Pacote de cigarros

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As sensações de uma nostalgia dolorida devem ir embora junto a fumaça de cigarro. Isso é tudo que mantém a mente de Yoongi funcionando as 8 horas da manhã, encarando o relógio redondo acima do balcão que se esconde o diretor pedagógico da escola, com seu semblante sério demais e pouca habilidade de comunicação com os mais jovens. Mas ainda assim, o mais próximo que eles poderiam ter de alguém responsável por determinar tudo. Seria isso ou freiras e padres caminhando pela instituição para garantir que não haja quebra de regras.

- Precisamos da assinatura de um responsável para que possa reabrir sua matrícula.

Ele se levanta da cadeira desconfortável de espera, um dos três assentos com acolchoado fino na pequena linha reta que separa o balcão e a porta de entrada do espaço, minúsculo e até claustrofóbico.

- Eu assino. - Responde ao entregar sua identidade, com a maioridade escancarada.

Nos papéis, tão brancos quanto sua própria pele alva, as datas de quando largou os estudos e do dia de hoje, provocando uma pequena arritmia pelo motivo que o levou a abandonar a instituição. As mãos se mostram trêmulas mas ele tranca a mandíbula para que consiga controle do próprio corpo e sua assinatura saia sem rasuras.

Algumas instruções são lembradas a ele, que já ouviu todas as baboseiras possíveis em seu primeiro dia no colegial. Agora ele só precisa concluir o último ano que deixou para trás e seguir. Seguir para onde é um bom questionamento, mas planos não fazem bem parte dos seus planos. Yoongi caminha pelos corredores já vazios, ouvindo apenas pequenos burburinhos vindos do final, onde a porta do auditório se abre, mas ele não sente vontade alguma de encarar uma aula.

Por isso segue até o lado de fora, aproveitando que todos os alunos e funcionários estão recolhidos e não há pessoas na rua tão cedo, para então acender o cigarro que estava escondido no porta-luvas do seu carro esse tempo todo. Ele dá a primeira tragada, encostando-se na lataria vermelha, há poucos metros do portão que define a área escolar, com um riso debochado por não estar, necessariamente, quebrando as regras.

As regras da escola só valem na escola, certo?

- Então ele é o novato. O dono do Mustang vermelho! - Dispara Ophelia, escondida nas portas de entrada da escola.

Alena se aproxima dela, deixando a curiosidade tomar conta de si. Os olhos varrem a imagem levemente vândala do menino, com os cabelos pretos um pouco compridos, duas mechas generosas lhe cobrindo os olhos, que pela distância não seria possível de observar bem, mas é possível acompanhar a dança da fumaça que deixa sua boca e a pose desleixada em que usa o carro de apoio, como se nada mais importasse. De fato, para ele, aquela escola e aquela cidade, não importam.

- Adorei a pinta de badboy dele.

- Para de falar bobeira, não podemos nos atrasar na primeira aula de todas!

A menina a puxa com força, conseguindo com algum esforço retirá-la de sua ávida vontade de se inteirar das fofocas ou talvez seja sua rápida habilidade de se apaixonar por garotos de todos os tipos, mas principalmente os que tem cara de problema. Na realidade daquelas ruas largas e enlameadas, não se via muito do tipo, com a carga cultural local completamente atrelada a religiosidade desta, só parecendo haver espaço para os bons garotos.

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Os olhos vidrados de Jimin se assustam ao ver o cartaz em tons de rosa anunciando a nova atividade extracurricular, balé.

Ao lado deste, presos na parede por fitas, anúncios de outros clubes, como o de xadrez e convocações para o time de basquete. Mas seus olhos não conseguiam se vidrar ali, absorto na conotação que o excluí de forma clara, fazendo seus dedos dos pés se curvarem para dentro, em desconforto e confusão.

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