Muita Criatividade

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 Eu fico pensando "Será?" ou "É tudo viagem minha?"

—Café da manhã?- Nanda gritava no telefone quando eu liguei aos prantos contando minha decepção. - S.E.X.O A.V.E.N.T.U.R.A!!!- ela soletrou. - Não é um relacionamento, você deve ter assustado ele num nível que o cara nunca mais vai querer te ver na vida.

"Como assim existia essa regra no sexo aventura, nada de café da manhã?"

—Não pode ter esse tipo de intimidade e segundo porque vocês não foram num motel, levar um estranho assim na tua casa?! Francamente Lis!

Comecei a chorar mais forte, "eu era um desastre, por isso o Lucas havia me deixado".

—Eiii amiga para com isso, não chora, esse foi o primeiro, você vai aprender com o tempo, ontem foi só um teste...

—Tempo? Teste? Você só pode estar de brincadeira! E muito louca para me falar isso! Nunca mais vou sair com ninguém, nada de sexo aventura e de cafés da manhã, nunca mais mesmo! Never!

—Lis seja sensata, por favor, você disse "tive uma noite maravilhosa como nunca aconteceu antes..." isso é o que vale a pena amiga, se divertir, ter prazer, pense por esse lado. E você nem precisou procurar muito, foi ele que te encontrou, tão fofo cantando com você no palco, te olhando daquele jeito, é isso Lis a autoestima que você estava precisando.

Ela tinha razão, a noite foi ótima mesmo e só de lembrar me dá uma leve tontura, mas o sentimento de vazio continuava em mim de uma maneira que eu não podia entender.

***

Uma semana depois

Fábio

—Cara o que é tudo isso?? - Igor olhava meus textos, mais de trinta separados sobre a mesa: crônicas, pequenos contos, tudo escrito em uma semana, algo inédito para mim.

—É isso que estou te mostrando, Igor, eu escrevi tudo isso, ah escrevi até uma letra de música acredita? -eu ri, minha felicidade estava sem tamanho.- Claro que não conclui ainda mas já tem umas boas estrofes.

—Uau, nunca vi algo assim, você ficou quase um mês com aquele texto pra revista, e não saia do lugar. - ele estava realmente perplexo.

—Para você ver e acredite se quiser, metade desses textos já estão vendidos, mandei até para o jornal da cidade e eles compraram na hora, essa crônica do café da manhã.

—É eu to vendo, ficou bem engraçada, é o tipo de humor "fatos da vida" que as pessoas querem... Vem cá essa menina mexeu com você né?

—Que menina?

—A psicopata do café?

Assim ficou conhecida a menina que no sábado havia passado a noite comigo e na manhã seguinte preparado um café maravilhoso, não que eu não tenha achado interessante, mas eu já tive algumas experiências com mulheres que passam uma noite e já planejam casamento, e eu não gostava de magoar e muito menos iludir ninguém.

—Ah, não tem nada haver, é só que realmente eu tive uma crise de criatividade só isso. - eu falei, mas a verdade é que no minuto que eu cheguei em casa depois daquela noite, não parei mais de escrever, ideias brotando por todo lado.

—Sei, então aproveita e escreve mais, vai que essa "crise" demora a voltar.

—Na verdade é isso que é estranho... Nos quatro primeiros dias escrevi muito e numa velocidade incrível, mas faz dois dias que estou patinando nas letras como antes, mal escrevi meia página, acho que minha crise passou muito rápido. - isso me deixava intrigado e aborrecido.

—Ou o efeito da psicopata do café já passou... Precisa transar com ela de novo. –Igor riu debochando.

—Ah, claro e comprar um anel de noivado. - eu tirei sarro, mas no fundo aquela garota não saia dos meus pensamentos, Lis, aqueles olhos enormes me encarando tímida no bar quando convidei ela para dançar, seu corpo delicado que minhas mãos contornaram com facilidade, sua boca macia, o cheiro agridoce de um perfume suave de flores e algo como baunilha com canela. O jeito que dormiu depois de fazermos amor, com um semblante suave. E a pior parte era esquecer aquela carinha de desapontamento quando eu fui embora na manhã seguinte. Não devia ter sido tão categórico, um pouco de empatia teria feito diferença pra ela, mas não haveria maneira mais sútil de dar um "fora" depois do sexo, talvez se eu tivesse acordado antes teria facilitado muito as coisas.

—Você tem medo de se apaixonar é oque eu acho, está ai com esse olhar perdido só de lembrar da moça.

Igor saiu para seu quarto e eu fiquei ali na frente daqueles textos todos com uma sensação de solidão repentina, lembrar dela me deixava perturbado.

Lis

Eu não estava acreditando, mas era real, eu estava novamente naquele bar com minhas amigas, praticamente me arrastaram, e para que eu aceitasse resolveram ir numa quinta-feira, alegando que aquela banda só tocava nas sextas e sábados, ou seja, eu não encontraria o tal apavorado do café.

Assim que chegamos, dei uma olhada no palco, revivendo aquela sensação estranha da última noite que estive ali, realmente era outra banda tocando, respirei aliviada, embora internamente tenha ficado desapontada.

Escolhemos uma mesa, minhas amigas convidaram uns rapazes para conversar, eram bonitos e despojados, um deles sentou do meu lado e ficou puxando assunto, mas eu estava me sentindo uma ET, não queria estar ali, ou pelo menos não queria estar ali com aquele cara.

***

—Ei Fábio, naquela mesa ali não é a tua psicopata do café?

Estávamos conversando perto do balcão de bebidas quando Igor chamou minha atenção, então focalizei no lugar que ele estava indicando e vi, lá estava ela, com uma blusa azul e uma saia de couro preta, tremi assim que meus olhos registraram a imagem dela, estava com cara de entediada enquanto um rapaz tagarelava no seu ouvido e as amigas flertavam com outros rapazes na mesa, fiquei observando cada gesto, o jeito de mexer no cabelo, morder levemente os lábios, os dedos tamborilando na mesa, vez ou outra se certificava onde estavam as amigas com o olhar atento. Em poucos minutos eu estava fervilhando de ideias que eu poderia escrever, era como se a presença dela fosse como um eligir de criatividade.

—Iii cara essa noite não vai ter para você... - Igor falou assim que o cara que estava com ela colocou a mão em sua perna, mesmo sem querer Fábio tremeu na base e quis estar no lugar daquele idiota, deveria ser ele lá naquela mesa.

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