•Curtas de Terror•

Sorria Andy

Era uma manhã calma como todas as outras, a rua vazia e silenciosa, o clima nem tão frio e nem tão quente, estava meio termo, uma temperatura razoável, Andy andava pela calçada de forma alegre e contagiante, era uma pequena garotinha fofa, linda e dócil com todos, um amor de pessoa.

Mas algo estava errado, ela não sorria, estava com uma expressão serena e neutra, coisa que não era comum de acontecer já que Andy era a garota mais sorridente do bairro, seu sorriso era lindo e contagiante, deixava todos bem.

A uns dias ela tem estado assim, mais calada, não sorria mais com frequência, não brincava direito com as outras crianças e seu pais não sabiam mais o que fazer, ela não dizia nada para eles, e isso os deixavam completamente preocupados, já até pensaram em levá-la ao psicólogo, mas ela sempre negava e implorava para não ir.

Mais a frente, estava a sorveteria onde Andy amava ir, o sorveteiro sempre a tratava bem e dava até doces a mais em seu sorvete, ele também notou que a pequena Andy não estava bem, e assim que a viu, a chamou.

A garotinha de cabelos ruivos o avistou e apenas foi até o homem, ele sorriu e então a levou para dentro, preparando uma casquinha bem caprichada para ela, com vários docinhos em cima e bastante cobertura.

— Espero que fique bem pequena Andy, tens um sorriso tão belo, tem que mostrá-lo mais vezes.

Andy apenas o olhou calma e afirmou lentamente, começando a tomar seu sorvete, ele estava mais delicioso que o de sempre, então, ela começou a tomar mais rápido, se deliciando com aquele sabor novo.

Horas Depois

A rua estava uma loucura, várias viaturas passavam por ali, os moradores olhavam em todos os cantos a procura de alguém,a procura de Andy, já era noite e a garotinha de cabelos ruivos não havia voltado para casa, seus pais estavam desesperado, não sabiam mais o que pensar ou onde procurar.

O sorveteiro também não, ele ajudou os moradores na busca, mas como estava tarde, precisou ir fechar a sorveteria,e assim que entrou, foi arrumar umas coisinhas simples antes de ir, guardou os sorvetes, fechou e trancou o freezer, colocou as cadeiras sob as mesas, fechou o caixa e limpou tudo, como fazia todos os dias.

Mas algo estava diferente, ele se lembrou de algo e logo foi até a salinha onde guardava as caixas com as casquinhas e outras embalagens, e assim que entrou, sorriu de ponta a ponta ao ver a pequena garotinha de cabelos ruivos sentada em uma cadeira.

Seus olhos sem vida estavam abertos, não brilhavam mais, suas mãozinhas pequenas e frágeis todas machucadas, seu vestidinho azul marinho com detalhes brancos e um pequeno laço borboleta amarelinho manchado de sangue, mas o que mais se destacava ali, era sua boca, um enorme corte de ambas as pontas, havia sido feito com uma colher de sorvete, o corte formava um sorriso, forçando a boca da garotinha a ficar mais larga, o corte era profundo e ainda escorria um pouquinho de sangue.

— Seu sorriso é tão bonito Andy.. Eu lhe disse que deveria sorrir mais.. Mas.. Você não me escutou, se tivesse me obedecido, nada disso teria acontecido.

A verdade é que, a alguns dias, o sorveteiro começou a chamar Andy para a loja, sempre lhe dava sorvete, mas em troca, ela tinha que mostrar seu belo e contagiante sorriso, isso a assustava, por isso Andy parou de dar aquele sorriso, o sorriso que o sorveteiro tanto amava.