se passaram cerca de quase duas semanas desde que shino e rei estavam trancados naquela sala desgraçada, recebendo menos do que migalhas de comida mal-feita e gotículas de água para sobreviver, além de diversas torturas. aparentemente, mirei ainda tinha o plano de matar a anbu em mente, mas realmente estava se divertindo com todo o sofrimento da dupla, assim como ainda tinha muitas coisas a resolver.
desde socos dolorosos a sessões intensivas de choque pelo corpo antes de serem arrastados para um espécie de mesa repleta de pregos pontudos onde eram deixados para serem furados, os dias pareciam se arrastar especialmente devagar na impressão da dupla. a yoshimitsu já quase não tinha mais forças para sequer puxar o ar sem que todo o seu corpo tremesse de dor e agonia.
ambos estavam amarrados na mesma cadeira desconfortável de sempre, seus braços e pernas tremendo por conta da temperatura extremamente fria feita pelos poderes da caçadora de recompensas. o aburame estava sem a camisa — ela fora arrancada pela mulher mais velha —, enquanto rei ainda estava sem a máscara e apenas com uma blusa preta de gola alta que usava por de baixo do colete da anbu.
rei reprimiu um som parecido com engasgamento quando uma água extremamente gelada caiu sobre ambos, molhando ainda mais os corpos e seus cabelos, deixando tudo ainda mais frio e doloroso. pelo que parecia, a caçadora de recompensas tinha posto várias armadilhas pela sala, inclusive uma que atirava água congelante nos intrusos, e parecia estar se divertindo usando isso contra eles.
" e então, como está a temperatura? " a voz da sequestradora se fez presente no local. " espero que o mais fria possível. "
" desgraçada. " foi apenas um murmúrio de Rei, quase um sussurro, mas alto o suficiente para atrair a atenção de yoichiro.
" tadinha, está com frio? " ela riu de deboche, agarrando a anbu pela mandíbula e a apertando com força. " sabe, você me lembra muito a sua mãe. lembro perfeitamente da época em que ela era minha treinadora na anbu. "
a yoshimitsu ameaçou se mover, mas seus braços estavam congelados na cadeira e acabaria os arrancando se fosse para cima dela.
" konatsu, que nome lindo.. uma pena ela estar morta a tanto tempo, não? " um sorriso psicótico surgiu em seu rosto, e ela logo andou até estar na frente de shino. " que pena você não ter conhecido a mãe da sua namorada, aburame.. mas veja pelo lado bom, pelo menos ela viu seu irmão quando ele estava vivo! "
ela riu, caminhando sem rumo pela pequena sala e agarrando uma adaga afiada, quase do tamanho da mão de rei. parou na frente da anbu, um sorrisinho doce extremamente falso em sua face quando acertou o objeto contra a coxa da mais nova; a loira reprimiu um grito de dor, agoniando em silêncio enquanto sentia seu sangue descendo pela pele gelada.
" rapazes, levem o menino para a sala 0-3. " dois capangas entraram e agarraram shino pelos braços, praticamente o arrastando para fora do local enquanto mirei e rei permaneciam se encarando. " você é bem forte, não é? "
um silêncio desconfortável e estranho permaneceu no local, apenas a respiração desregulada da yoshimitsu era ouvida, por mais que muito baixa. a caçadora caminhava lentamente pelas estalagmites de gelo no chão, as vezes pressionando o próprio dedo contra as suas pontas e observando ele sangrar.
mirei segurou uma cadeira e pôs na frente da anbu, se sentando e suspirando alto.
" acho que você realmente não vai me ajudar, não é? " a loira se aproximou um pouco da assassina e cuspiu sangue em sua face. " é, eu vou levar isso como um não. "
ela segurou a faca e a retirou da perna da yoshimitsu, apenas para pressiona-la de novo no mesmo local, porém com ainda mais força. a mais jovem não segurou o grito, por mais que baixo, e se curvou um pouco sobre o corpo, ouvindo a risada psicótica da torturadora.
ela segurava a faca e a apertava contra sua pele, rindo com escárnio quando viu a feição de dor da ninja.
" tudo bem. eu entendo que você não quer me ajudar, mas ao menos, quero que saiba o quanto sua mãe gostava de mim. " se aproximou da outra, até começar a sussurrar em seu ouvido. " eu era considerada praticamente a filha dela antes que o seu irmãozinho kira tomasse esse lugar de mim. e então veio você, o caçula, e então eu pensei: ah, ela nunca foi a melhor anbu e não fará falto, por que não contratar um ninja para mata-la? "
ela riu da expressão de horror e choque na face ensanguentada da anbu, logo se levantando na cadeira e fazendo um sinal para seus capangas. eles logo seguraram a capitã pelos braços e apertaram as mãos ao redor de seu pescoço, fazendo-a esquecer de qualquer coisa que tivesse ouvido antes que tudo se tornasse uma escuridão completa.
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a escuridão se esvaiu quando shino finalmente abriu seus olhos e pode enxergar duas silhuetas musculosas e altas em sua frente, assim como também podia ouvir uma voz levemente familiar.
" mas como? "
" não sei, a idéia foi sua! "
" mas eu não achei que iria dar certo, e- "
uma das silhuetas pareceu perceber que o ninja tinha acordado quando se virou, causando uma enorme estranheza no aburame. ele conhecia aquele rosto e aquela voz. diferente dos outros momentos em que ambos os capangas usavam máscaras, agora seus rostos estavam visíveis — apenas um pouco, visto que a iluminação era muito precária.
ele era idêntico a torune, por mais que seus traços ainda estivessem mais velhos do que deveriam ser.
eles lhe encararam por alguns segundos, antes do moreno entre eles — vulgo quem parecia muito com torune — se aproximar e ajoelhar-se na frente do mais novo, que estava sentado no chão com as costas apoiadas na parede.
" otōto, sou eu. " deu um sorriso triste. " torune! "
a mente de shino se revirou intensamente quando memórias do tempo que passou com seu irmão mais velho lhe atingiram, até que ele apontou para o loiro atrás de si — o mesmo que tinha os atacado inicialmente na ponte.
" esse é o kira. " o loiro não se moveu, apenas permaneceu de braços cruzados. " ele é irmão da sua colega anbu. "
" temos muito que conversar, pirralho. " o tal kira de moveu até estar ao lado de torune, os olhos azuis penetrantes que lembravam rei o mantendo parado.
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