Capítulo 10 - A prisão das Fantasias Secretas

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— Peraí, então não era para eu achar aquele caderno na minha mesa?

— Ele morre de medo de outra pessoa encontrar, mas ficou tão arrasado que só se preocupou com o caderno no dia seguinte, quando você já tinha pego

— Porra, eu achando que era convidada para essa suruba aqui. Quer dizer que sou uma penetra?

— Uma penetra muito bem-vinda. Se você não conversasse com ele por e-mails, não sei como a gente conseguiria animá-lo.

— Ele ficou péssimo, tadinho.

— Me dá muita pena dele.

— Você podia dar uma ideia para ajudar ele.

— Tenho cara de mecânica de rola?

— Não precisa ser grossa. Você adora o pau dele também.

— Gosto de sexo! Não gosto de homem machista, preso em uma fantasia de ser um macho alfa, dono de harém. Se ele não consegue realizar a fantasia dele, que vá transar de outro jeito. Ou fique sozinho.

Apesar da rispidez de sua fala, Denise se desculpou com suas novas amigas. Tinha empatia por elas e, apesar de não assumir, por Roberto. Sentia pena de todos eles. Delas por encontrarem uma satisfação em uma fantasia limitada e dele por ser um escravo dos próprios textos. Saiu daquela sala oculta com uma sensação ruim. Não tinha vontade de reaparecer lá. Todo aquele jogo era extremamente excitante, mas falar a verdade para elas quebrou o clima.

O tratamento com elas e com Roberto nos dias seguintes era estritamente profissional, sem demonstrar a menor intimidade com nenhum deles. Percebia no olhar deles a vontade de tê-la com eles, mas não queria aquele tipo de situação para ela. Às vezes, ao passar pelo depósito, imaginava se estaria acontecendo algo por lá, mas logo enterrava sua curiosidade.

Denise seguiu. Sua vida sexual só era parada quando queria, ou escolhia demais. Se permitiu conhecer novas pessoas sem tanto critério, pois para ela, nada seria pior do que Roberto. Teve encontros interessantes, mas sentia falta de algo. Pensando no encontro com Amanda, Sandra e Rebeca, tentou coisas novas. Ménages e casas de swing se tornaram programas frequentes. Mesmo assim, pareciam vazios.

Apesar de se afastar do grupo, Denise guardava alguns momentos para ler os textos publicados por Roberto. O sexo grupal havia sido um tema recorrente e ela se divertia não apenas se masturbando, mas também identificando quem era quem em cada conto. Havia um ou outro conto com quatro mulheres, onde podia perceber referências a ela. Esses ela lia e relia, se masturbando e gozando vezes seguidas enquanto lia. Sentia como se ele lhe mandasse uma mensagem, dizendo não esquecê-la apesar de tudo.

Além do gesto discreto, havia algo mais chamando a sua atenção. Os textos estavam evoluindo. Surgiam histórias vividas apenas entre mulheres, muito excitantes para ela. Mesmo histórias em grupos, com um home e várias mulheres, o tema da submissão se tornava menos comum. Aos seus olhos, o autor parecia amadurecer pelos próprios textos, criando narrativas mais diversas, com papéis diferentes para homens e mulheres. Os novos textos a inspiraram a se imaginar naquelas histórias mais uma vez. Ela, suas amigas e Roberto.

Amanda sentia uma agonia profunda, da qual não compartilhava com ninguém. Seu relacionamento com Roberto era limitado àquela sala, sendo insuficiente para ela. Adorava tanto Sandra quando Rebeca, principalmente por ajudarem com seu namorado, mas não compartilhava seus sentimentos com elas com medo delas desistirem, como fez Denise. A rotina continuava, com as corridas pela manhã e o banho compartilhado, assim como os vários momentos na sala oculta. Nada daquilo bastava para um relacionamento. A alimentação de Roberto já estava melhor a dias, assim como seu corpo já apresentava mudanças com os exercícios e mesmo assim, ele era dominado pelo menos.

O Departamento de Fantasias SecretasOnde histórias criam vida. Descubra agora