A Fúria de Hades

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Olá lindezas, da tia Karen.

Como estão?

Nós sabemos que estamos bem atrasadas, mas a vida tá uma loucura por aqui. Em breve, traremos o novo capítulo!

Enquanto isso, aproveitem esse lindo!


Ps. Eu tenho a melhor parceira que alguém poderia ter, Mielly escreveu esse capítulo praticamente sozinha, pq eu não estava conseguindo me encaixar.


Por hoje é isso, apreciem sem moderação!


PS. A Titia sempre esquece, porém, voltei correndo!

Alerta de gatilho:
Esse capítulo contém violência explicita, violência verbal, tortura, entre outros, se você não gosta desse tipo de conteúdo recomendo que não leia, ok? ;)

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O dia estava amanhecendo, a luz suave começava a vencer as sombras no mundo dos homens. Mas, para mim, isso não fazia diferença. O tempo havia perdido todo o significado, se transformando em um mero eco vazio, um espectro sem substância. Durante eras, vaguei entre humanos e deuses, travando batalhas incansáveis contra todos os elementos deste mundo e de outros, mas o tempo não era mais relevante para mim. Respirei fundo, enchendo os pulmões de ar, retive-o por alguns momentos, talvez por eternidades, e soltei. Repeti esse ritual vezes incontáveis, até que minha mente parecia se desconectar, dissolvendo-se no vazio, deixando para trás o corpo, os poderes e aquela sensação de vazio que me corroía ano após ano, desde que a destrui.


Foi então que, por um breve instante, vislumbrei aqueles olhos lilases, os mais belos e perfeitos que já existiram em todos os mundos. Perséfone tinha olhos que emulavam as flores que tanto amava, as Dálias Lilases. Sua luz irradiava onde quer que passasse, e talvez por isso me tornei obcecado por sua lembrança. Como uma mariposa atraída pela luz, assim eu me sentia ao observá-la; seus cabelos alaranjados e longos, sua pele dourada, envolta em um manto de flores coloridas, quase podia sentir a textura de sua pele e o perfume que exalava de seu corpo. Lembrava-me com precisão de cada detalhe de sua figura. Perséfone parecia ser a personificação do divino, a mais sublime entre todos, e... fui eu quem a destruiu.


A luz começou a enfraquecer, as memórias começaram a se afastar, e abri os olhos, sentindo a ausência preenchendo meu peito, um vazio incessante a cada segundo, a cada respiração. Era um vácuo que me lembrava constantemente que eu havia destruído a existência mais esplêndida, reduzida agora a cinzas. O vazio era tudo o que restava, um buraco tão profundo que, às vezes, eu não conseguia manter a lembrança dela tempo suficiente para esquecer.Levantei-me do trono onde repousava, embora o descanso fosse desnecessário. Mesmo assim, permitia-me esses momentos, um tipo de punição autoimposta. Não queria esquecer Perséfone, seria como tentar impedir um humano de respirar por mais de dez minutos, uma tortura comparável. Precisava manter viva cada lembrança dela, cada faceta do seu rosto, cada detalhe de sua imagem, uma recordação brutal do que causei.


Senti um aperto na garganta, um lembrete constante da minha culpa. Essa agonia, contudo, não me daria o alívio final que desejava. Queria definhar, como ela definhou, mas não podia, pois o deus da morte não pode morrer. Apenas a dor e o vazio restavam, um fardo que eu era forçado a carregar.


Após vestir minha camisa de gola alta, um arrepio de eletricidade percorreu minha pele, pequenos raios dançando por meus dedos. O chamado do Olimpo se fazia presente, uma irritação que se incrustava em meu ser. Detestava aquela sensação, a obrigação de comparecer ao Olimpo, especialmente quando Zeus estava envolvido. No entanto, era um chamado que não podia ignorar.


Preparei-me para sair, irritado com a intromissão do Olimpo em minha rotina. Respirei fundo, tentando controlar a exasperação, e caminhei em direção à porta. Atravessando o portal das sombras, fui para o Olimpo, meus olhos queimando com a luz deslumbrante e a ostentação exagerada que Zeus tanto adorava. Perséfone costumava chamar o lar dos deuses de "o monte de ostentação". Parei diante das portas e respirei fundo. Minha relação com Zeus sempre foi instável, mas eu não devia obediência a ele. Seu domínio estava limitado ao céu, não ao submundo. Quanto a Poseidon, nossa relação sempre foi distante.

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