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#Carol

Desde a saída do Patrick do hospital eu tô tentando ao máximo dar conta de tudo, e depois de tudo que a gente viveu e conversou, o Patrick não me deixa cuidar de tudo sozinha

Tô entendendo que eu não preciso dar conta de tudo e que pedir ajuda não é um problema, e mesmo o Patrick precisando de descanso, ele me ajuda com o que consegue

Ele corta legumes enquanto eu cozinho, lava louças depois das refeições, dobra as roupas depois que eu tiro da secadora e assim por diante

- Mamãe, papai - ouvi a Sophia gritando e me assustei, assim como o Patrick

A gente estava deitado no sofá, tínhamos acabado de arrumar as coisas e colocar as crianças pra dormir

-Eu vou lá - falei, pedindo pro Patrick não fazer esforço e corri o mais rápido que pude até o andar de cima

- Mamãe - ela me chamou assim que eu apareci na porta e eu sentei ao lado dela

- Tô aqui meu amor, a mamãe tá aqui - ela deitou no meu colo e percebi que ela estava suando - O que aconteceu?

Ela não disse mais nada, só chorou, chorou e chorou sem parar

- O que foi? - o Patrick perguntou assustado

- Pega o termômetro pra mim? - eu pedi e ele concordou

Medo a temperatura dela, que mostrava 36.2 graus no visor

- Ela tá com febre? - ele perguntou e eu neguei

- Não, mas ela está quase sem ar de tanto chorar - eu disse, prestes a chorar junto

- Vem aqui, boneca - o Patrick pegou ela no colo e sentou na cama dela - Fala com a gente, o que aconteceu?

Ela não disse nada, e quando o choro foi se acalmando ouvi o celular tocar

- Eu atendo - falei, descendo pra pegar o celular do Patrick, era o Jacob

- Patrick? - ouvi a voz dele e suspirei

- Oi Jacob, é a Carol - eu disse, ouvindo uma reação negativa dele

- Tudo bem por aí? - ele perguntou e eu fechei os olhos

- O que aconteceu? - perguntei, assim que percebi que ele estava fugindo do assunto

- Consegue vir pra cá? - ele perguntou

- Tá brincando né? - eu perguntei, querendo que ele invente alguma outra história

- Preciso que venham pra cá agora - ele disse e eu concordei

- Era o Jacob - subi com o celular na mão e os olhos do Patrick se encheram de lágrimas

Me troquei e coloquei uma roupa nas crianças, depois saímos direto pro hospital

- Liguei pro Tomas, ele disse que também vai pra lá - o Patrick falou e o silêncio se instalou no restante do caminho

- Jacob - eu o chamei e ele nos olhou com pena

- Ela quer se despedir - ele disse e eu neguei, agarrando o braço do Patrick

- Não, me fala que é mentira - eu pedi - Precisa ter outro jeito, não pode ser

- Eu sinto muito mesmo, não queria te ligar pra dar essa notícia. Mas é o último momento pra vocês fazerem isso - ele disse com cuidado e eu busquei o ar que me faltava

- Posso entrar sozinho? Depois você entra - o Patrick pediu e eu concordei, vendo que o Tomas estava no corredor com a Hanna

Abracei minha amiga e vi o Patrick entrando no quarto

#Patrick

Entrei naquele quarto como se eu estivesse pisando num cenário de guerra. Nunca senti tanta dor e tanto sofrimento ao mesmo tempo, mas assim que vi a Anna sorrindo ao me ver, meu coração se acalmou

- Por que? - eu perguntei com a voz embargada

- Eu já tô velhinha meu filho, uma hora isso iria acontecer - ela disse bem baixinho, quase inaudível

- Você não pode me deixar, não pode deixar a gente - eu disse apertando a mão dela

- Meu filho, eu te vi crescer, acho que eu consegui te ensinar bastante coisa nesses anos - ela brincou - Te ver virar esse homem admirável, esse pai cuidadoso e esse marido amoroso que você é foi o maior presente que eu poderia receber. Sei que você vai cuidar dos meus bebês muito bem, e sei que a Carol vai cuidar de você se você cuidar dela também

- Eu sempre vou cuidar deles, te prometo - eu disse, deixando um beijo na mão dela

- Pede pra Carol entrar? - ela pediu e eu concordei

Fui até a porta e logo a Carol desgrudou da Hanna e entrou de mão dada comigo

- Aninha - a Carol abraçou ela - Me desculpa por tudo que eu possa ter feito de errado ou que tenha te magoado e obrigada por tudo Aninha

- Eu que agradeço por você me deixar viver junto com você e com os seus bebês - ela disse

- Os nossos bebês - a Carol falou, limpando as várias lágrimas que escorriam não sua bochecha

- Hoje cedo eu recebi uma visita e quero muito - ela tociu no meio da fala - Quero muito que vocês fiquem com isso, acho que vai ajudar em alguma coisa

Ela me entregou um pen drive e antes que eu perguntasse o que era, a Carol apertou a minha mão

Entendi o motivo quando vi a Anna se cansando mais e mais

Ela sorriu, disse que nos amava e saímos dali...ela sorrindo, foi sempre assim e nunca poderia ser diferente. É essa imagem que sempre teremos dela! Por mais que doa, obrigado Anna!

It's You - O RETORNOOnde histórias criam vida. Descubra agora