a imensidão azul que se encontrava nos olhos de rei estavam levemente tristes enquanto encarava o pequeno símbolo escondido abaixo de sua manga. era um formato de "y", porém com alguns símbolos menores ao redor; o símbolo do clã yoshimitsu levava tantos traumas e tristeza a garota e mesmo assim ela não conseguia retirar o objeto de seu bracelete — e pelo fato de não poder contar sobre sua identidade, cobria o bracelete com a manga de seu uniforme da anbu —. como um pequeno exemplo, uma criança pequena pode ficar triste e desolada caso perca seu brinquedo favorito; alguém pode ficar assim também por perder algum objeto importante. e também tem as pessoas que perderam outras pessoas, e isso era desolador. rei presenciou a morte da mãe quando era pequena; perdeu a pessoa mais importante em sua vida, e em seguida, perdeu seu irmão mais velho, kira yoshimitsu.
sendo membro da anbu raiz durante três anos, em uma missão não tão longe de konoha - quando rei tinha dez anos -, o yoshimitsu desapareceu sem deixar pistas em meio ao fogaréu que se fez presente na floresta em que estava. como não acharam o corpo, o deram como morto, visto que não havia nenhuma forma de sair daquele enorme incêndio com vida, nem mesmo um jounin de elite conseguiria; o calor do fogo era enorme. segundo pesquisadores, quem entrasse ali seria queimado vivo na hora, sem mais nem menos. poucos membros do clã foram ao funeral do ex-shinobi, apenas a própria rei, seu pai, a prima de rei, mei mei, e ichigo, que tinha cerca de seis anos, e ainda não entendia a gravidade da situação.
já com shino, a coisa não era tão diferente.
seu pai e sua mãe eram incríveis, e a presença dos dois era o bastante para o deixar feliz em sua infância — embora seu pai não fosse tão presente, por conta das missões, mas ele o fez —, mas ele ganhou algo ainda mais especial: seu "irmão", torune. eles não eram exatamente irmãos, tinham um certo parentesco; o pai de torune acabou falecendo, e shibi aburame o adotou. shino criou uma afeição por quem começou a chamar de nii san extremamente rápido, visto que eram parecidos em personalidade, mas torune era visivelmente mais social do que o mais novo, e também era bem menos tímido.
algo incrivel de se notar, era o quanto danzō conseguia estragar a vida das pessoas.
torune e shino foram abordados pelo líder da raiz, que tinha um grande interesse em levar o mais jovem para sua organização; e sendo quem era, torune não deixou. quem entra para a anbu, principalmente para a raiz, se torna um monstro, um simples objeto sem sentimentos e vontades, apenas servir a ordem de danzō e nada mais. portanto, naquele dia torune aburame foi recrutado para a anbu ne, onde sua sentença de morte estava marcada. durante seu treinamento, torune conheceu fuu yamanaka, que tempos depois seria seu parceiro na função de serem os guardas costas de danzō.
maldito velho!
" acho que estamos perto. vamos dar uma pausa. " a voz da anbu se fez presente, e shino sentiu um leve frio da barriga. por que diabos a voz daquela garota era tão melodiosa?
ele apenas assentiu positivamente, seguindo o corpo da morena com os olhos escondidos pelos óculos, sentando ao lado da mesma, apoiando as costas no tronco de uma árvore. rei estava inquieta. tinha certamente milhares de perguntas para fazer mas não achava um bom momento para fazê-las ao mais novo.
" pode parecer insensível, mas não é a intenção; caso não queira responder, vamos apenas fingir que este momento nunca existiu, ok? " ele assentiu novamente, curioso pelo que a mais velha iria perguntar. " você conhecia o torune? "
shino sentiu seu sangue gelar. quase nunca falavam sobre seu irmão, seu pai raramente tocava nesse assunto. ainda doía um pouco para a família. mas a curiosidade era um pouco maior, como ela conhecia torune — era estranho uma anbu saber o nome de outro, já que raramente falavam, isso pelo que ele sabia —, como sabia o nome dele? apenas tentou afastar todas as dúvidas de seus pensamentos e focou no rosto da espadachim.
afinal, uma hora ele teria de enfrentar isso.
" sim. " ele encarou o chão, assim como a loira. " ele foi adotado pelo meu pai depois que o dele faleceu. você conhecia ele, obviamente? "
ela assentiu, suspirando. " conhecia, sim. por pouco tempo, soube da morte dele algum tempo depois. ele era colega do meu falecido irmão. "ok, agora shino se surpreendeu. ele sabia que a Yoshimitsu tinha um irmão mais novo, mas um já morto? " foi realmente horrivel. ele era uma boa pessoa, sinto muito. "
" eu também. "
é, talvez eles tivessem algo em comum.
talvez.
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já estavam bem longe da ponte faziam alguns minutos, quase uma hora, quando encontraram diversas estátuas feitas de gelo. eram parecidas com as árvores congeladas, mas por mais belo que fosse, ainda era extremamente assustador; shino e rei caminharam dentre as enormes estatuas no local, as vezes alguns dígitos eram postos sob a superfície gelada. tinha um enorme penhasco no local, dando uma visão panorâmica do rio cristalino que se estendia até mais a frente, onde estavam as montanhas que eram seu destino final.
ambos se aproximaram do penhasco e observaram a bela vista. os olhos acastanhados de shino se prenderam no belo azul oceano que era o olhar misterioso da yoshimitsu, que logo foi correspondido com certa timidez; um pequeno vermelho surgiu nas bochechas de ambos, porém, devido a máscara e a gola dos dois, não eram possível ver.
" acho que não falta muito para chegarmos a vila. " o moreno disse, sem desviar o olhar.
" é.. " a loira retirou o olhar do mais novo, encarando as montanhas. " então.. vamos? "
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