Carta número I

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    Fazia cerca de duas semanas desde a ida de Obito e era a primeira vez que Deidara recebia notícias dele. Estava com um misto de emoções, preocupado com ele e animado por receber notícias do amado.



"Ei, Senpai! Faz uma semana que cheguei aqui e, por enquanto, não aconteceu muita coisa. Fui designado para uma ilha que não prestei muita atenção no nome ou onde fica, mas acho que teria esquecido se tivesse escutado. Me alojei e tô dividindo a barraca com quatro caras. O Kakashi você já conhece, acredita que ele trouxe aqueles livros estranhos dele?

Aqui também tem um cara que é meio maluco e um garoto, acho que ele deve ser até mais novo que você. E um veterano se juntou a nós também, tenho certeza que ele conheceu o cara maluco antes.[...]"

— Bakakashi, você trouxe esse livro?! Não acredito— falou mexendo nas coisas do amigo, levantando o livro e o sacudindo— Não consegue mesmo ficar longe deles?

— Para de mexer nas minhas coisas, Obito!— Tomou o livro das mãos dele e guardou. Além de empurrar o amigo para o lado.

— Que livro? Que livro?— Hidan chegou já se apoiando no ombro do moreno que estava agachado no chão— Aaaaah, eu já li esse livro uma vez.

— Sério?— O Uchiha olhou para cima, o platinado não parecia ser alguém que leria muito.

— Aham, eu li só pela parte do sexo— deu de ombros e se jogou onde dormia com os braços cruzados atrás da cabeça— Cade o menorzinho?

— Não sei— o moreno falou e olhou em volta— deve estar lá fora.

— Também não vejo o Kakuzu a um tempo, ainda bem. Aquele velhote é irritante— rolou os olhos— vou puxar um ronco, me acorda quando for a hora de comer.

"[...] Estava pensando, a essa altura já deve ter saído um ou dois capítulos do nosso mangá, não é?

Me pergunto se você já leu. Eu ficaria triste se tivesse lido sem mim, mas feliz porque você iria poder me contar o que acontece. Queria muito saber o que acontece, muito mesmo, pode me dizer?

Escrevi a parte de cima a um tempo e pensando melhor não quero que leia sem mim. Por favor, espere até que eu volte pra gente ler juntos. Isso não é pedir demais, ou é[...]?"

— Obito, para de falar, seu merda! E apaga a porra desse trem por que eu quero dormir, caralho!— Hidan reclamou pois o moreno ficava resmungando o que estava escrevendo e mantinha uma vela acesa ao seu lado, e o albino queria dormir assim como o restante dos homens ali.

— Tá, tá. Que coisa chata— assoprou a vela para a apagar e deixou a carta inacabada de lado. Ficou olhando para cima esperando o sono chegar.

"[...] Em algumas noites, se não em todas, é muito difícil conseguir dormir. Não sei como o veterano e o maluco conseguem, mas o resto de nós não. Sei que o Kakashi nunca conseguiu dormir direito e, se eu ficar em silêncio, consigo escutar o garoto tremendo.

Mesmo que não tenha acontecido nada ainda, sinto que a qualquer momento vão me acordar aos gritos dizendo que a tropa inimiga está nos atacando e que tenho que defender nosso território. Acho que os velhos que me mandaram para cá acham que esse pedaço de terra vale a vida de muitos soldados.

Velhos são estúpidos.

(A maioria deles, o tio do lámen é gente boa. E sua mãe e o meu pai também, é claro. Também tem a vovó da padaria e eu deveria parar de listar todo mundo assim).

Mas você não tem que se preocupar comigo. Mesmo que eu volte sem um braço ou perna, ou até sem nenhum deles, eu VOU voltar pra você.

Eu prometo que vou voltar, Senpai.

Com carinho, seu Tobi."



Deidara estava aliviado por Obito não ter entrado em conflito ainda, mas a preocupação nunca o deixava, principalmente, depois do Uchiha ter mostrado que se sentia apreensivo em relação ao que aconteceria com ele. Queria muito e desejava de todo seu coração que o moreno cumprisse sua promessa e voltasse para si.

Balançou devagar em sua cadeira, olhando para o caminho por onde Obito sempre chegava. Arrumou a manta em cima de seu colo e colocou a carta na mesa ao seu lado, em cima dos dois exemplares da história que sua mãe trouxe para si da última vez que foi à cidade fazer compras para casa.

Imaginou ele chegando em sua bicicleta pequena para seu tamanho, pedalando sem se sentar no assento e fazendo sua mochila se sacudir de um lado para o outro. A cena o fez sorrir. Resolveu falar para o nada.

— Vou estar te esperando quando chegar.



∆∆∆

Uma pergunta: Vou colocar os pedaços da carta assim enquanto descrevo as situações. Tem a necessidade de colocar ela inteira no final de cada capítulo?

Obrigado por ler. Espero que tenha gostado!🌈🍉✨

A uma carta de distância (Obidei - TobiDei)Onde histórias criam vida. Descubra agora