Levanto tarde no dia seguinte, na cozinha minha avó já está preparando o almoço.— Bom tarde, bela adormecida. Pelo visto foi bom ontem.
— Foi sim, vó. — Digo pegando a cafeteira que ainda está na mesa.
— Quem te trouxe para casa? Não foi a Sofia né? — Como assim ela estava acordada e reconheceu no meio da escuridão que não era a Sofia. Cada dia essa mulher me surpreende mais.
— Não, foi a Carol, uma amiga que eu fiz ontem. Ela mora aqui do lado.
— A Carol. Eu sei que ela mora aqui. Que bom que fez uma amizade boa. — Ela me lança um sorriso e sei que ela viu o beijo.
— Alguma coisa que eu deva saber sobre ela?
— Não tenho nada contra ela. É uma boa menina, mas vive viajando. O pai mora em Santos, então ela vai sempre para lá vê-lo. — Solto um som em concordância. — Me conta o que mais aconteceu.
— Nada demais. Eu não conheço muita gente para te dizer quem ficou com quem.
— Fez amizade com mais alguém além da Carol?
— Com a Fernanda, achei ela bem legal.
— Ela é bem animada mesmo. E a Sofia? — Sabia que em algum ponto desta conversa chegariamos nela.
— Ela passou a noite com a Bia, então nem nos falamos direito.
— Não acredito. Por que não ficou com ela? — Ela se vira para mim meio revoltada.
— A culpa não foi minha. Ela chegou e me deixou lá, indo ficar com a Bia, não tinha muito o que eu fazer.
— Não acredito que ela te trocou por aquela lá. — Ela diz e começa a cortar o tomate mais agressivamente.
— Vó, não fui trocada. E elas foram legais comigo, incluindo a Bia. — Ela se vira para mim com uma cara de indignada.
— Ela foi legal com você? — Ela pergunta desconfiada.
— Pior que sim, foi simpática.
— E o que mais? — Ela me olha com expectativa.
— E o que mais? — Ela me olha com expectativa.
— Nada para ser sincera. Não conversei com muita gente além das meninas. — Sei que ela quer saber sobre o beijo mas não quero falar sobre isso, não agora pelo menos.
— Esse é só o começo, não precisa se preocupar tanto em fazer amizade com todos agora, só elas são o bastante por agora. — Ela dá um sorriso reconfortante, e eu agradeço por ela não insistir no assunto.
Sinto meu celular apitar na mesa, vejo uma mensagem da Carol falando que ela e uns amigos vão na cachoeira que ela tinha comentado ontem, que se eu quisesse ela passava aqui para me buscar. Acabo dando um sorriso e percebo o olhar da minha avó em mim.
— Carol me chamou para ir na cachoeira com ela depois do almoço.
— Você vai? — Ela pergunta enquanto mexe nas panelas.
— Acha que eu devo ir? — Pergunto em dúvida mas no fundo sei que quero ir.
— Se você quiser ir, não vejo problema nenhum.
— Então vou falar que eu vou.
— Você vai adorar lá, é lindo. — Respondo a mensagem dela e vou atrás de uma roupa, enquanto o almoço não está pronto.
Depois de uma hora ela vem me buscar e seguimos até a cachoeira com Nanda e Cecília no banco de trás, e eu descubro que as duas são irmãs, o que me surpreende por elas não serem parecidas mas ao mesmo tempo terem algo que as conecta, deve ser os olhos, são sempre os olhos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Longe da cidade
RomanceApós não passar em nenhuma das faculdades que se inscreveu, Yasmin é obrigada a se mudar para Boirapera, uma cidade no interior de São Paulo, para morar com a sua avó distante. Nessa cidade acaba conhecendo pessoas novas e se relacionando com ela...