Hermione POV
Era engraçado como funcionava as discussões em casa. Meus pais não elevavam a voz, assim como eu, nem faziam cara de raiva ou desgosto(confesso que isso eu fazia, às vezes), mas era um diálogo desagradável formado por intermináveis conselhos e sugestões para me convencer como estavam certos.
Tudo isso tornava difícil sentir raiva deles, apesar de me darem motivos.
Quais?
Faculdade.
A universidade de Edimburgo aparentemente aceitava alunos com 17 anos e completarei 17 dia 19 de Setembro, dias antes do início das aulas. Papai e mamãe se conheceram naqueles corredores e por algum motivo, acreditavam que minha vida seria extraordinariamente melhor se eu fosse estudar lá.
Mas eu sou uma bruxa. Universidade para não mágicos não está em meus planos.
—Querido, sabe quem eu descobri recentemente que estudou em Edinburgh? Arthur Connan Doyle! Ele pode ter imaginado Estudo em Vermelho enquanto olhava cardos no jardim!
—Imagina como seria emocionante se soubéssemos disso enquanto andávamos para a aula de anatomia?
—Wendell, meu bem, sabe que Conan Doyle não era um estudante muito dedicado. Se ele estivesse andando por aqueles corredores, provavelmente seria para cabular aula...
—Talvez nós dois devêssemos ter matado mais aulas juntos- Querido!
Mamãe fez cara feia indicando com os olhos a criança, no caso eu, como se pedisse para não me dar um mau exemplo durante o café da manhã. Ela se levantou para levar sua caneca para a cozinha e papai piscou para mim num sorriso maroto. Sorri, mesmo desconfortável.
Faltava dois meses para as aulas voltarem, isso quer dizer menos de três meses para meu aniversário e para conseguir desviar da conversa com a pauta: vou trabalhar e viver no mundo bruxo, em outras palavras, não estudarei medicina para ser mais uma dentista na família!
Dona Mônica estava demorando na cozinha, vi meu pai se levantar e fazer carinho no topo de minha cabeça enquanto se dirigia para falar com ela. Os dois adquiriram o hábito de cochichar longe da minha presença e aquela parecia ser mais uma delas. Começou quando fomos visitar primos da minha mãe na Escócia, aparentemente, uma prima minha havia conseguido garantir uma vaga mesmo ainda estando na escola graças aos seus excelentes resultados e uma carta de recomendação de nosso tio avô que foi um professor muito admirado em Edimburgo. Mamãe queria me convencer de tentar o mesmo.
Eu citava o fato de ser bruxa e ter notas diferentes das esperadas em Hogwarts, mas ela argumentava que eu já sabia todo o conteúdo de escolas tradicionais estudando com ela e meu pai, então poderiam declarar Homeschooling. Tinha razão, é claro. Mas isso não quer dizer que eu queira estudar em uma universidade não mágica!
—Enfim uma boa notícia! - eu olhava satisfeita para a notícia no Profeta Diário sobre Cornélio Fudge renunciar e ser substituído por Rufo Scrimgeour, chefe da Seção de Aurores. Quem sabe um ministério competente realmente resolva guerra que se aproxima.
— O que foi, Hermione? - minha mãe quem perguntava voltando para a mesa.
Mostrei a ela o Jornal com uma imagem animada do novo Ministro da Magia. Expliquei o que nosso Ministro fazia e qual era o papel de um Auror.
—Não acredito que existem pessoas do governo que caçam bruxos por aí! Isso não parece nada civilizado, querida. Tem certeza que esse é o tipo de comportamento social da qual você quer fazer parte?
Ela tentava levar o argumento para defender seu ponto de vista, mas neste caso eu já estava preparada:
—Pense neles como a Scotland Yard ou o próprio Sherlock Holmes! O trabalho deles é investigar e resolver crimes, o que no mundo bruxo inclui perseguir outros bruxos por semanas escondidos em florestas... É um trabalho nobre para garantir a segurança dos bruxos e não bruxos.
— Ainda assim, precisamos ser seguidos por membros daquela Ordem para ter segurança, Hermione. - Meu pai entrou na conversa - Sei que você deve ser ensinada a admirar esse tipo de trabalho, mas nós somos adultos vividos, entendemos como uma sociedade que institui caçadores de humanos com permissão de usar a "força" tem seus problemas de moralidade.
Travei uma pequena batalha com olhares indignados com papai. Às vezes ele parece querer me ajudar a lidar com a insistência da mamãe, às vezes parece querer que eu vá para Edimburgo tanto quanto ela.
—Enfim... - mamãe continuou - Só gostaria de ver um sistema mais eficiente e civilizado para garantir nossa segurança, assim não precisaríamos entrar em contato com o Sr. Weasley até para poder visitar parentes no país ao lado!
—Pelo menos não há risco em nossa viagem para esquiar no meio do ano ou ir para a Austrália ano que vem...
Agora foi a vez da mamãe encarar papai. Ele não poderia manter esse perfil neutro para sempre. Em algum momento teria de concordar com um lado nesta casa.
Senti meu bolso se aquecer. Sorri. Peguei um último croissant e voltei para meu quarto, sentei na escrivaninha e abri a mais recente mensagem de Fred deixada em nosso pergaminho linkado(usamos para enviar mensagens instantâneas).
Achei que fosse alguma atualização sobre o caso dos do sumiço dos donos da Artigos de Qualidade Para Quadribol e, pouco depois, os da Loja de Penas Escribas. Mas não, a mensagem era um convite.
Caríssima senhorita Granger.
Convido vossa senhoria para visitar minha humilde loja de logros junto de meus pais amanhã. Eles ainda não viram a grandiosa obra construída por mim e Jorge e sua presença é muito bem-vinda.
Sinceramente? Ter você aqui me deixaria mais tranquilo, a pequena chance de ver o sorriso Granger já me ajudaria a ficar exponencialmente mais feliz.
Tenho absoluta certeza que tudo dará certo, mas na dúvida, venha.
Por favor, venha.
Por favor, venha.
Não me faça implorar mais.
Ansiosamente,
Frederick Weasley
Caríssimo Senhor gêmeo Weasley,
Falarei com meus pais imediatamente. Seria um prazer revê-lo, principalmente, rever o sorriso Weasley... Vários deles, já que suas família estará reunida, mas confesso que tenho certa preferência por um sorriso em particular.
Responderei assim que possível. Quem você possa me buscar para aparatar comigo.
Cordialmente,
Hermione Granger
Parte de mim não tinha tanta certeza sobre ter um apenas um Weasley em particular preferido... Os últimos meses com Rony foram estranhamente agradáveis, mas definitivamente sinto mais falta dele. Fred Weasley poderia não ter ficado ao meu lado cada segundo durante o último ano, mas cada segundo em que estivemos juntos eu me enchia de uma sensação gostosa de que tudo ficaria bem. Ele me fazia rir e me fazia acreditar... Eu poderia ser feliz tendo alguém assim pelo resto de minha vida.
Acordei deste devaneio e desci para perguntar aos meus pais sobre ir ao Beco diagonal amanhã antes que eles saíssem para o trabalho. Desconversaram e disseram que responderiam quando voltassem do consultório.
Passei o dia lendo.
Ao final da tarde, chegaram com uma notícia relativamente boa:
—Falamos com o Senhor Weasley no trabalho.
— Querida, amanhã vamos com você para o Beco Diagonal!
VOCÊ ESTÁ LENDO
A distância entre nós - fremione III
FanfictionContinuação das histórias: Nosso Segredo -FREMIONE e Subentendido - Fremione. O ano letivo de 1996 se aproxima... Fred no Beco Diagonal, eu continuo em Hogwarts. Nada me resta além de aprender a lidar com essa distância.