Kakuzu estava no alto de uma serra olhando para a pista de pouso. Obito chegou ao seu lado junto de Hidan.
— É um perímetro de cento e oitenta metros, vamos nos dividir em turnos de duas horas— começou o veterano— pensem que eles estão de olho na gente esperando para atacar a qualquer momento.
— “Pensem”? Eles estão de olhos na gente. Pelo menos a pista é nossa.
— Isso não muda nada. NÃO FIQUEM DESATENTOS NAS TRINCHEIRAS!— Gritou e saiu seguido pelo platinado, deixando o Uchiha sozinho.
Obito contemplou por um instante o mar adiante e a imensa e densa floresta daquela ilha. Respirou fundo e decidiu escrever uma carta de despedida para Deidara, assim como fez quando saiu de casa. Não pretendia entregar, mas queria apenas ter se preparado para caso aconteça consigo pelo menos ter se despedido mesmo que uma carta que carregasse consigo nunca seria entregue a Deidara já que tudo que tinha nomes ou endereços ou qualquer informação eram queimados para evitar que os inimigos tivessem acesso a essas informações.
Entrou na cabana onde dormia para se preparar para ir para as trincheiras, assim que acabou escreveu uma carta para o namorado e deixou junto da última carta de despedida que havia escrito para ele. Kakashi apareceu para o chamar e foram embora armados para suas posições.
Eles ficaram em uma trincheira em frente a um rio, com arame farpado passando por cima de suas cabeças e todos olhavam para o outro lado com suas armas em punho. Estavam prontos para atirarem a qualquer sinal do inimigo. Enquanto esperavam começou a chover. Os soldados estavam em silêncio e Obito sequer conseguia respirar direito devido a tensão. Os únicos sons que se era possível escutar eram os sons da natureza, o som da água corrente, da chuva caindo e os barulhos dos grilos.
O silêncio e a escuridão da noite foram rompidos por um projétil passando por cima da cabeça de Obito e seus aliados. O tiro tinha vindo do outro lado do rio e, sem pensarem duas vezes, todos abriram fogo contra os inimigos do outro lado do rio. Os sons dos disparos e os gritos se misturavam e se transformaram em uma cacofonia.
Alguns poucos soldados rastejavam por entre a lama para levar mais munição para todos e levar os feridos até os médicos.
A chuva piorava cada vez mais e ficava mais grossa a cada momento que passava. Naquela altura, Obito já não mirava antes de atirar, apenas puxava o gatilho, recarregava sua arma e puxava o gatilho novamente. A adrenalina não o deixava sentir frio ou fraquejar. Não se movia, apenas fazia o que tinha que fazer para se manter vivo. Em certos momentos podia ver como estava a situação do outro lado do rio já que hora ou outra era soltado um sinalizador.
Perdia sua audição aos poucos e começava a escutar um zumbido por causa dos barulhos dos diversos disparos e gritos. As atravessavam de um lado para o outro e por vezes acertavam uma pessoa que podia ou não ser um inimigo. Obito só queria que aquilo acabasse logo para poder voltar para casa, faria o que fosse necessário para voltar.
A adrenalina e o instinto de sobrevivência adormeceram seu corpo, por esse motivo conseguiu suportar a dor e continuar atirando mesmo após levar um tiro em seu braço esquerdo, mas precisou parar e ser levado para receber atendimento médico depois de levar mais um tiro no ombro esquerdo e um que acertou seu olho direito.
Gritou assim que foi atingido, largou sua arma e levou as mãos ao local ferido. Sentia o sangue quente já escorrendo por seu antebraço e pescoço ao mesmo tempo que sentia uma dor excruciante. Se segurava para não gritar, mas não conseguia se segurar por completo. Seu rosto ardia e doía a ponto de ele agonizar de dor. Tinha começado a suar frio e a sentir o gosto de ferro de seu próprio sangue. A dor parecia crescer exponencialmente e, eventualmente, sua visão começou a escurecer à medida que a dor se tornava insuportável. A última coisa que se lembrava antes de apagar era a sensação de ser arrastado.
[...]
Deidara ficava cada vez mais preocupado por não ter recebido nenhuma carta de Obito a quase um mês. Estava na casa dos Uchiha’s onde passava a maior parte de seu tempo agora devido aos problemas com sua família. Madara dizia o tempo todo que tudo estava bem, que era normal os soldados não conseguirem mandar muitas cartas para casa e também dizia que ele logo voltaria a salvo para eles. Mas sempre que falava aquilo era mais para ele mesmo do que para o loiro. Queria, melhor, precisava acreditar que seu filho fosse voltar vivo para casa ao invés de receber uma bandeira do país sendo entregue por outro soldado.
Enquanto fazia um chá sentiu um aperto no peito e um sentimento ruim. Antes que pudesse pensar sobre o que sentiu, o loiro apareceu na cozinha segurando com força sua própria camisa na parte que ficava por cima do peito. Ele estava com os olhos arregalados e parecia assustado. Respirava pesado e rápido.
— Madara, alguma coisa aconteceu. Eu senti, senti que algo ruim aconteceu— enquanto falava ia ficando sem ar e precisava de sua bombinha.
O moreno correu até a sala e pegou o objeto para o jovem.
— Venha, vamos nos sentar e nos acalmar. Eu também senti uma sensação ruim, mas não tem nada que podemos fazer para ajudá-lo. Tudo que podemos fazer agora é nos manter positivos e torcer para que ele volte vivo. Se quiser pedir proteção para ele, eu te acompanho.
Deidara concordou e agradeceu.
Naquela noite nenhum dos dois conseguiram dormir pela preocupação.
∆∆∆
Estava com um bloqueio para escrever, mas agora tô de volta.
Obrigado por ler.
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A uma carta de distância (Obidei - TobiDei)
FanfictionUma guerra acaba distanciando, fisicamente, os amante que começam a trocar cartas até o dia da volta de Obito. Inspirações --> Mini série: O pacífico - HBO História de Gilbert Bradley e Gordon Bowsher.