Dhalia

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Espero que tenham gostado da prévia, hoje vamos conhecer nossa maravilhosa personagem principal.

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— Dahlia? Cheguei, querida.


A mão da minha mãe estava quente em minhas costas.


Gemi na cama, sentindo meu corpo pesado. O dia mal havia amanhecido, mas eu precisava me levantar. Tinha que me levantar sem parecer que havia passado, novamente, a noite inteira revisando meu TCC, que seria apresentado em dois dias.


Esforcei-me para sair da cama, tomando cuidado para não acordar Íris, que estava aconchegada ao meu lado.


Na cozinha minúscula da nossa quitinete, que eu carinhosamente chamava de "buraco de rato", minha mãe já estava servindo duas canecas de champurrado fumegante. O cheiro fez meu estômago roncar enquanto eu me sentava em um banquinho de madeira. Ela pegou biscoitos de aveia de um saco e se sentou em frente a mim. Sua expressão estava cansada.


— Foi ruim assim? — perguntei.


Ela balançou a cabeça, fechando os olhos no processo.


Minha mãe era enfermeira e trabalhava no maior hospital de Atenas há anos. Eu sabia que ela amava o trabalho, mas também sabia que sua saúde estava oscilando, agravada pelo peso de sustentar uma casa com duas filhas e pagar as antigas contas hospitalares do meu pai, que a cada ano pareciam maiores e mais difíceis de saldar.


— Foi o pior plantão do mês, mas vou ganhar uma bonificação — sua voz estava cansada.


Virei a caneca, saboreando o líquido quente e doce, que me ajudou a acordar de vez.


— Termine de comer e vá se deitar. Eu vou arrumar as coisas da Íris e depois tomar um banho antes de acordá-la — sugeri.


Ela concordou, arrastando-se para nosso quarto.


— Você dormiu? — perguntou, antes de sair.


— Sim — menti. — Consegui dormir cedo ontem, foi tranquilo.


Ela assentiu e fechou a porta.


Limpei rapidamente a mesa e peguei um biscoito de aveia para comer enquanto lavava a louça. Era cedo demais para começar o dia, mas eu precisava arrumar o lanche da minha irmã mais nova e preparar meu material para a faculdade antes de acordá-la e me preparar para sair.Minha rotina não era muito complicada: acordar, deixar Íris na escola, ir para a faculdade, trabalhar meio período e cuidar da minha irmã à noite, quando minha mãe ia trabalhar.


Enfermeiros geralmente não têm horários fixos, mas ela fazia o possível para pegar o turno noturno, que pagava mais. Quando não conseguia, eu precisava encontrar trabalhos extras para ajudar com as contas.

Não era uma vida miserável, mas antes da grande seca, as coisas eram bem melhores, pelo menos para meus pais. Eu ainda não era nascida, mas eles viviam confortavelmente como um casal de imigrantes, vindo diretamente de Tijuana para que meu pai, um botânico conceituado, pudesse trabalhar na CORA, a maior corporação ambiental do mundo, com sede na maior cidade da Grécia, Atenas.

Dália NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora