➺ 15 de setembro ➺
NÂO!
Eu conseguia ouvir a voz dela na minha cabeça. Pelo menos eu achava que conseguia.- Não vale a pena, Camila. Foi quando empurrei minha cadeira e corri pelo corredor atrás dela. Eu sabia o que tinha feito. Tinha escolhido um lado. Estava em outro tipo de encrenca agora, mas não me importava. Não era só Lauren. Ela não era a primeira. Eu tinha passado minha vida inteira os vendo fazer aquilo. Apesar de eu nunca ter pegado uma caneta e escrito PERDEDOR em um armário, eu tinha ficado de lado assistindo, muitas vezes. Sempre tinha me incomodado. Mas nunca o bastante para sair da sala. Mas alguém tinha que fazer alguma coisa. Uma escola inteira não podia derrubar uma pessoa assim. Uma cidade inteira não podia derrubar uma família. Só que, na verdade podiam, porque sempre tinham feito isso. Talvez fosse por isso que Michael não saía de casa desde antes de eu nascer. Eu sabia o que estava fazendo.
Não sabe. Acha que sabe, mas não sabe. Ela estava na minha cabeça de novo. Eu sabia o que encararia no dia seguinte, mas nada daquilo importava. Só queria encontrá-la. E não saberia dizer naquele momento se era por ela ou por mim. Independentemente disso, eu não tinha escolha. Parei de frente a sala do laboratório chamando atenção de Dinah, assim que ela me viu jogou a chave em minha direção. Balançou a cabeça e nem quis fazer nenhuma pergunta, sai daquele lugar como um raio. Tinha certeza que sabia onde encontrá-la. Se eu estivesse certa, ela teria ido para onde qualquer um iria. Para onde eu teria ido. Ela tinha ido para casa. Mesmo se a casa fosse a mansão Jauregui, e ela tivesse ido para o lar de Boo Radley de Gatlin.
A propriedade parecia gigante na minha frente. Ela se erguia no morro como um desafio. Não estou dizendo que estava com medo, porque essa não é bem a palavra certa. Fiquei com medo quando a polícia foi à nossa porta na noite em que minha mãe morreu. Fiquei com medo quando meu pai desapareceu no escritório. toda cidade tem uma casa mal-assombrada, e se você perguntasse à maior parte das pessoas, pelo menos um terço delas juraria já ter visto um fantasma ou dois ao longo da vida. Além disso, eu morava com Dolores, cujas crenças incluíam pintar janelas de azul-pálido para manter os espíritos afastados, e cujos amuletos eram feitos de algibeiras de pelo de cavalo e terra. Eu estava acostumada com coisas estranhas. Mas o Velho Jauregui, isso era outra coisa.
Andei até o portão e coloquei a mão com hesitação no ferro deformado. O portão abriu com um rangido. E depois, nada aconteceu. Nenhum relâmpago, nenhuma combustão, nenhuma tempestade. Não sei o que eu esperava, mas se tinha aprendido alguma coisa sobre Lauren até aquele momento, era para esperar o inesperado e prosseguir com cautela. Se alguém tivesse me dito um mês antes que eu passaria a pé por aquele portão, eu teria dito que essa pessoa estava maluca, doida de pedra. Em uma cidade como Gatlin, em que sabemos tudo que vai acontecer, eu não teria previsto isso, Da última vez, eu só tinha chegado até o portão. Quanto mais perto eu chegava, mais fácil era ver que tudo estava caindo aos pedaços. A casa grande dos Jauregui parecia o estereótipo de fazenda sulista que as pessoas no norte esperariam ver depois de tantos anos assistindo a E o Vento Levou..
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Dezesseis Luas
FanfictionAlgumas paixões estão predestinadas... Outras são amaldiçoadas. Camila é uma garota normal de uma pequena cidade do sul dos Estados Unidos e totalmente atormentada por sonhos, ou melhor, pesadelos com uma garota que ela nunca conheceu. Até que...