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O garçom

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O garçom...

Retocando o batom no espelho, Juliana voltou a dar um longo suspiro. Tentando buscar coragem para voltar a encarar sua sogra de mentirinha. Afinal, parecia que a todo momento a mulher estava disposta a testar sua paciência.

_ Só um cinema é pouco para o que estou sendo obrigada a passar essa noite. _ Disse em voz alta. Tentando se preparar psicologicamente para o segundo haud. _ Pois é Juliana, não tem jeito, você tem que ir até lá. Veja pelo lado bom, não é de verdade.  Já imaginou ter que aturar aquela megera como sogra de verdade? Acho que eu a agarraria pelos cabelos. _ Riu sozinha fazendo uma leve careta.
_ Aguenta firme, só mais um pouquinho. _ Voltou a falar para si mesma, ainda em voz alta. Olhando mais uma vez a aparência no espelho.
_ É isso! Vamos lá! _ Deu mais um longo e pesaroso suspiro. Antes de se atrever a voltar, afinal, tinha demorado bem mais do que pretendia. Provavelmente a essa altura, Gustavo poderia está cogitando uma possível fuga dela. O que não era uma má idéia. Ele não poderia censura-lá por isso. " Aquela mãe dele parece uma praga do Egito. Disse mentalmente voltando a rir. Enquanto caminhava apressada. E em sua pressa atropelou um rapaz. O qual ela nem se quer imaginava de onde poderia ter saído. A única coisa que sabia era que não fazia parte dos seus planos ir ao chão naquela noite. Nem muito menos ficar coberta de vinho. Só que não conseguiu evitar a catástrofe à tempo. Pior, ainda levou o rapaz com ela. Não foi aquelas quedas bonitas onde se ver nos filmes clichês. Foi um verdadeiro desastre, ela concluiu. Vendo se sentada em uma poça de vinho e cacos de vidro.

_ Desculpa senhorita! _ O rapaz com seu traje de garçom, igualmente molhado. Apressou-se em ficar de pé. Estendendo a mão para ela. Mas para sua surpresa o rapaz em questão, passou a rir, de forma discreta, é claro! Mas ainda sim, ele parecia estar se divertindo com seu atual estado. Ou talvez rindo da situação. Não importava. A questão é que tal reação a encheu de raiva. Uma raiva inexplicável, mas que naquele momento a preencheu.
_ Qual o seu problema seu estúpido? Por acaso é cego? _ Parando de rir no mesmo instante, o rapaz a encarou confuso. E ela também o encarou. Disposta a desafia-lo. E nessa fração de segundos que seus olhos se encontraram. Juliana sentiu seu coração acelerar. Talvez fosse adrenalina, raiva. Não sabia dizer, a única coisa que teve certeza, era que aquele olhar a irritava, da mesma forma que a intrigava.
_ Calma! _ Ela o ouviu dizer de forma serena ainda a encarando. _ Foi você que esbarrou em mim. _ Bem, se ele tivesse parado no " calma!" Ela provavelmente teria ficado de pé, e esquecido o eventual incidente. Talvez não esquecido. Relevado, talvez. Mas ve-lo ali, praticamente a acusando de ter sido a culpada. Embora no fundo fosse verdade. A irritou ainda mais. Até porque, ele também tinha uma pequena parcela de culpa.
_ Eu esbarrei em você? Você deveria ter me visto. _ Era errado querer se isentar da culpa. Só que a cara com que ele a encarava naquele instante não permitia que ela aceita-se sua culpa.
_ Se a senhorita estivesse olhando para a frente, teria me visto com a bandeija _ Ironizou. Voltando a lhe estender a mão.
_ Eu sei levantar sozinha!
_ Resmungo, forçando se a ficar de pé.
_ Algum problema aqui? _ Um homem um pouco mais Velho apareceu naquela hora. E ao julgar pelo roupa que estava usando, era o gerente. Que lançou de imediato um olhar de reprovação para o rapaz.
_ Eu...
_ Eu esbarrei nele, eu vinha distraída e terminei causando essa bagunça.
_ olhando para ela incrédulo, o rapaz nem conseguiu disfarçar a cara de surpresa.
_ Não se preocupe, arcarei com os prejuízos. _ Voltando a olhar para o rapaz, o homem não ousou questionar.
_ Neste caso Pedro, troque esse uniforme, é volte ao serviço. _ Disse ainda meio desconfiado. _ Tem algumas mesas precisando de sua atenção. _ Passando um toalhinha que o gerente lhe estendeu, Juliana tentou amenizar o estrago no vestido, olhando de relance para o rapaz. Que ainda mantinha o olhar de surpresa sobre ela.
_ Você me ouviu, Pedro?
_ Me desculpe senhor, estou indo.
_ Espere! _ O homem o fez voltar para onde estava. _ Antes de ir, dê um jeito nessa bagunça. Antes que alguém possa se ferir.
_ Prontamente o rapaz passou a limpar, sem voltar a olha-la.

                          * * *

  Agradecendo mentalmente pela escolha do vestido escuro, ela caminhou até a mesa. Pelo menos a mancha do vinho dava para   disfarçar. O mesmo não podia dizer do cheiro. Só que a essa altura, isso já nem a incomodava. Afinal, de tantas coisas que deram errado, uma a mais ou uma menos nem faria diferença. Quem sabe, talvez, se tivesse sorte, o cheiro do vinho afugenta-se a megera. Ela conseguiu rir mais uma vez, enquanto via a mulher. Que parecia com a cara mais enjoada do que lembrava.

_ Oi, desculpem pela demora. Tive um pequeno imprevisto pelo caminho.
_ Sem problema linda. _ Gustavo se adiantou, ficando de pé, enlaçou a mão dela. _ Vem, vou te levar naquela Hamburgueria que você tanta gosta.
_ Com a sobrancelha franzida ela o encarou buscando uma resposta. Como não a encontrou, pois Gustavo apenas sorriu. Ela encarou os pais dele que os observava. Especialmente a mãe. Que nem um sorriso foi capaz de lançar a ela.
_ Vem! _ Voltou a insistir.
_ Nesse caso, foi um prazer conhecê-los. _ Ela fingiu ignorar a cara fechada da mãe dele. Alguma coisa tinha acontecido em sua ausência. Só que nem lhe importava. Sair dali no momento era sua prioridade. Claro que mais tarde iria  interrogar Gustavo. Sua curiosidade não lhe permitia fingir que nada aconteceu. Mas por hora bancaria a egípcia.  
_ O prazer foi nosso! _ A mulher disse quase que entre os dentes. O que mesmo percebendo. Juliana se manteve neutra. Estava feliz porque enfim sairia dali. É provavelmente não voltaria a encontrá-la.
_ Que cheiro de vinho é esse?
_ Gustavo disse baixinho.
_ Depois te conto. _ Ela riu. Enquanto seu pensamento vagueou. Lembrando daquele homem de pele bronzeada. Que contrastava com perfeição com aqueles olhos. Que hora parecia ser verde, hora parecia ser cor de mel. Talvez fosse os dois. Em uma sincronia intrigante de cores. Não o tinha achado atraente. Definitivamente não era o seu tipo. Mas aquele olhos, de uma forma invisível a tinha fascinado.
_ Que cara é essa linda? Tá tudo bem? _ Voltando de seus pensamentos, sorriu amarelo com medo de ter se desligado demais.
_ Eu tô ótima amor! _ Chamar Gustavo de amor foi a coisa mais estranha que já tinha feito na vida. E ao julgar pelo sorriso dele, ele também tinha achado a mesma coisa. Mas, estava disposto a manter seu teatrinho. A ponto de enlaçar seus braços na cintura dela. Trazendo ela mais para perto. Antes de voltar a se despedir de seus pais. Que observava a cena atentamente.

Continua...

Continua

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