ゅִ | III - Olhar fatal.

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Dia 3.
[ 13-6-2015 ]

Sábado.
Acordei cedo, pois tinha que ir mais cedo pro trabalho. Acordei tão rápido que meu cérebro não sabia se estava vivo ou morto. Minha visão distorceu por 3 segundos, mas ignorei. Ontem meus pais tinham brigado, porque meu pai descobriu que minha mãe tinha um site de relacionamento no celular. Com isso, eu já não acordei muito bem. Tive dificuldade de escrever ou mesmo ler ontem por causa do barulho. Eu odeio brigas, então assim que começaram, eu corri pro meu quarto.
O sol estava violento naquele dia. Quase não consegui sair de casa.

Meu amigo percebeu que eu estava pra baixo logo quando cheguei. Ele perguntou se eu estava bem e eu disse que não tinha nada de errado. Pra quem andava sorridente, eu estava deprimida naquele dia. Mas eu não fiquei tão mal assim.

Mais tarde nesse mesmo dia, a cat apareceu no fastfood. Ela iria me esperar até que eu saísse, já que meu expediente estava acabando. Confesso que estava meio cansada hoje, muita gente pra atender e eu preocupada com meus pais ao mesmo tempo. Quando saímos, eu e a cat, vimos uma garota morena de olhos azuis sentada em uma das mesas de fora do lugar. Por que eu citei ela? Porque ela estava me olhando sem parar, era um olhar fatal, mas de certa forma fiquei um pouco mais confiante depois disso. Garanto que não sei o porquê. Na verdade, foi a cat que me contou isso enquanto estávamos conversando. Eu tinha notado a garota, mas não que ela estava me olhando tanto assim como a cat disse. O André até riu da situação.

Chegando em casa, depois de um longo dia com meus amigos. Me senti muito melhor depois disso. O André falava sobre música e a Cat sobre o irmão dela. Confia em mim, a Cat não vive falando do irmão dela. É só que eu acho importante relatar aqui

- Vocês conhecem aquela música clássica do Michael Jackson? As he came into the window, was a sound of- - André tentou falar, mas a Cat interrompeu.

- Uma vez meu irmão foi no show do Michael Jackson, há anos atrás. - Ela fez uma pausa. Por um segundo achei que não haveria nada de errado na história e que não iria acabar com fatalidade mas

- Ele saiu de lá enforcando um cara e sequestrado ele. É melhor eu nem contar o que ele fez com o cara. - O queixo de André caiu no segundo que ela falou "enforcando".

- Cat. - Eu ia tentar minha técnica outra vez. - Oi?

- Cachorros usando óculos. - Ela começou a rir.

Voltando pra casa, meus pais não estavam e minha irmã.. Lá estava ela de novo, com mais um cara. Eu não queria atrapalhar, então corri para o quarto. Incrivelmente, a conversa dos dois estava durando mais de 20 minutos. Durou pouco mais de 30. Quando ele saiu, eu desci as escadas aplaudindo, minha irmã ficou obviamente confusa.

- Olha só, parece que alguém aqui se deu bem com um cara, finalmente. Parabéns, parabéns! - Falei num tom irônico, enquanto batia palmas.

- Me dei mesmo, diferente de você que só fica escrevendo naquele diário. - Ela falou, mal sabendo que isso aqui também vai pro diário. Levei isso como elogio. Escrever é bem melhor do que se iludir com um homem novo a cada semana.

- Eu nem tento mais. Nada e nem ninguém parece dar certo pra mim. Prefiro ficar só com meus amigos. - Eu disse terminando de descer as escadas e indo pra cozinha.

- Onde estão o pai e a mãe? - Eu disse, indo pegar a cafeteira.

- Num restaurante. Eles tão tentando compensar a briga de ontem. -
Ela conversava com alguém no celular enquanto falava.

- Hmm, tá falando com queeem? -Falei, só pra irritar ela.

- Não é um cara. É uma amiga minha, Jade. - Ela falou, desviando a visão do celular por um segundo.

- Jade? Nunca ouvi você falar dela. - Falei isso porque toda vez que ela consegue um amigo novo, ela fala
dele pelo menos uma hora por dia.

- É que eu acho que você não ia gostar muito dela... - Deixei a cafeteira no balcão e me aproximei dela, só pra ver as mensagens que essa tal de Jade mandava. Era mais ou menos isso:

Você topa fazer compras amanhã? | T

J | Não.

Vou te obrigar a ir. | T

J | Tente isso e dê adeus pro seu vestido favorito.

Aposto que topa ir no cemitério e respirar o ar de defunto em decomposição ou mesmo ver pessoas chorando pelos
seus entes queridos. | T

J | Agora você começou a falar minha língua, adorei a ideia.

Não sei o que pensar sobre esse diálogo. Não era nem estranho demais, nem normal demais. Eu acho que existem pessoas com estilos diferentes de vida e que não gostam de fazer compras. Só achei estranho mesmo ela gostar de ver gente chorando.

Tomei meu café e fui pro meu quarto. Mais tarde, fiquei pensando sobre o que disse mais cedo: "Eu nem tento mais. Caramba! Até minha irmã tem um crush e eu não. " Ecoou na minha cabeça. Eu sabia que não era exatamente um problema, minha consciência só queria ser dramática.
E em meio de mais de mil pensamentos, me veio um flash rápido daquela garota de olhos azuis. Não me responsabilizo se eu me arrepender de falar isso, mas ela não era uma má opção. Depois desse delírio, estava quase dormindo quando lembrei que precisava escrever no diário. Meus pais chegaram e eu dei uma pausa pra ir ver eles.

- Eai, como foram de encontro? - Falei, descendo as escadas, de novo. Minha mãe parecia feliz e meu pai nem tanto, mas com certeza estava mais feliz que ontem à noite.

- É. Estamos melhor do que ontem. - A resposta foi como uma leve pontada no meu coração. Não gosto de ver esses dois brigados. Mesmo sabendo que eles nunca foram um casal muito legal. Fui pro meu quarto de novo.

Hoje, resolvi escrever mais sobre o meu dia do que focar em outras coisas. Então talvez por isso tenho ficado curto demais. Desculpa pelo "episódio" curto, Trina. É, eu sei muito bem que você está lendo isso daqui.

ゅִ  - Se você me permitir. | Jori - AUOnde histórias criam vida. Descubra agora