A semana passou voando e já é sábado. Agora eu estou sentada no sofá olhando pela janela pois elas disseram que já estão chegando.
— Tá parecendo um cachorro com essa cara pra fora. — Minha vó diz super sutil.
— Obrigada, era minha intenção.
— Relaxa um pouco menina. Nunca te vi tão nervosa. — Ela diz sentando do meu lado.
— Faz tanto tempo que não as vejo, tem como não ficar nervosa? — Me viro para ela.
— São só suas amigas, não precisa de tanto nervosismo. — Ela diz isso e a campainha toca. Me levanto correndo e escuto ela rir do sofá. Respiro fundo e abro a porta
— Ah, é você. — Bufo e volto para o sofá. — Sofia tá na porta, vó.
— Está esperando alguém? Nunca vi alguém tão decepcionada em me ver. — Ela diz entrando e vindo atrás de mim.
— As amigas dela de São Paulo estão vindo. — Minha vó diz e aponta com a cabeça para que Sofia se sente no sofá também.
— Desculpa, é que eu te vejo todo dia. — Digo tentando me explicar, não queria que ela ficasse chateada.
— Entendi, é compreensível.
— Vim só ver como estão, não quero te atrapalhar com as suas amigas.
— Não atrapalha não, se quiser pode ficar. Pra ser sincera essa casa é mais sua do que minha, se algum dia eu te expulsar eu que sou expulsa, não é Dona Aurora? — Sofia ri do meu comentário.
— Fazer o que se ela chegou antes. — Minha vó diz e nem tenta me desmentir ou coisa assim, acho que ela gosta mais da Sofia do que de mim.
— Elas me mandaram mensagem, já estão na rua. Pediram pra ir pra a rua pra elas acharem a casa. — Digo olhando para o celular. — Nem adianta mais fugir, Sofia, agora vai conhecê-las. — Digo e vou para o lado de fora. Assim que saio escuto uma buzina.
— Yas!! — Escuto Helena gritar e acenar da janela do carro.
— Lena! Que saudade. — Ela desce do carro assim que Nath estaciona.
— Que saudade de você. — Ela me abraça forte e eu retribuo da mesma forma, também senti saudade dela.
— Eu também to com saudade dela. — Nath diz e separa Helena do abraço para me abraçar.
— Eu também tava com saudade de você, pequena. — Nath é um gnomo, ela é toda desfem com pose de brava mas tem meio metro de altura, o que chega a ser cômico. — E as outras? Não vieram com vocês? — Pergunto vendo que mais ninguém saiu do carro.
— Elas quiseram ir juntas pois falaram que como somos o único casal é chato ficar com a gente, juro que não entendi. — Ela diz e elas já se abraçam. Elas são muito fofas mas para quem tá solteiro é a pior coisa.
— Stella mandou que elas já estão chegando. — Nath disse olhando o celular e logo é possível ver o carro da Yas na rua.
Esperamos ela estacionar e todas descerem para nos cumprimentarmos.
— Yas!! — Stella diz animada quando me vê. — Tava com tanta saudade amiga. Como você tá?
— To bem e você? — Digo abraçando ela.
— Melhor agora, com vocês.
— Oi Yas. — Raquel vem me cumprimentar, e eu respondo da mesma forma.
— Vamos entrar gente. Minha vó quer muito conhecer vocês. — As meninas começam a entrar e espero para ir atrás delas.
— Oi Yas. — Ayla diz atrás mim em um tom arrastado que me faz arrepiar.
— Oi. Achei que nem ia falar comigo.
— Sempre vou falar com você, só esperei as meninas falarem primeiro, elas estavam com muita saudade.
— Você não tava? — Pergunto brincando com seu colar.
— Você só faz pergunta besta. Vamos entrar logo. Que péssima anfitriã você é, deixa seus convidados sozinhos.
— Meninas fiquem a vontade. — Digo assim que entro e as vejo paradas no corredor sem irem para a sala. — Essa é a minha vó, Aurora, e essa é Sofia, nossa vizinha. — Digo passando na frente delas e apresentando as duas que se encontravam no sofá.
— Sejam bem-vindas meninas. Preparei um café para vocês, devem estar cansadas da viagem. — Minha vó diz indo para cozinha e todas as seguem.
— Dona Aurora, eu já vou indo. Vou dar um pouco de privacidade a vocês. — Sofia diz na porta da cozinha, querendo sair logo.
— Pode ficar se quiser, acho que ninguém se importa. — Digo olhando para as meninas e vejo Stella e Raquel trocando olhares que sei muito bem o que significam.
— Não, eu realmente preciso ir. Tchau meninas. — Ela diz e já sai da cozinha como se não quisesse ficar ali por mais nenhum minuto.
— Essa Sofia. — Minha vó diz respirando fundo. — Sentem-se meninas. Comam o que quiserem. — Elas não perdem tempo e se sentam para comer.
— Onde você está pensando que elas podem dormir? — Minha vó diz mais baixo perto de mim, para que as meninas não escutem.
— Elas podem dormir no meu quarto. Minha cama é de casal, então cabe quatro e duas podem dormir no chão. — Sempre que dormimos na casa das meninas que tinham cama de casal fazíamos isso.
— Se você diz. Podem dormir aqui na sala também.
— Vou ver com elas o que preferem. — Terminamos o café e vamos para o meu quarto.
— Quarto legal Yas. — Nath diz.
— Obrigada, minha avó ainda quer que eu faça mais decorações porque pra ela ainda não é minha cara. — Digo me sentando na poltrona já que todas ficaram na cama.
— Se precisar de ajuda temos uma designer entre nós agora. — Raquel ri sem graça.
— Se precisar pode me chamar, por mais que eu ainda esteja no primeiro período. — Ela ri e sinto que ela está se esforçando para ser legal, ai tem algo.
— Se estiver disposta a vir para cá, não vejo problema. — Ela ri novamente e vejo que Ayla nos encara. Ela sabe de algo.
Escuto meu celular tocar e vejo que é Nanda, o que me preocupa já que ela nunca liga.
— Oi. — Digo atendendo chamando a atenção das meninas.
— Finalmente! Te mandei mensagem mas você não respondeu.
— As minhas amigas tão aqui, acabei não vendo. O que foi?
— É sobre isso que eu queria falar. — Fico confusa mas continuo ouvindo. — O pessoal vai se reunir na praça hoje, se quiser aparece com elas.
— Tá bom, vou ver com elas aqui. — Elas continuam me observando. Desligo e elas esperam ansiosas para eu dizer. — Minha amiga disse que o pessoal vai se reunir hoje na praça e vocês estão convidadas.
— A praça é um bar? — Raquel pergunta e eu dou risada.
— Antes fosse. É role de caipira, eles vão para a praça beber, conversar, beijar, é até que legal.
— E você já foi fazer essas coisas na praça? — Stella diz em um tom de brincadeira.
— Claro, achou que eu ia perder tempo? — Digo rindo e elas também riem, mas vejo Ayla meio séria. — Vocês vão querer ir?
— Por que não? — Stella diz e todas concordam.
Quero só ver como vai ser essa noite, meus dois mundos colidindo.
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Longe da cidade
RomanceApós não passar em nenhuma das faculdades que se inscreveu, Yasmin é obrigada a se mudar para Boirapera, uma cidade no interior de São Paulo, para morar com a sua avó distante. Nessa cidade acaba conhecendo pessoas novas e se relacionando com ela...