Capítulo 6

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  Levanto tarde no dia seguinte, na cozinha minha avó já está preparando o almoço.

— Bom tarde, bela adormecida. Pelo visto foi bom ontem.

— Foi sim, vó. — Digo pegando a cafeteira que ainda está na mesa.

— Quem te trouxe para casa? Não foi a Sofia né? — Como assim ela estava acordada e reconheceu no meio da escuridão que não era a Sofia. Cada dia essa mulher me surpreende mais.

— Não, foi a Carol, uma amiga que eu fiz ontem. Ela mora aqui do lado.

— A Carol. Eu sei que ela mora aqui. Que bom que fez uma amizade boa. — Ela me lança um sorriso e sei que ela viu o beijo.

— Alguma coisa que eu deva saber sobre ela?

— Não tenho nada contra ela. É uma boa menina, mas vive viajando. O pai mora em Santos, então ela vai sempre para lá vê-lo. — Solto um som em concordância. — Me conta o que mais aconteceu.

— Nada demais. Eu não conheço muita gente para te dizer quem ficou com quem.

— Fez amizade com mais alguém além da Carol?

— Com a Fernanda, achei ela bem legal.

— Ela é bem animada mesmo. E a Sofia? — Sabia que em algum ponto desta conversa chegariamos nela.

— Ela passou a noite com a Bia, então nem nos falamos direito.

— Não acredito. Por que não ficou com ela? — Ela se vira para mim meio revoltada.

— A culpa não foi minha. Ela chegou e me deixou lá, indo ficar com a Bia, não tinha muito o que eu fazer.

— Não acredito que ela te trocou por aquela lá. — Ela diz e começa a cortar o tomate mais agressivamente.

— Vó, não fui trocada. E elas foram legais comigo, incluindo a Bia. — Ela se vira para mim com uma cara de indignada.

— Ela foi legal com você? — Ela pergunta desconfiada.

— Pior que sim, foi simpática.

— E o que mais? — Ela me olha com expectativa.

— E o que mais? — Ela me olha com expectativa.

— Nada para ser sincera. Não conversei com muita gente além das meninas. — Sei que ela quer saber sobre o beijo mas não quero falar sobre isso, não agora pelo menos.

— Esse é só o começo, não precisa se preocupar tanto em fazer amizade com todos agora, só elas são o bastante por agora. — Ela dá um sorriso reconfortante, e eu agradeço por ela não insistir no assunto.

Sinto meu celular apitar na mesa, vejo uma mensagem da Carol falando que ela e uns amigos vão na cachoeira que ela tinha comentado ontem, que se eu quisesse ela passava aqui para me buscar. Acabo dando um sorriso e percebo o olhar da minha avó em mim.

— Carol me chamou para ir na cachoeira com ela depois do almoço.

— Você vai? — Ela pergunta enquanto mexe nas panelas.

— Acha que eu devo ir? — Pergunto em dúvida mas no fundo sei que quero ir.

— Se você quiser ir, não vejo problema nenhum.

— Então vou falar que eu vou.

— Você vai adorar lá, é lindo. — Respondo a mensagem dela e vou atrás de uma roupa, enquanto o almoço não está pronto. 

  Depois de uma hora ela vem me buscar e seguimos até a cachoeira com Nanda e Cecília no banco de trás, e eu descubro que as duas são irmãs, o que me surpreende por elas não serem parecidas mas ao mesmo tempo terem algo que as conecta, deve ser os olhos, são sempre os olhos.

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