Capítulo 4

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Milagre não se explica
Se vive.

João: 9, 1-34l

Estava sentada assistindo a emoção e o peso sair dos ombros daquelas pessoas a minha frente não sei bem como explicar.

É tudo muito surreal.

O Dr. Roberto que eu descobri ser primo da Júlia e do Fernando, é sobrinho do Dr. Élio. Está explicando sobre a doença da pequena Bia. Como todos estavam desesperado já esperando o fim; és que o fim só quem decide é Deus — segundo suas palavras.– o quadro da doença dela, teve uma pequena melhora. Pequena não, grande melhora.

Abraço a todos feliz por está notícia e disfarçadamente saio da sala, mas antes de sair os meus olhos encontram com os do Fernando que meneia com a cabeça e respondo de volto. Este e um momento particular da família.

Ando pelos corredores em direção a saída e com a sensação de dever cumprido. Porém, um sentimento a mais está rondando meu ser. Eu sei bem o que é. Mas tento ignorar.

Só em pensar nos olhos castanhos do Fernando um arrepio percorre meu corpo. Por mais que eu diga que seja coisa da minha cabeça, a sensação das nossas mãos se tocando foi coisa de outro mundo.

Repito, não foi só eu que senti, tenho certeza que ele também.

Balanço a cabeça e um sorriso bobo surge em meus lábios.

To ferrada meu Deus.

***
A noite de natal chega e com ela toda arrumação está a todo vapor. Dona Mirna, meu irmão e até o pessoal que são voluntários estão ajudando. A Júlia se tornou uma amiga por assim dizer, o meu irmão está todo gamado nela e eu até acho que ela também, ou seja, em vez de amiga, tomara que seja cunhada.

Depois da notícia não voltei mais ao hospital, tentei evitar ao máximo de pensar em certos olhos castanhos. Outra noite sonhei com ele, foi muito real. "No sonho eu estava em casa quando a campainha tocava e quando ia abrir  era ele todo sorridente, tudo foi muito rápido. Em segundos já estávamos nos beijando , onde ninguém sabia onde começava a Amanda e terminava o Fernando. E com isso acordei toda suada e sedenta pelo beijo de verdade.

Contudo, sei exatamente que ele está passando com a filha. Deve estar com a cabeça uma loucura. Então voltei apenas hoje para finalizar os preparativos.

– Acho que alguém está a procura de algo ou alguém – Dona Mirna para ao meu lado tentando desenrolar um emaranhado de pisca-pisca.

– O que? - Volto-me para ela e paro de tentar olhar para todos os lados. Tenho que parar com isso.
Tô parecendo um adolescente esperando a sua paixonite passar nos corredores da escola, aqui no caso é no hospital.

– Amanda, minha querida. Seus olhos estão a todo momento olhando para ver quem passa por aquela porta. —

– Quem, eu? Imagina, a senhora está vendo coisa onde não deve – fujo da sua avaliação e abaixo para pegar mais um presente para colocar na árvore.

– Minha querida, se você não estiver afim daquele pedaço de homem que vem ao nosso encontro eu diria que está louca. — um frio sobe pela minha espinha e respiro fundo.

– Que homem, o Fernando? – olho na direção da porta e vejo que cai em sua armadilha. – Não tem graça, Dona Mirna. – digo e me viro novamente para árvore para esconder minha cara de vergonha.

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