"Pai,
Fiquei surpreso quando chegou uma carta sua, tenho que admitir que foi inesperado e você tem que concordar. Mas ainda tem coisas que gostaria de te dizer, coisas que não poderia falar nem mesmo para o Deidara.
Vou te dar um resumo rápido de alguns acontecimentos.
Primeiro fui designado pra vir pra uma ilha no pacífico que não me lembro do nome.
Depois de descarregarmos nosso navio e fazer uma checagem rápida na orla da praia, acampamos e dormimos na praia mesmo. No dia seguinte, nós fizemos uma ronda para vasculhar uma parte da mata e ter certeza de que poderíamos montar nossa base sem o perigo de darmos de cara com o exército inimigo logo de cara.
Eu estou dividindo a cabana com mais quatro pessoas e tenho certeza que, tanto eles quanto os outros, acham que eu sou um idiota. Só por como me tratam. Como se eu não soubesse sequer o básico e, por isso, precisam até me explicar que 1 + 1 é 2. Chega a ser irritante, mas essa carta não é pra falar sobre essa gente tosca. Vou voltar aos relatos.
Em outra patrulha, dessa vez mais a fundo pela mata, encontramos o que um dia deve ter sido uma pequena aldeia ou acampamento. Todas as casas estavam destruídas e com a vegetação crescendo por entre elas. As pessoas. Ou melhor, os corpos estavam em um estado de decomposição avançado e isso fazia o cheiro ser horrível. Pelo estado em que eles estavam eu diria que não morreram de causas naturais. Eu encontrei uma boneca num cadáver de uma criança e trouxe comigo.
Em uma guerra todos os lados sofrem e não tem um certo ou vencedor. Porque, como aprendi com você, pra ter um vencedor tem que ter um perdedor. O poder que está nas mãos de poucos os levam a guerra e arrastam todos nós com eles, nos levam a perder tudo que temos.
Sinto ódio. Não pelos meus supostos inimigos, mas por quem me obrigou a estar aqui. Longe de quem eu amo e isso me deixa puto.
Antes de continuar, como você e o Deidara estão? Estou ficando preocupado com ele, as cartas dele estão me parecendo estranhas de alguma forma que não sei explicar direito. Pode ser só coisa da minha cabeça, mas você poderia conferir pra mim? Se eu perguntar, ele não vai responder ou vai dizer que tô viajando. Eu ficaria melhor se soubesse o que tá acontecendo. Por favor cuide dele por mim até eu voltar.
Agora. Voltando ao que eu dizia antes, nós tivemos que fazer uma espécie de barricada mais à frente. Com arames farpados e trincheiras. As armas estão prontas para serem usadas e nós, bom, estamos esperando o momento em que nossa “calmaria” vai acabar.
E antes de me mandar uma carta de cinco páginas dizendo que eu não deveria mandar informações por que alguém pode encontrar ela e essas coisas, só estou dizendo o que já aconteceu e não passei nenhuma localização ou dica do que faremos a seguir. Mas, se mesmo assim, quiser mandar a carta de cinco páginas vou ficar feliz em ler. Mesmo que seja tecnicamente uma bronca.
Eu também escutei, e você também deve ter escutado, que estamos sob ameaça de bombardeio. As cidades obviamente também estão sob ameaça. Por favor, se cuide. Sei que você não morre fácil, mas se fizer isso vou dar um jeito de te trazer de volta, seu velho.
Obito U. "
Ao terminar de ler tinha certeza que mandaria uma carta não de cinco, mas de pelo menos o dobro de páginas para o filho dizendo o quão imprudente ele foi ao mandar aquela carta com informações que não poderia compartilhar com alguém de fora. Mas estava contente em saber que o filho estava bem e não tinha entrado em conflito até o momento em que escreveu a carta.
Leu de novo a carta. Procurou de novo pelas fotos dele no álbum. A última colocada foi a que ele tirou antes de ir, com o cabelo recém raspado. Estava feliz pelo filho ter crescido e ter visto que ele aprendeu consigo mesmo sabendo que ódio não era bom. Mas já sabiam que ódio era uma espécie de maldição que seguia a família Uchiha.
Concordava com Obito que o loiro estava com um comportamento estranho. Iria até a casa do mesmo para tirar uma conclusão por si só. Já que não via o loiro desde a ida do filho e ambos eram próximos. A mãe do loiro não falava muito e era evasiva quando conversava com Madara quando se encontravam, além de quase não ver o pai dele e de o homem sempre tratar o filho como um desgosto e um fardo.
Estava passando pelo centro para levar uns pães doces que sabia que o genro gostava. Quando notou um cabelo loiro muito familiar, porém mais curto que o de costume. Estava passando muito rápido. Rápido demais para o costume de Deidara.
Foi atrás dele para saber o que estava acontecendo. Ao perceber que o loiro estava indo em direção a junta de serviço militar acelerou o passo.
— Deidara!— o chamou para ter sua atenção. Quando o loiro o olhou viu os olhos meio vermelhos— Onde está indo? Faz tempo que não te vejo.
— Ah, Madara. Eu estou indo me alistar.— falou com convicção mesmo que sua expressão não estivesse condizente com o tom de voz.
— O que? Por que? Você não foi dispensado?
— Sim, mas não pedi por uma dispensa. Foi minha mãe— o argumento pareceu não convencer o Uchiha— Olha, vou ser sincero por que é você, eu prefiro ir pra guerra do que ter que ficar mais um dia em casa. Pelo menos assim vou ser útil pra alguma coisa, vou treinar e fazer parte do corpo de explosão.
— O que acha de ir na minha casa pra gente conversar antes de você decidir algo?
O loiro concordou e foi com o moreno. Já na casa dele, o Tsukuri estava sentado no sofá esperando que Madara voltasse com o chá que ele falou que faria.
— Deidara, vou ser direto, não posso deixar você ir. Prometi pro Obito que te protegeria e isso inclui não deixar você fazer uma besteira dessas.
— Mas Madara eu-
— Escuta, não adianta tentar me convencer. Agora pode desabafar sobre o que quiser comigo e, se precisar, pode passar um tempo aqui na minha casa.
Os olhos do loiro se encheram de lágrimas que ele lutou para segurar. Falou sobre tudo que estava acontecendo em casa, além de contar sobre seu médico. Falou sobre o que ele fazia sempre que o atendia. Desabafou sobre tudo para o sogro. De como se sentia um fardo inútil e sujo, como não aguentava mais ficar lá.
Quando acabou de contar tudo ficou com a cabeça baixa sem saber o que esperar. Ficou surpreso ao receber um abraço. Madara nunca foi de abraços, mas sabia que era o que o loiro precisava.
— Quer passar um tempo aqui em casa?
— Eu posso?
— Claro, você é como meu filho.
∆∆∆
Estou pensando em criar outro perfil pra postar minhas histórias originais. Vocês leriam? (Óbvio que eu continuaria com as fanfics).
Perdão pela demora, o próximo sai mais rápido.
🌈🍉✨
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A uma carta de distância (Obidei - TobiDei)
FanfictionUma guerra acaba distanciando, fisicamente, os amante que começam a trocar cartas até o dia da volta de Obito. Inspirações --> Mini série: O pacífico - HBO História de Gilbert Bradley e Gordon Bowsher.