Cap. 7 - Confusão

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- Ninguém me entende. Toda piada tem que rir, não importa se está sozinho ou acompanhado. Você me entendeu Dra.

- ...

- Acho que até as paredes ouviram.

Meu trabalho está começando a ser prejudicado, só por causa daquele curto beijo. No momento eu não disse nada, mas agora, aquele beijo não me era estranho que acabei pega em flagrante pelo coringa ao mexer nos meus lábios.

- Eu estou ouvindo. Só estava imaginando que uma pessoa como você não tem o mesmo senso de humor comum. Suas piadas são mais verdadeiras, do que as pessoas estão acostumadas a ouvir. Como se fosse uma banda de um gênero diferente.

-Dra. Quinzel. Você é impressionante. E me tira o foco de tão linda.

- Coringa, não estamos aqui para brincadeira. - Droga.

- Acho que você tem razão.

- Acha?

Ele se inclina para frente e prende uma mecha de cabelo atrás da minha orelha.

- Não estamos aqui para brincadeira. - Disse puxando a minha nuca e selando nossos lábios.

Não sei se foi pelo calor do momento, ou o clima tenso e perigoso, que me fez ceder as suas carícias, mas aquele beijo se tornou tão urgente como se eu fosse a liberdade dele e ele o meu maior pecado.

Não me lembro de como chegamos a esse ponto, comigo deitada no colchão e ele em cima beijando o meu pescoço, passando a mão pelo meu corpo e suspirando a cada gemido que eu dava quando ele chegava em qualquer parte sensível. Ele brincava com a borda da minha calcinha e com a minha coxa. O clima estava esquentando aos poucos, até que ouvimos uma batida na porta.

-Dra., está tudo bem, quer que interferimos?

- NÃO! Digo, já estou terminando.

Jogo Coringa para o lado, fazendo cair no chão.

- Dra. Está tudo bem? Estamos entrando.

- Não se atrevam. Está tudo bem.

Abaixo o meu vestido que estava na altura da cintura e organizo as minhas coisas o mais rápido possível. O coringa, até então, continuava no chão só que agora sentado e olhando para um ponto qualquer, não sei o que se passava na sua mente, mas o seu olhar me indicava que ele estava perdido em pensamentos.

- Eu volto para a próxima sessão.

Ele me fitava ainda com o olhar perdido, mas após eu ter dito que voltaria para vê-lo, um brilho apareceu em seu olhar.

- Quando?

- Em breve...

Bato na porta para informar a minha saída e vou para o meu escritório, onde eu me jogo na poltrona e me perco no teto branco.
Estava cheia de pilhas e mais pilhas de documentos, e papéis relacionados aos meu outros pacientes. Todos os pacientes que eu visitava, era obrigatório realizar um relatório da consulta que ocorreu naquele mesmo dia. Só tinha um que ainda estava em branco e é o mais importante para a diretória, visto que o grau de vigilância é maior que os outros. O que eu acho um absurdo, onde no lugar se encontram o Crocodilo, Diablo, Hera venenosa e Senhor frio, ele é quem deve ser preso no subsolo, sem visitas e sem companhia. Um homem, cuja sociedade o jogou louco por não seguir o padrão de uma pessoa qualquer. Um homem que se divertia com suas próprias piadas, e uma sociedade que não soube valoriza-las. Um homem que foi sendo destruído aos poucos, julgado como louco, masoquista e homicida. Não foi ele, foram as pessoas. Não foi ele, foi o sistema. O mesmo sistema que julga quem vive e quem morre. Quem é rico, quem é pobre.

- O é que eu estou com a cabeça? Não posso escrever isso.

" O paciente se encontra estável, não apresenta alucinações. Se encontra disposto para conversar e pede para ser ouvido. Seu passado é revelado aos poucos no momento em que se sente seguro e demonstra confiança com a psiquiátrica".

"Pontos de Atenção: Paciente está apto de realizar passeios pela instalação".

Nunca me senti tão satisfeita de ter realizado um relatório, como eu me sinto agora. Farei a entrega a diretora, e amanhã eu espero uma resposta. Passo em sua sala e vendo que a mesma não se encontrava, coloco os relatórios prontos encima, deixando o do coringa em primeira mão. Saio de sua sala e vou bater o meu ponto e me direciono ao ponto de taxi.

O trajeto que eu levo para chegar em casa, dura meia hora, visto que eu preciso pegar duas conduções (ônibus + taxi). Meu apartamento ficava encima de um restaurante japonês, o restaurante do Dock, um senhor que me acolheu no momento que eu precisava de algum lugar para morar. Ele vivia me esperando na porta quando eu chegava da boate, me perguntava se eu estava bem e me dava chili ao molho picante que se tornou um dos meus pratos favoritos.
Após eu descer do ônibus, vi que havia um carro preto do outro lado da rua. Um carro que eu já tinha visto e andado dentro.

- Bruce...

Fingi que não havia o visto, então, decidi ir a pé só para ver até onde ele iria. Mas, desde o momento em que o seu carro me acompanhou até o meu apartamento, ele não fez nada. Não houve buzina, ou até mesmo me parou para cumprimentar e oferecer carona, absolutamente nada... E eu comecei a me perguntar se realmente era ele no carro.

- Flor de Lótus!

- Boa noite Dock.

- Vejo que está cansada. Quer que eu prepare uma comida para você?

- Não Dock, obrigada. Acho que vou subir e comer qualquer porcaria que eu trouxe do mercado ontem.

E assim eu fiz, subi para o terceiro andar e fui direto para a minha porta. Entrei tirando os sapatos, soltando o cabelo e me jogando no sofá. Olhei para a janela e a luz da Lua cegava os meus olhos, me levantei e fui até ela para fechar as cortinas. Ao longe, eu vi o mesmo carro parado do outro nado da rua, fechei as cortinas e deixei uma brecha para espionar. Peguei meu celular e liguei para um número muito conhecido. O bendito número que me daria muita dor de cabeça futuramente.


- Alô?

- Segundo as diretrizes do direito do cidadão. Perseguição é considerado um crime, quando você acompanha o trajeto de uma pessoa, do serviço dela até em casa.

- Desculpa, estava andando para apaziar a mente, quando te vi, não sei o que me deu.

- Entendi. Você quer conversar?

- Não, senão você faria hora extra. Está tudo bem?

- Só um pouco cansada e precisando de uma taça de vinho.

- Posso arrumar para você. E mais...

Era impressão minha, ou Bruce tinha segundas intenções? Se for isso, pessoal, não esqueçam da minha dica.

- E o que esse "mais" seria?

- Um jantar.

- E...

- Uma companhia.

- Interessante. Algo mais...

- Uma massagem.

- O quão boa é essa sua massagem?

- Aí você terá que descobrir.

"PUTA QUE PARIU"

- Sobe. Agora.

Fui para o saguão do restaurante e vi que Dock já tinha ido embora.

Vi que Bruce estava na porta de entrada, logo abri ela e o puxei pela mão e subimos as escadas. Eu tinha dificuldade em abrir a porta, por conta de toda euforia, devo culpar o Coringa por não ter saciado o meu desejo sexual ou aqueles guardas. Bruce me prendeu contra a porta, já fechada, e pressionou meus seios contra o seu peito. Começamos a nos despir, e as roupas faziam um trajeto em direção ao meu quarto. Bruce e eu estávamos praticamente nus, caímos na cama respirando pesadamente, nós exploramos um ao outro com as mãos e línguas.
Seu membro estava próximo da minha entrada, eu estimaria um bom tamanho e espessura. Enquanto nos beijávamos, Bruce apertava a minha cintura.

- Eu preciso de você.

Agarrei em seus ombros, o estimulei a continuar. Senti o seu membro dentro de mim escorregar com força, agarrei mais ainda eu seus ombros apertando fortemente e ele começou a se movimentar lentamente. No momento em que eu envolvi as minhas pernas em volta da sua cintura, seu ritmo ficou mais acelerado, meu corpo estremecia a cada estocada, ondas de orgasmo estavam se aproximando, seu membro pulsava dentro de mim. Nós ficamos abraçados, tranquilizando nossas respirações a voltarem ao normal, até o celular dele tocar.

- Droga.

- Acho melhor você ir.

- Nos vemos depois?

- Acho que sim. Isso foi bom, mas você sabe onde isso vai dar.

O celular toca novamente.

- Deve ser importante. Vá. Eu te mando mensagem.

Então ele se levanta e pega as suas coisas e se veste, mas antes de ir, ele beija o topo da minha cabeça e sorri.

Depois de vestir uma camisola, vou até a sala e pegou as minhas coisas para deixar organizados para o dia seguinte. Vou pegando os papéis que estavam jogados na mesinha e organizo tudo, leio alguns rascunhos e separo os que eu deixo e os que eu levo pra o trabalho, até que ao separar todas as folhas, vejo que havia um rascunho com um desenho, mas não um desenho qualquer com casinhas e pessoas em palito, mas sim com um rosto de cabelos verdes, pele tatuada, e sorriso contagiante. Coringa. Quando foi que eu fiz um desenho seu? Espero que não tenha sido em alguma das nossas sessões, porque eu sei o quanto você é curioso para saber o que eu tanto escrevo sobre você.

E agora, eu me imagino em mar de conflito e confusão. Coringa. Bruce. E Batman.
O que está acontecendo? E principalmente comigo?

Todos querem a Arlequina!Onde histórias criam vida. Descubra agora