Capítulo 1

15 3 0
                                    

Só tinha eu e ele na sala, se podia ouvir o barulho das árvores se mexendo enquanto a luz do sol adentrava, seus olhos azuis intensos me olhavam, parecia que estava olhando dentro de mim, mas aquilo não podia ser real. Meu coração acelerava, ele não desviava o olhar, e nem eu do dele, estava em completo transe:

- Eu te amo. – Diz de um jeito sincero e direto. Ele se aproxima para mais perto, e eu continuo parado sem mover nem um músculo, não consigo dizer nada. O seu cheiro lembrava o cheiro de algumas flores que minha mãe plantava no quintal, um cheiro doce, mas ao mesmo tempo forte, seu cheiro me deixava doido, eu quero beija-lo, mas ele é tão alto. Ele toca meu rosto gentilmente, e eu fecho meus olhos sentindo sua mão quente me acariciando. O silencio dominava a sala, só se podia ouvir o vento e as nossas respirações pesadas, e o sinal toca estragando um momento em que eu nem sei quando pode acontecer novamente, porém era hora de ir para a aula, dessa vez eu não podia cabular mais uma, quando abro meus olhos lentamente lá estava eu no meu quarto, em um apartamento e de pau duro:

- Ah, de novo essa merda! – Reclamo desligando o despertador, era hora de trabalhar. Mais um dia comum em minha vidinha de merda. Acordar duro, trabalhar, comer e dormir, e continua esse ciclo. Dou aquela masturbada matinal. – P-por que n-não consegue esquecer?... Ugh! – Quero morrer. Me limpo e ando até a porta e quando a abro vejo meu gato miando, e aqui começa meu dia. – Seu safado, já ia me acordar pra te dar comida. – Esse é o Tobias, ele é um gato cinza de 4 anos, peguei ele na rua enquanto voltava da casa de uma ex. Ele estava bem desabilitado, como alguém pode fazer mal a um filhote? Depois de colocar comida para Tobias, vou para o banheiro e fico pensando no sonho que tive, odeio quando isso acontece, aquele cuzão não sai da minha cabeça, tenho quase certeza de que nunca vou ver ele de novo, acho que nem me reconhece ou nem sequer pensa em mim, só de pensar nisso me faz querer chorar, mas não sai nada de meus olhos. Acabo a ducha e penteio a barba e meu cabelo, que por sinal é bem grande:

- Tá chegando a hora de cortar. – Começo a me arrumar, começando pela cueca, coloco uma calça social preta, visto uma camisa gola alta preta e a coloco por dentro da calça fechando com o cinto. Fico me olhando no espelho, e resolvo amarrar meu cabelo em um coque. – Pai tá lindo. - Sou um homem de 36 anos que vive em um apartamento com um gato, que trabalha em uma empresa que explora seus empregados, porém te pagam bem uma coisa que não se ver muito, parece até que isso é um padrão de quem trabalha em uma empresa. Hoje era o dia em que eu iria trabalhar em uma empresa nova, ela é bem famosa, o lucro da empresa é bem grande, e eu não faço a mínima ideia de como fui parar lá.

Flashback

- Você vai ser transferido. – O diretor fala de um jeito bem calmo, e eu com cara de tacho sem acreditar no que tinha ouvido.

- Por que? Eu fiz alguma coisa de errada? – Indago.

- Claro que não! Você é um excelente empregado. – Fala rindo e colocando a mão em meu ombro. Esse cara é irritante, ele é o famoso tiozão da empresa, prazer esse é o Daniel, presidente da empresa. – Você foi meio que "promovido" – Faz aspas com as mãos - Acho que qualquer um gostaria de estar no seu lu- - Interrompo.

- Olha aqui, eu não sou toureiro para ficar em rodeio, desembuça logo, pra onde eu vou? – Cruzo os braços sendo direto. - É pra algum setor novo da empresa?

- Ah, tá bom, você é tão mal. E não, não é, infelizmente. – Faz cara de triste, e eu arqueio a sobrancelha. – Enfim, como você é bom no que faz, te escolheram para fazer parte da famosa empresa De La Cruz. – Fala o nome da empresa movendo as mãos, como se estivesse com estrelas envolta. Que merda, ouvir falar que nessa empresa eles te dão uma sugada mortal de um jeito que puxa até a sua alma. Isso nem faz muita diferença, o problema é que vou para a empresa competitiva, além de que devo receber a mesma quantia, ou até mais um pouquinho... Eu espero. – E olha pelo lado bom, foi só você. – Ele fala sorrindo.

AQUI ESTÁ VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora