Capítulo Três

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Emily Johnson

  Ao despertar, a sensação era de que minha noite de sono não tinha alcançado nem trinta minutos, um piscar de olhos ainda seria muito para defini-la. A sonolência pesava meus ombros e minhas pálpebras com o dobro do meu peso, alterada pelo vinho, minha mente parecia querer escapar para fora de mim, cada mínimo som seria perfeitamente capaz de causar um latejar incessante em minhas têmporas.
  Já no chuveiro, permito que a água gelada deslize pelo meu corpo a fim de que abra espaço para que a adrenalina se sobressaia por cima do cansaço, deixo que ela faça um pouco mais de seu trabalho antes de me vestir e ir em busca de uma cartela de analgésicos.

•••

  10 de agosto, a pouco mais de uma semana após o Estado entrar em seu período mais quente do verão, já era possível notar o comportamento de sua natureza durante o trajeto, a temperatura era alta.
  A vegetação por aqui é rasteira, com pequenas plantas, na caatinga, arbustos e cactos. É uma vegetação própria de clima mediterrâneo, afinal, aqui na Califórnia os verões costumam ser sempre quentes e os períodos de inverno, úmidos e chuvosos.

  O carro que me deixa no Hall de entrada da empresa acaba de sair atrás de mim quando observo a silhueta de John caminhar em minha direção, o que não era comum já que mal nos esbarramos durante os expedientes.
 
-O gerente vindo me recepcionar, o que será que os outros funcionários vão pensar agora?

-Vê se não ferra! Onde está seu celular?- Vasculha minha bolsa, entregando o telefone em minha mão em seguida. O sol não parecia ser o motivo pela vermelhidão em seu rosto.

-Hum, alguém acordou de mal humor.- Ponho os óculos escuros para trás, deixando o rosto livre de algumas mechas de cabelo.

-Desbloqueia.- Ordena, sem mais explicações. Digito a senha de 6 dígitos e a página inicial se abre, ele tira o celular de mim antes que possa perguntar.

-O que está fazendo?- De volta em minhas mãos, a tela de chamadas está em aberto.

-Está vendo?- Observo as ligações perdidas no número registrado com o nome dele.
-Olha isso! Nem dá para contar quantas vezes eu liguei para você ontem à noite!

-Eu estava um pouco...ocupada.- Ele revira os olhos e eu tento recordar onde o aparelho estava no momento em que me ligou.

-Sei bem das suas ocupações, Em.- Odeio que me chame assim.

-Esse tipo de intimidade não existe mais entre nós, esqueceu, ou será que você ainda não superou?- Mostro um sorriso provocador que o faz se virar e começar a andar.

-Eu tentei salvar a sua pele, mas como sempre você é a independente, nunca aceita a ajuda de ninguém.- Dá de ombros já dentro da recepção em direção aos elevadores, ao entrar, me apresso.

-Eu não preciso da sua...- Seguro a porta antes que feche.
-Espera! Sobre o que estamos falando aqui?- Ele permanece imóvel, mantendo o suspense enquanto subimos, o som do abrir de portas indica nossa posição já no terceiro andar.

-Me segue.- Sai disparado pelo corredor. Dou um passo à frente antes de ser imprensada novamente.

-Por que?- O sigo, tentando decifrar sua postura. Mal noto o som dos saltos descompassados no piso chamarem a atenção das equipes ao redor.

Doce Conquista - Série Irmãos Kavanni (1)Onde histórias criam vida. Descubra agora