Capítulo 05

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Sucedeu, quando os irmãos desceram do ônibus, uma chuva fina, mas que os ventos forte arrancaram das árvores flores, acontece que ali jazia flores , logo Murilo abaixou-se para pega-lá do chão molhado. Com a flor na mão esquerda, o cigarro na direita, meditava enquanto, tímidas gotas d'água caiam . Quando o irmão, Maurício notou Murilo com a flor, estranhou, o encarou com um ricto no rosto e olhos cerrados. No íntimo Maurício achava que o irmão mais novo era um invertido, desde criança Murilo lia livros e desenhava e brincava pouco. Recordou, certa vez na escola ,um grupo de garotos entre 12 e 13 anos se aglomeraram para bate-lo, a razão era porque, Murilo havia dado um tapa em um dos garotos que o chamava de bichinha da biblioteca. A briga foi feia , ele teve que intervir, em casa a confusão foi maior;
Será quê?
Refletiu Maurício;
- A flor que pegou era para se enfeitar?
Esvaziou a cabeça com ideias insólitas sobre o irmão.
Em outro universo ao lado de Maurício a flor ao chão era de Tereza, pensou;
Essa flor lilás no cabelo crespo, daria um charme além do normal. Porque todas as flores Murilo via Tereza?
Aquele sorriso de tirar os olhos as órbita, em uma plenitude linear , entretanto tão tangível, poderia segurar como quem apanha um pássaro e o fecha com as mãos e sente as asas bater contra os músculos em uma agonia sem fim; Murilo, era o pássaro, as mãos que o prendia era Tereza.

As vezes se sentia como aquela estátua da liberdade , isolada e livre mas presa pela
o mar, pois todo ao redor da estátua era o mar e o mar era emoções que os prendia de sair do estado estático, mas era uma estátua e uma estátua sempre estará em uma posição presa para sempre.

Meia noite Tereza pulou da cama, eram Maurício e Murilo, correu para vestir-se, na sala Maurício a beijou e foi para o banho, Murilo ficou sentado no sofá com Tereza a espera, quando o banheiro estivesse vago.
- E essa flor tão linda? Deixa eu colocar no cabelo?
Tereza tomou a flor em um gesto rápido e maquinal, Murilo sequer teve ação. A flor nos belos cabelos crespos de Tereza fazia dela uma espécie de Deusa africana.
Então ela sorriu
Pronto, o dia terminou e começará com aquele sorriso e com aqueles olhos negros.
Estava sem ação.
-Aonde achou essa flor Murilo?
Questinou Tereza
- No chão
- Dar pra mim?
De algum modo secreto pelo qual somente quem é mulher sabe, quando se é desejada ocultamente, então seria isso? Logo que viu a flor ficou evidente, sim, ela sabia, era pra ela, mas se fingia de boba, seria real ou seria ilusão?
- Pode ficar !
Abaixou os olhos pro chão para esconder o rosto.
- Espera tenho algo pra você
Saiu em direção ao quarto de casal, Murilo não mecheu um músculo, agora ele sentia-se ainda mais como a estátua da liberdade preso ao mar. Quanto voltou estava com um livro na mão. Tereza fez com um gesto para ele pegar o livro que flutuava no ar .
- A maçã no escuro
-Isso!
-Estou lhe dando para ler.
Será que no livro havia uma carta de amor escondida? Será que no livro havia contido uma comunicação invisível pela qual era expressava o amor dela por ele.
- Mais um livro de menina
Titubeou
Tereza fingia que não tinha escutado tal absurdo. O ignorou de um modo tão sutil e educada que as palavras se dissiparam, se sentia tolo,constrangido.
- Clarice Lispector, nunca li nada dela
- Eu havia notado.
- Vou ler.

Maurício chegou de toalha na sala e a beijou na nunca, ela sorriu levemente com uma expressão de entrega. Olhou a flor no cabelo da mulher, Tereza apenas dizia; - Tomei de seu irmãozinho. Murilo então foi ao banheiro, no banho quente, o chuveiro banhava seu corpo magro. Não era forte e tão entendido da vida como o irmão, no trabalho todos o chamam de "o irmão do Maurício " , como se coexistisse naquele lugar as sombras do irmão mais velho.
Concluiu o banho, foi para seu quarto, vestiu uma roupa e voltou para sala. O casal riam enquanto tomavam vinho e fumavam.
- O arroz tá no fogo.
Disse ela.
- Qual o motivo da graça?
Questionou Murilo levemente irritado
- Mano, uma piada boba , senta aí

Sempre havia um momento entre os três que Murilo era jogado no vazio, existia apenas Tereza e Maurício, as lembranças, se sentia uma fardo; - Deveria ter ficado na minha terra e não nesse bueiro frio. Um cheiro de queimado se espalhou pela casa, Tereza correu para cozinha; O arroz queimou, dizia com um ar de como se fosse uma louca que deixou a própria comida queimar.
Murilo se despediu do casal entrelaçados , o irmão bateu leve suas costas , Tereza sorriu e deu boa noite.
No quarto com o livro na mão, lia o prólogo, as situações da autora e uma breve descrição sobre sua vida. Até que quando abriu o livro aleatoriamente, leu o que Tereza havia grifado.
(...) não existia essa coisa de não ter nada a perder. O que existia era alguém que arrisca tudo; pois embaixo do nada e do nada e do nada, estamos nós que, por algum motivo, não podemos." Página 154, aquilo inquietou de tal forma Murilo que adormeceu depois de horas de pensamentos sobre o que leu e o significado ambíguo que de modo caia como luva a situação, se sentia sitiado por Tereza.














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⏰ Última atualização: Jun 07, 2023 ⏰

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