Semanas antes...
O local marcado para a reunião daquela noite eram as ruínas de uma igreja abandonada. O contratante tinha sido bastante secretivo, se comunicando via caixa postal morta por semanas, mas enfim o tempo tinha chegado. Lá estava Eric, o líder das Presas Negras, perscrutando as dependências enquanto aguardava por qualquer sinal do contato. Nas sombras, pares de olhos atentos reluziam fracos, tão impacientes quanto ele.
Foi quando ouviram rumores de passos apressados vindo de trás do altar. Um indivíduo corcunda se revelou receoso, usando uma roupa grosseira que arrastava no chão.
— Vocês... vieram? — ele parecia incrédulo com o encontro.
Eric deu um meio sorriso e se aproximou um pouco.
— Em carne e osso, meu caro. Boa noite.
— Oh, ótimo. — O indivíduo fungou. — Boa noite, eu sou Bert, serei o mediador da contratante de vocês. Ela não pode vir.
Eric reprimiu um suspiro transtornado. Não era a primeira vez lidando com Nobres, mas aquele excesso de drama estava dando nos nervos.
— Qual é o problema exatamente?
— Bem, minha senhora precisa de um item que está num castelo abandonado ao norte, como deve ter comentado com vocês anteriormente.
Eric se lembrava bem daquilo. Um castelete entre as montanhas com fama de mal-assombrado; havia histórias de que ninguém voltava com vida de lá.
— E enfim ela descobriu uma forma de entrar! — o servo contou. — Tem uma pessoa que pode ajudar. Ela.
Bert estendeu uma folha de papel para o caçador. Era a imagem de uma moça de cabelo curto castanho avermelhado, maçãs do rosto proeminentes e olhos cor de avelã. Ela parecia que estava em seus vinte e poucos anos. A imagem claramente era o recorte de outra maior, pois dava para notar que havia mais pessoas com ela na fotografia.
— Gata — o mercenário assobiou. — Mas suponho que sua chefe não quer que a gente traga essa mulher de forma educada, não é?
— O nome dela é Cassandra Constantinescu. — Bert ignorou o comentário. — Foi vista nas redondezas há pouco tempo com outro grupo, os Le Fanu. Minha senhora quer que vocês tragam ela, viva ou morta.
Eric arqueou uma sobrancelha.
— Morta? Como isso ajudaria para entrar no castelo assombrado?
O servo apenas encolheu os ombros. Nesse meio tempo, outras figuras disformes apareceram carregando malas.
— A primeira parte do pagamento está aqui, caso queiram conferir. O restante será pago quando vocês trouxerem Cassandra. Mas tomem cuidado, ela é mais forte do que aparenta ser.
Eric sorriu e exibiu as presas.
— Não se preocupe, sua chefe não irá se decepcionar.
***
Cassandra travou a mandíbula com raiva. Pensou que deveria ter terminado de arruinar o rosto do caçador diante deles quando teve chance, talvez o cegando por completo. Assim, quem saberia, o peso de ficar na escuridão seria maior do que apenas perder colegas de equipe.
Mas, no final das contas, tinha que admitir; Eric era obstinado. Uma característica admirável, para o bem ou para o mal.
Percebendo a postura defensiva do barghest, a mulher fez um gesto para que o animal permanecesse ao seu lado. O lobo resmungou um pouco, mas logo obedeceu. Ao notar a interação, Eric questionou:
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A Caçada Selvagem
FanfictionUma geada misteriosa que deixa um rastro de destruição por onde passa. Mortos-vivos andando à luz do dia. Rumores sobre o futuro do trono do Ancestral Sagrado. Outra vez a Fronteira é palco de intrigas que ocorrem à luz da lua, delegando a D uma nov...