora aqui perto? — perguntou ele impaciente. Tornou a olhar para a rua. Estavam voltando, precisava agir depressa ou estariam em maus lençóis — Você mora aqui perto?! — tornou a perguntar, agora mais alto.

O rapaz o encarou, piscando algumas vezes, quando foi sacudido novamente.

— A... Ali... — murmurou ele, olhando-o verdadeiramente pela primeira vez.

Por um segundo, Victor perdeu-se naquele mar azul. Sentiu a vontade gigante de abraçá-lo novamente, querendo dar o mundo para o rapaz. Mas sabia que isso seria impossível.

— Então corra para casa. — exclamou o Alfa, sacudindo a cabeça. O homem se afastou do rapaz, o puxando pelo braço com certa brutalidade, levando-o para a calçada aos tropeços. Olhou para a rua novamente, temendo que os homens vissem os dois.