Capítulo 10

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Já são duas horas da tarde e eu estou no quarto da Fernanda, sentada em sua cama, enquanto espero ela processar tudo que aconteceu ontem.
— Acho que a gente devia fazer brownie com brigadeiro. — Isso com certeza não era o que eu esperava ouvir. — Sempre que eu fico mal ou confusa eu faço brownie com brigadeiro e já me sinto melhor. — Ela diz já levantando e saindo do quarto então sou obrigada a acompanhá-la.
Ela separa os ingredientes sem nem olhar receita alguma, fico me perguntando o quão triste ela é.

— Eu só queria um conselho, não vim atrás de comida. — Ela continua pegando as coisas, nem se abalando com meu comentário.

— Pensar com doce é sempre melhor. — Ela tem razão nisso. — O que você sente que deveria fazer?

— Eu não sei, por isso vim atrás de você. — Que péssima conselheira.

— A gente sempre sabe, yas. — Ela olha pra mim como se tivesse ajudado muito. — Eu não posso te falar o que fazer.

— Eu só queria um conselho.

— Certo. De quem você gosta mais? Você tem que pensar daí — Fico em silêncio pensando, enquanto ela começa a misturar os ingredientes no pote.

— É muito difícil comparar, com a Ayla eu tive uma coisa seria, teve um sentimento e com a Carol é diferente, a gente tá se conhecendo.

— Então com a Ayla teve sentimento, não tem mais? — Porra, quero gritar. Óbvio que ainda tem sentimento, o que a gente teve foi intenso e muito bom ao ponto de nem pensar no fim.

— Tem, eu gosto da Ayla.

— E a Carol? Você gosta dela?

— A gente tá se conhecendo.

— Você gosta ou não?

— É muito cedo pra dizer. — Eu não sinto o mesmo pelas duas, isso é óbvio.

— Então, você tem certeza que gosta da Ayla e não gosta ainda da Carol? Acho que essa decisão não é tão difícil assim.

— Mas com a Carol eu posso ter um futuro, se eu desistir nunca vou saber.

— Também pode ter um futuro com a Ayla e se você escolher a Carol, nunca vai saber como vai ser. — Não digo mais nada porque ela tem razão. — Não precisa ficar com essa carinha, você tem que fazer o que sentir que deve fazer, não esperar que alguém te diga exatamente o que fazer.

— Seria tão mais fácil. — Eu queria alguém pra me dizer o que fazer, principalmente em situações como essas. Acho que eu sou traumatizada.

— Seria mesmo. — Ficamos em silêncio enquanto ela vira a massa na forma, coloca no forno e vamos até a sala.

— E você? Não tem pensado em ninguém? — Pergunto quando nos sentamos no sofá.

— Ai amiga, não gosto de me envolver não, só ficar é ótimo. — Ela diz sem sentimentos, como se aquilo não importasse.

— Se dá certo para você assim, é ótimo né.

— É. — Ela diz e ficamos em silêncio novamente, ela parece meio triste.

— Aconteceu alguma coisa?

— Eu tava ficando com uma pessoa mas parece que não vai dar certo, tem outra pessoa na história.

— Não é a Carol não, né? — Digo segurando o riso com a cara que ela faz.

— Claro que não louca. — Começamos a rir. — Você não conhece, ela tá fora da cidade por agora.

— Ela vai voltar? Agora quero conhecê-la.

— Ta aí uma coisa que eu queria saber, ela foi passar um tempo na Bahia com uns parentes, mas disse que quer ficar por lá, tá até vendo faculdade. — Vou perguntar para a Sofia depois quem é.

— E a outra pessoa? — Pergunto, pois fiquei curiosa.

— Ela deve ter outra pessoa, né? Pra não querer voltar. — Começo a rir.

— Você nem sabe se ela tem alguém e já desistiu, você é maluca. — Continuo rindo, ela é paranóica, acho que vamos nos dar bem.

— Para de rir. — Ela diz e começa a rir junto. Depois de um tempo o brownie fica pronto e  fazemos um brigadeiro para acompanhar, dessa vez sou eu quem faz. E passamos o resto da tarde assim, até que eu vejo que já são cinco e meia e decido ir para casa.

Longe da cidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora