Nova Regra

15 2 0
                                    

Enquanto andava passos firmes até o carro, fora do bar, deixou as lágrimas correrem livres, "porque ele tinha feito aquilo, se fosse para assumir um namoro não faria, isso era o pior". Lis parou e respirou fundo. Com a noite gelada na pele teve uma sensação de solidão, não era apenas uma sensação, no fundo ela estava sozinha. As amigas estavam com ela por toda a parte, a tia, o primo. Mas ela não tinha mais como contar com a mãe, Lucas havia ido embora e mesmo sendo um cretino, ele representava uma lembrança de quando tudo era normal, onde tudo era certo e o sorriso no rosto da mãe era a resposta para qualquer situação complicada, ali no meio daquele estacionamento Lis desejou poder ir na casa da mãe como antigamente, que ficava em cima da confeitaria, abrir a porta e já sentir cheiro de chocolate espalhando-se pela casa ou cheiro de pão quentinho, a mãe sempre tinha uma palavra de conforto, aquele sorriso no rosto e um doce para desmanchar qualquer azedume da vida. Agora Lis não tinha nada. Só medo e desilusão.

Fábio

Eu me senti vitorioso, se aquele cara tinha intenção de passar a noite com ela, aposto que agora tinha tudo ido por água a baixo. Mas quando ela pegou a bolsa e saiu sem nem olhar para trás me senti um completo babaca. O cara que estava com ela ficou pagando a conta e ela sumiu pela saída.

Eu estava cantando quando senti a mão do Igor no meu ombro me puxando.

—Seu idiota, não acredito que você fez isso! Vai agora atrás dela, ou então adeus inspiração, adeus amizade colorida e adeus tudo isso que você está sentindo e não quer admitir.

Olhei para ele,me sentindo inseguro e na mesma hora sai correndo, ainda escutei ele assumindo o microfone, a voz meio desafinada.

No estacionamento logo a vi entrando num carro.

—Lis, Lis... Lis espera, por favor.

Ela me escutou e levantou o rosto, "que droga," ela estava chorando.

—Ei babaca, você não fez o suficiente já? – E essa agora, o cara que estava com ela havia me alcançado.

—lha só, meu assunto é com a Lis.

Ela entrou no carro e bateu a porta.

—Volta para o palco fazer seu showzinho barato que já estragou a nossa noite.

Era só o que me faltava escutar esse idiota dizendo que eu havia estragado a noite deles.

—Escuta aqui, eu estou me lixando para a noite de vocês, eu só quero dar uma palavra com a Lis e vocês podem ir para o motel que quiserem! - Falei com todo o ódio que estava sentindo naquele momento.

Virei na direção do carro e o que aconteceu a seguir foi tão rápido que nem sei direito como foi, apenas senti as mãos dele no meu ombro e quando olhei, levei um soco tão grande na cara que cai sentado no chão meio desorientado.

—Você não se toca não? Fez minha prima parecer uma qualquer na frente de toda aquela gente! Quem é você pra falar dela assim?

—PRIMA? – "ele falou prima? Prima? Que droga!"... Pensei.

—Sim, prima, o que você achou que fosse hem Fábio?

Em algum momento entre nossa pequena discussão e o soco que me derrubou, ela saiu do carro e chegou perto de onde estávamos os olhos vermelhos, a pela branca manchada pelas lágrimas, se abaixou e me ajudou a levantar o toque tremulo deixou uma carga de eletricidade em mim.

—Ah sei lá Lis, eu só...

—Vamos embora Lis. – o tal primo pegou no braço dela e começou a puxá-la para o carro novamente.

—Não, por favor, Lis, deixa eu me explicar, não vai embora assim! –supliquei, o olho ardendo.

—Léo, me espera no carro tá eu já vou. - falou séria.

—Mas Lis...

—Tudo bem, eu conheço ele. Só preciso de uns minutos sim?

Ele me olhou como se tivesse vontade de me espancar de novo e provavelmente tinha, mas foi para o carro.

—Qual é a sua Fábio? Achei que tinha me chamado para sei lá, relembrar o primeiro dia, mas você só queria me expor feito uma ridícula.

—Não sei o que deu em mim.

Venci a distância que me separava dela e fiquei bem perto sem tocá-la.

—Não sabe? - seus olhos expressivos e ainda o com brilho das lágrimas me encaravam confusos.

—Eu vi você naquela mesa flertando com esse cara...

—Meu primo! Eu não estava flertando com ele!

—Eu não sabia! Poxa, só vi você ali nem olhou pra mim direito. -falei me sentindo bobo.

—Eu não quis que pensasse que eu estava aqui por você, ou sei lá.

—Tudo bem, mas me senti muito mal, pensei que esse cara era um...

—Um sexo aventura? - suas palavras eram firmes e magoadas.

Fiquei calado.

—Você disse que poderíamos sair com outras pessoas se quiséssemos não disse?

—Mas eu não quero sair com outras mulheres. – Falei num folego só, chegando ainda mais perto dela.

—O que você quer Fábio. -ela ainda estava me encarando com aquele olhar lindo  que me deixava desconcertado.

—Que você me desculpe. Fui um idiota e estou muito, muito arrependido por expor você daquela maneira estupida.– Cheguei mais perto, batendo de leve meu corpo no dela, passei uma das mãos no contorno de seu rosto, que estava gelado. Ficamos assim uns minutos, a respiração dela começando a acelerar, e meu coração bater mais alto.

—Você ficou com ciúmes? -perguntou com a voz insegura e um olhar manhoso.

—O que você acha? – tirei uma mecha do cabelo que tinha caído nos seus olhos.

—Eu acho que você é muito confuso. E que seu olho vai inchar muito!- ela disse abrindo um sorriso pesaroso e tocando de leve meu machucado.

—Não importa... Eu mereci por ser um babaca... Então esse seu sorriso lindo quer dizer que está tudo bem, estou perdoado?

Ela passou a mão no meu rosto, pela minha barba deixando minha pele ardendo com o contato gentil.

—Eu não devia mas... Dessa vez, dessa vez escutou bem... Está perdoado... -eu a abracei, minhas mãos correndo por suas costas, e procurei seus lábios selando com os meus num beijo suave.

—Quero criar uma nova regra. - eu disse quando a soltei.

—É e qual seria posso saber? Não expor ninguém ao ridículo num palco na frente de um monte de desconhecidos?

—Essa regra pode e deve ser agregada também. –Dei um sorriso sem graça. – A minha regra é que enquanto estivermos nessa amizade colorida, não vamos sair com outras pessoas.

—Você quer dizer que não quer que eu saia com outros homens?

—É... Principalmente. – sorri envergonhado. —Mas eu também não vou sair com ninguém!

—Eu não sai com nenhum homem esses meses que estamos juntos. E nem tive a intenção disso.

—Tudo bem, mas eu quero que seja uma regra mesmo assim.

—Meu Deus, que amigo ciumento eu arrumei.

—A culpa é sua por ser tão linda. - falei beijando ela de novo.

—Linda e solteira você devia dizer.

Cada vez mais eu tinha certeza que gostava da Lis, mas, ao mesmo tempo, eu estava com medo de me envolver mais, numa relação séria e assumida. Ela me deu um último beijo.

—Tenho que ir, Léo está me esperando.

—Que inveja desse seu primo.

—Amanhã a gente se vê, boa noite Fábio.

—Boa noite Lis... Amanhã! –enfatizei.

Fiquei olhando ela ir embora com um a vontade imensa de ir junto, mas eu era um misto de sentimentos que nem eu mesmo me entendia.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 30, 2023 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Aventura RomânticaOnde histórias criam vida. Descubra agora